Braskem (BRKM5) está perto do caixa positivo sem provisões de Maceió, diz CFO da empresa

Fluxo de caixa negativo da Braskem (BRKM5) considera operações da joint venture com Idesa; breakeven seria possível sem provisões à Maceió

A Braskem está próxima de chegar ao caixa operacional positivo, segundo Pedro Freitas, diretor-executivo de finanças da Braskem (BRKM5). O CFO disse que o fluxo de caixa excedente da atividade em Braskem, considerando sua joint venture com a mexicana Idesa, seria estável não fosse a despesa provisionada para remediar o desastre ambiental de Maceió, onde minas de sal-gema da Braskem colapsaram.

“Em relação à geração de caixa, temos perspectiva de Ebitda melhor, custo de aquisição de capital menor. Chegaremos a fluxo de caixa ao redor do breakeven sem considerar Alagoas”, disse Freitas.

Basicamente, o consumo de caixa da Braskem em 2024 “será para Alagoas”. A Braskem já pagou R$ 10,7 bilhões pelo desastre e aumentou a provisão para a cidade em R$ 1 bilhões no último trimestre.

Para 2024 Braskem (BRKM5) aposta em Brasil e México

Para 2024 a Braskem prevê aumento de investimentos direcionados ao custo de capital de US$ 300 milhões, acima dos US$ 175 milhões registrados em 2024.

A companhia, dizem executivos, espera melhora das operações do Brasil e do México para incrementarem a margem dos produtos que a Braskem exporta.

No último trimestre a Braskem teve uma parada programada na central petroquímica da Bahia, levando a queda de 9% nas exportações dos produtos da empresa em 2023.

“Em 2023, a companhia realizou investimentos no valor de aproximadamente R$ 3,8 bilhões”, disse Freitas. “Os recursos foram alocados na implementação do projeto de expansão da capacidade de eteno verde em 30% no Rio Grande do Sul (RS) e nas paradas programadas dos ativos industriais da companhia, incluindo as plantas de PVC em Alagoas e na central petroquímica da Bahia.”

Executivos da Braskem (BRKM5) explicaram a investidores que a planta de eteno verde no México está com cerca de 50% das obras encaminhadas e deve ser concluída ainda neste ano.

O país representou a maior expansão do lucro da Braskem em 2023, com aumento de 245% no Ebitda recorrente na base anual. Ou seja, isso equivale a 13% do lucro da operação consolidada da Braskem no ano passado, de US$ 740 milhões.

Para 2024, a Braskem está otimista de que a operação mexicana deve expandir em produção, volume de vendas e margens. Isso porque o México, segundo previsões da companhia, deve passar por um aumento de oferta por polietileno, enquanto o preço do eteno verde deve recuar.

Empresa espera ‘virada de ciclo’ em 2024

Também para este ano, a empresa espera uma “virada de ciclo” para alguns dos produtos, como polipropileno e polietileno. Roberto Bischoff, CEO da Braskem (BRKM5), explica que os patamares historicamente baixos para os produtos de valor agregado deve tornar 2024 o “ano de melhora de margens” para a companhia.

A Braskem vê, nesse sentido, uma normalização “do lado da demanda” por petroquímicos, afirma Rosana Avolio, diretora-executiva de relações com investidores.

“O que vemos desde o final do ano: o mundo continua crescendo, apesar de ser menor do que a média, e a demanda por petroquímicos vai crescer até um pouco acima da demanda da economia mundial”, disse a executiva.

Mas a demanda não deve esticar para todos os mercados onde a Braskem atua. Nos Estados Unidos e Europa, a expectativa é de produção, vendas e de uma margem estável.

Assim, os mercados asiáticos permanecem como prioridade nas exportações da Braskem, diz Rosana. A operação brasileira deve melhorar sua margem através da venda de polietileno verde para países como a China.