Ações do Bradesco (BBDC4) fecham com alta de quase 5% após lucro acima do previsto

Analistas foram praticamente unânimes em destacar pontos negativos no balanço, apesar do ânimo do mercado com os resultados

As ações preferenciais do Bradesco (BBDC4) tiveram forte alta nesta sexta-feira (5), batendo 4,98% de valorização. Com isso, os papéis fecharam o pregão cotados a R$ 14,77. O desempenho sucedeu a apresentação dos resultados do primeiro trimestre de 2023.

Os analistas foram praticamente unânimes em destacar pontos negativos no balanço do Bradesco (BBDC4), apesar de o lucro do banco ter vindo acima do previsto e o mercado ter se animado com a apresentação dos números.

Ressalvas

A inadimplência segue piorando, o banco provisionou pouco no período, a alíquota efetiva de impostos foi anormalmente baixa e há séries dúvidas se o Bradesco conseguirá atingir seus guidances este ano.

Para o Citi, com a margem financeira do Bradesco caindo em um ritmo anual de 2,4% no primeiro trimestre, será muito difícil para o banco chegar no guidance, de 7% a 11% de alta.

“Já temos um crescimento de 5% em nossas estimativas e vemos risco de queda até para esse número. Além disso, o nível de deterioração da qualidade dos ativos coloca em dúvida se veremos alguma estabilização no curto prazo”.

O Credit Suisse também chama atenção para a deterioração acima do esperado na qualidade dos ativos. Para os analistas, a formação de inadimplência (NPL creation) acelerou e o custo de risco diminuiu, cobrindo apenas 81% dos créditos que entraram em atraso.

“Mesmo reconhecendo que o modelo de perda esperada pode ter antecipado parte das provisões, a qualidade dos ativos pior do que o esperado pode sustentar um nível elevado de provisionamento por mais tempo”.

Para o Itaú BBA, há uma “peça dissonante” nesse quebra-cabeça, com o banco provisionando menos enquanto todas as métricas de qualidade dos ativos pioram significativamente.

“No geral, os resultados do primeiro trimestre trazem risco de baixa para as projeções para 2023, apesar da companhia ter mantido seu guidance inalterado. Receitas e despesas com provisões devem continuar sob pressão”.

O Goldman Sachs aponta que a receita também está fraca, com menores volumes de crédito e spreads, o que leva a uma margem financeira mais fraca, e a receita de tarifas também decepcionou. Eles apontam que a inadimplência do Bradesco subiu 0,8 ponto percentual, para 5,1%, enquanto a média da indústria foi um avanço de 0,3 pp.

O Santander, que também vive um momento difícil e compartilha com o Bradesco uma exposição maior a classes de renda mais baixa, teve alta de apenas 0,1%. Os analistas ressalvam, no entanto, que neste trimestre o Bradesco não vendeu carteiras, como costuma fazer. Se tivesse vendido, de acordo com a média histórica, sua inadimplência poderia ter sido 0,4 pp menor.

Com uma visão um pouco menos negativa, o BTG aponta que, depois de um fim de 2022 bastante ruim as expectativas para o resultado do Bradesco eram baixas e isso, combinado a um valuation fraco, pode impulsionar um pouco os papéis no curto prazo.

“Embora se possa argumentar que o pior para o banco provavelmente ficou para trás, os resultados do primeiro trimestre reforçam nossa visão de que uma grande recuperação da lucratividade ainda está longe”.

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