Bradesco compra financeira no México e quer quadruplicar carteira em 5 anos

O banco opera há 12 anos no país e tem cerca de 3 milhões de clientes, de cartões white label e bandeirados

Empresas citadas na reportagem:

O Bradesco, que anunciou a compra da financeira mexicana Ictineo nesta quinta-feira, tem planos ousados para suas operações no país. O banco opera há 12 anos no país e tem cerca de 3 milhões de clientes, de cartões white label e bandeirados. O objetivo é pelo menos dobrar essa base de usuários e multiplicar a carteira por quatro em cinco anos – apesar de o banco não revelar qual é o tamanho dessa carteira.

O valor da operação não foi divulgado. O diretor da Bradescard México, Alexandre Monteiro, está na unidade há oito anos e no comando há quatro. Segundo ele, o primeiro passo com a nova licença será oferecer conta digital, empréstimo consignado e conta de investimentos. No futuro, pretende realizar a distribuição de outros produtos, como financiamento de automóveis e crédito imobiliário.

Atualmente a Ictineo tem uma carteira de apenas cerca de R$ 4 milhões e menos de 3 mil clientes. Ou seja, o Bradesco está basicamente comprando a licença. O banco não tem agências por lá e não pretende ter. A ideia é reforçar a distribuição nas lojas dos varejistas parceiros e investir pesado nos canais digitais – o que vai incluir uma campanha de marketing. Por enquanto, o nome do banco digital deve ser Bradescard, mas uma mudança no futuro não está descartada. Poderia até haver um acordo para utilizar por lá a marca Digio, ou de outra iniciativa digital do Bradesco, mas isso não está decidido.

Na operação de cartões, com foco na baixa renda, a Bradescard tem uma fatia relevante de mercado, perto de 24%, e compete com nomes como Copel e Asteca. Ao criar um banco digital, vai competir com as operações dos grandes bancos tradicionais e também com novos entrantes, como Nubank e Rappicard, uma parceira entre o aplicativo de entregas Rappi e o Banorte.

“Nós temos um papel de bancarização importante, somos o primeiro cartão para cerca de 24% dos nossos usuários. Vamos continuar com esse foco, mas também aumentar a quantidade de produtos e ter uma relação mais ampla com o cliente. Vamos subir um pouco a partir da base da pirâmide e competir com Nubank, que eu tenho a impressão que atende um público um pouco mais de classe média”, diz o diretor.

Monteiro aponta que outro ponto positivo trazido pela nova licença é a questão do funding. Até então, a operação de cartões era financiada basicamente pelos lucros acumulados, agora, a Bradescard poderá captar depósitos. Segundo ele, a licença de sociedade financeira popular (Sofipo) atende todas as necessidades do banco e não há, pelo menos por enquanto, a previsão de buscar uma licença de banco propriamente dita.

O executivo aponta que o México ainda está iniciando no open banking e que o sistema de pagamentos instantâneos de lá – o CoDi, equivalente ao nosso Pix -, apesar de ter sido lançado há quase três anos, ainda tem uma penetração baixíssima. Ele diz que pesquisas indicam que apenas 0,3% da população mexicana usa bancos digitais, contra 13,2% dos brasileiros. “Temos um oceano mais azul a desbravar por aqui. Não tem nenhuma instituição financeira nativa digital com participação tão grande de mercado como no Brasil”, conta.

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