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Ações de varejo: especialistas apontam quais são as 8 mais baratas na bolsa
Empresas citadas na reportagem:
O varejo brasileiro é um dos principais setores da bolsa de valores expostos aos juros e analistas apontam que a queda da Selic para 2024 pode tornar as ações do varejo mais atrativas para montar uma posição. Alguns do papéis, depois de um longo inverno na bolsa, podem despontar. Principalmente porque estão com preços e múltiplos atrativos.
Ações do varejo estão baratas, mas requerem um olhar atento do investidor para diferenciar o joio do trigo. Ao mesmo tempo em que a maioria do setor se beneficia com cortes nos juros, especialistas apontam cautela e atenção à saúde financeira das companhias e seus papéis.
Vale a pena investir em ações de varejo?
O varejo deve voltar a ser um dos setores mais aquecidos na bolsa de valores após um período de “inverno” para os papéis. As empresas, castigadas em meio ao ciclo de alta de juros e inflação, vislumbram uma melhora nos resultados com a queda da Selic, assim como recuperação de margens após alguns meses de desinflação em 2023.
Na cobertura diária do mercado, analistas fatiam o segmento de varejo em categorias: vestuário, supermercados, saúde, eletroeletrônicos e móveis.
Ações do varejo, mesmo com a perspectiva de corte nos juros, ainda não se recuperaram totalmente do tombo de 2023. No recorte de 12 meses, o índice que representa empresas ligadas ao consumo dos brasileiros na bolsa, o ICON, cresceu 7,39%. É o terceiro pior desempenho entre índices da Bovespa.
O desempenho ruim afetou a visão de investidores sobre ações do varejo na bolsa, dizem analistas ouvidos pela Inteligência Financeira. Um processo que resulta, de um lado, preconceito, mas do outro, oportunidade. Esta é a avaliação de Victor Bueno, analista da Nord Research.
“O mercado de varejo é mais cíclico e dependente de cenários macroeconômicos. Com inflação e juros para baixo, vemos um setor mais aquecido”, afirma.
Em quais ações de varejistas apostar com queda dos juros?
No horizonte de longo prazo, os analistas ouvidos pela Inteligência Financeira têm uma clara preferência por ações do varejo de moda. No Ibovespa, Lojas Renner (LREN3), Grupo Soma (SOMA3) e Arezzo (ARZZ3) representam esse segmento de calçados e vestuário.
Na visão dos analistas, essas empresas dependem menos do ciclo de queda de juros, mas devem tirar vantagem dos cortes projetados pelo Boletim Focus, termômetro do mercado para indicadores macroeconômicos. A última pesquisa disponível aponta uma Selic de 9% até o final de 2024.
Top pick: Arezzo (ARZZ3)
A ação de varejo preferida entre analistas consultados foi a de Arezzo (ARZZ3).
Na visão do mercado, a Arezzo (ARZZ3) apresenta oportunidade de compra pelo potencial de alta entre ações de varejistas. Em 2024, a companhia deve se beneficiar dos juros mais baixos principalmente pela queda no grau de alavancagem financeira.
O preço sobre lucro da Arezzo, métrica usada pelo mercado para indicar o quanto uma ação está barata ou cara, é acima da média do Ibovespa. Quanto maior o múltiplo, mais tempo o mercado está disposto a sentar no papel para ver o investimento na ação recompensado.
O preço sobre lucro da ação de Arezzo (ARZZ3) é de 17,6 vezes. É similar ao da Lojas Renner. Mas a diferença, de acordo com Ângelo Belitardo, head de renda variável da Hike Capital, é o retorno sobre o capital investido, ou ROIC.
O ROIC de Arezzo é de 13,5%. “Para o tamanho de mercado em que a empresa atua, é uma métrica que chama a atenção por ser muito alta”, diz Belitardo. Outro dado que chama a atenção do analista em relação à saúde financeira da Arezzo é a de ativos intangíveis, que ele considera baixo para o setor, em 28%.
“Falando mais da estrutura de capital da Arezzo, 3% dos passivos não circulantes são de caráter fiscal e judicial. No caso do Grupo Soma, por exemplo 45% do passivo tem caráter fiscal”, complementa.
Lojas Renner (LREN3)
Lojas Renner (LREN3) é a segunda ação no radar dos analistas como barata no varejo. Ela faz parte do mesmo setor de Arezzo, mas tem marcas de vestuário e artigos para casa. É, afinal, dona de Youcom, Camicado e Realize.
O papel, contudo, polariza analistas. O mercado local vem recomendando a ação, entretanto, mais recentemente, o Bank of America colocou a Lojas Renner na quarentena de empresas para não investir em 2024.
A polêmica por trás da Lojas Renner é de que a empresa não passa no sarrafo de retorno em relação ao risco. Ou seja, é um papel com múltiplos mais caros e sem tanto potencial de upside, explica a Ativa Research.
A Ativa enxerga para Renner um preço sobre lucro de 14 vezes para o cenário de 2024. A companhia, conforme a Ativa, provou que manteve postura firme em cenário conservador, de juros altos. Para a corretora, um ponto que pode afetar o papel é a aceleração da inflação, que veio acima para dezembro. Por isso, para a Ativa, existem analistas mantendo compra e venda.
Bueno, da Nord, também indica o papel, “porque os resultados da empresa foram impactados”. Ele explica que a ação está sendo negociada próximo à mínima, por volta de R$ 16.
Já a Ativa Research tem o preço-alvo de R$ 28 para Lojas Renner (LREN3).
Assaí (ASAI3)
Já Assaí (ASAI3) não tem a preferência de todos os analistas, mas é citada como principal papel entre ações do varejo alimentício.
A rede de atacados deve ser beneficiada pela queda da Selic para diminuir o grau de endividamento. O papel sofre queda de 28% em 12 meses, enquanto os resultados financeiros foram prejudicados pelo movimento de deflação no ano passado.
Apesar dos obstáculos, o analista da Mirae Asset, Carlos Soares, vê com bons olhos a ação do Assaí (ASAI3). A trajetória de queda dos preços não será recorrente para este ano, o que pode levar a ação a subir novamente.
Na Mirae Asset, inclusive, é esperado que o repique de inflação dos alimentos ocorra em 2024. “Além disso, prevemos ganhos de produtividade para Assaí, com a conversão de lojas do Extra”, afirma Soares.
Uma das apostas da corretora para 2024 é a decolagem das ações de varejo alimentar. Isso porque a renda das famílias no Brasil deve ficar menos comprometida com o pagamento de dívidas, movimentando o consumo. Além de Assaí, há um papel de fora do Ibovespa que é recomendado pela Mirae.
Grupo Matheus (GMAT3)
Entre as ações de varejo baratas para uma tese de investimento, a Mirae aposta em Grupo Matheus (GMAT3).
Enquanto a alavancagem da rede de atacados é menor, a empresa possui um braço de vendas de eletroeletrônicos que pode contribuir para a margem do negócio.
Outro fator determinante para a escolha da ação do Grupo Matheus (GMAT3) é a área de atuação, aponta Soares. “É a maior rede de supermercados do Nordeste. A varejista também se beneficia por estar localizada em uma região mais exposta a benefícios do governo federal”, prossegue.
“São regiões que estão fora do radar dos maiores players”
Carlos Soares, analista da Mirae Asset
É um modelo de negócio que vem se provando “vencedor” na região Nordeste, conclui o analista.
Quais ações do varejo fora do Ibovespa estão baratas?
Algumas ações de varejistas indicadas por analistas à Inteligência Financeira ficam de fora do principal índice da bolsa, mas são destaque nos mercados em que atuam.
Vivara (VIVA3)
É o caso da Vivara (VIVA3). A ação da empresa, em contrapartida do setor de varejo, subiu 25,85% nos últimos 12 meses. A ação se destaca entre as varejistas por ser mais resiliente ao ciclo de juros, atendendo ao mercado de luxo. Além disso, a empresa “tem apresentado números consistentes”, ressalta Sandra Peres, especialista do Pagbank.
O plano de expansão da Vivara também chama a atenção da analista. “A Vivara, embora não tenha experimentado uma queda significativa, é considerada um ativo de alta qualidade, produzindo a maioria dos produtos vendidos e mantendo uma estratégia de expansão.”
Vai continuar em ritmo de crescimento neste ano, de expansão de número de lojas, na marca Life (de joias de prata).
Sandra Peres, especialista de investimento do Pagbank
“Existe para Vivara uma tese de comportamento dos resultado financeiros e de valorização de ações. Não é tão barata quanto outras ações da bolsa, mas vemos espaço para valorização”, complementa Victor Bueno, que também sugere a ação da varejista. “Se formos olhar para Ebitda, ela está acima da média da bolsa de 10x, Vivara está em 15x EV/Ebitda.”
Panvel (PNVL3)
Outra ação no radar dos analistas é da farmacêutica Panvel (PNVL3). A empresa tem sede no Rio Grande do Sul e presença em outros três Estados.
A ação da rede de farmácias registrou avanço de 23% nos últimos 12 meses. Para Belitardo, da Hike, ter a ação na carteira pode ser uma forma de diversificar exposição ao setor de varejo. “A própria Raia Drogasil teve um investor day em que falou que a Panvel é uma companhia bem relevante no setor, em termos de gestão de ativos e estoque, além de qualidade de medicamentos”, diz.
O preço sobre lucro da ação da Panvel (PNVL3) é de 21x, contudo, menor que o de Raia Drogasil. Na visão de Bueno, a farmacêutica “não cresceu ainda tudo que tem para crescer”, incluindo a ação como uma das melhores para capturar a queda de juros.
Cambuci (CAMB3) ou Vulcabras (VULC3)
Por fim, existe a preferência, dentro das ações de varejo de vestuário e calçados, por duas marcas esportivas na bolsa. Tanto Cambuci (CAMB3) quanto Vulcabras (VULC3) são recomendadas por analistas em cenário de queda de juros.
A preferência para Vulcabras, para a B.Side Investimentos, é pelas margens “mais sólidas” da empresa na venda de calçados da Under Armor, Olympikus, Mizuno. Além de manter as marcas, a empresa fabrica os calçados, “o que a tira um pouco da dinâmica entre atacado e varejo”, destaca Pedro Marcatto, operador de renda variável da B.Side.
“A Vulcabras também vem entregando resultados satisfatórios, com crescimento de dois dígitos recorrente”, afirma.
Por outro lado, a favor da Cambuci (CAMB3) está a recente alta de 74,88% em 12 meses. O mercado espera que a dona da marca Penalty zere sua dívida neste ano, de acordo com Victor Bueno. É preciso, contudo, se atentar à liquidez das ações da Cambuci, que costuma ser mais baixa.
“Espera-se que a Cambuci entregue um lucro líquido maior em 2024.”
Victor Bueno, analista da Nord Research
“A grande vantagem de investir em ações da empresa é de que, por múltiplos, ela está mais barata que a de Vulcabras”, argumenta Bueno. O múltiplo de EV/Ebitda, que calcula quanto uma empresa demora para pagar toda sua dívida, está em quatro vezes, contra seis vezes de Vulcabras (VULC3).
Quanto renderam as ações de varejo mais baratas segundo especialistas?
Ação | Retorno em 6 meses | Retorno em 12 meses |
---|---|---|
Arezzo ON (ARZZ3) | -23,44% | -24,03% |
Lojas Renner ON (LREN3) | -6,25% | -16,42% |
Assaí ON (ASAI3) | -25,96% | +10,77% |
Grupo Matheus ON (GMAT3) | -12,28% | +2,39% |
Vivara ON (VIVA3) | +23,07% | +66,04% |
Dimed ON (PNVL3) | -4,15% | +21,81% |
Vulcabras ON (VULC3) | +14,63% | +71,39% |
Cambuci ON (CAMB3) | +28,39% | +71,99% |
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