Ações da Cosan (CSAN3) sobem após venda de Vale (VALE3); mercado vê operação como positiva para holding
Empresas citadas na reportagem:
A venda de R$ 9 bilhões em ações da Vale (VALE3) foi abraçada por analistas de Itaú BBA, Citi e Goldman Sachs como uma operação positiva para a Cosan (CSAN3). As ações da holding de Rubens Ometto, dona de Raízen, Rumo e Compass subiram 1,17% no Ibovespa nesta quinta-feira (16), com a notícia de desinvestimento da mineradora, à medida em que a operação pode ajudar a reduzir a dívida líquida de R$ 21 bi do grupo.
A transação foi em leilão de ações, ou “block trade”, coordenada pela corretora do JPMorgan, e ocorreu na manhã desta quinta-feira (16). O Itaú BBA chamou a venda de ações de “marco signiticativo” para o ano da Cosan na bolsa de valores.
Operação prepara Cosan (CSAN3) para inverno, diz Itaú BBA
Analistas do Itaú BBA entendem que a venda de 173 milhões de ações da Vale pela Cosan preparam a holding para o “ambiente macroeconômico incerto” que 2025 enseja. Claro, no horizonte, está prevista a elevação da Selic para o piso de 14,25%.
A Cosan (CSAN3) reportou no terceiro trimestre de 2024 uma dívida líquida de R$ 21,7 bilhões. E vem enfrentando dificuldade de reduzi-la mesmo com a troca de diretores executivos dentro da própria holding.
A venda de ações da Vale era um dos caminhos mais diretos para reduzir a alavancagem, porque a holding recebe os R$ 9 bilhões diretamente via operação na bolsa. Assim, o Itaú BBA afirma que “é um passo crítico rumo à melhora de posição financeira” da holding.
O banco estima que a alavancagem da Cosan deve cair de 2,9 vezes o lucro operacional (EBITDA) para 2,5 vezes. “Reafirmamos nossa recomendação de compra”, diz o Itaú BBA.
Cosan ainda pode se desfazer de fatia na Compass, diz Citi
O Citi também enfatiza que a venda de ações da Vale (VALE3) melhora a situação da Cosan (CSAN3). Especialmente diante da alta dos juros no Brasil.
Além disso, o banco suíço diz em relatório que a “reciclagem de portfolio na Raízen” pode ser mais um passo para reduzir a dívida líquida.
Além disso, a venda da fatia minoritária na distribuidora de gás Compass podem ajudar ainda mais a Cosan a reduzir o endividamento.
“A Cosan não comentou sobre uma possível venda de fatia da Compass”, nota o Citi.
Por fim, a XP Investimentos aponta em relatório que a venda é uma troca positiva porque a margem de pagamento de dividendos da Vale sobre a ação era menor que o custo de dívida da Cosan.
“Temos uma perspectiva um pouco diferente, pois consideramos as ações da Vale como um ativo líquido (quase equivalente a caixa)”, diz a XP. “Isso significa que, em nossa opinião, a venda dessas ações não altera materialmente a capacidade da Cosan de cumprir suas obrigações de dívida atuais.”
“Por outro lado, a venda tem o benefício de reduzir o custo de carregamento dessa posição, uma vez que o dividend yield da Vale (c.7-8%) é menor do que o custo da dívida (15%+ no ambiente atual de aumento das taxas de juros)”, concluem analistas da corretora.
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