5G abre novas oportunidades para Petrobras e Vale
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A Petrobras quer incorporar novas tecnologias nas suas plataformas offshore, que serão aplicadas em suporte remoto, além de robôs e drones submarinos
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No caso da Vale, o “grande salto” da mineradora na aplicação dessa tecnologia acontecerá em 2023
Duas das maiores empresas brasileiras, Petrobras e Vale, apostam em aplicações da internet 5G em automação para maximizar lucros e aumentar a segurança das operações de exploração e produção de petróleo e mineração.
Em painel virtual organizado ontem pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), o diretor de transformação digital e inovação da Petrobras, Nicolas Simone, afirmou que, até 2030, o setor de óleo e gás como um todo deve agregar até US$ 250 bilhões a mais em resultados com as novas tecnologias de conectividade em plataformas e refinarias.
O executivo estima que 28% do montante, ou US$ 70 bilhões, virão especificamente da internet 5G e dos chamados satélites de órbita baixa (LEO, do inglês Low Earth Orbit), em geral instalados entre 350 quilômetros e 1,4 mil quilômetros da superfície terrestre.
Segundo Simone, o restante – entre US$ 160 bilhões e US$ 180 bilhões – a ser agregado no período virá de infraestrutura já existente, como satélites de média órbita (O3B), instalados a mais de 2 mil quilômetros da terra, e malhas de fibra ótica. Toda essa nova infraestrutura voltada à exploração e produção de petróleo em alto mar, diz ele, deve levar a uma redução de 20% a 25% no custo do barril de petróleo até 2030.
A Petrobras se prepara para incorporar essas tecnologias sobretudo em plataformas offshore. “Estamos implementando satélites de média e baixa órbita e temos projeto para colocar fibra ótica e 5G nas plataformas. Trabalhamos a mais de 300 quilômetros da costa e a três mil metros de profundidade. Por isso estudamos como implementar wi-fi submarino para robotização nessas profundidades”, disse.
Com relação à conectividade de longo alcance, o executivo afirmou que a Petrobras tem sete plataformas em alto mar servidas por satélites de órbita média e deve chegar a dez em meados de 2022. Depois, o plano é chegar com fibra ótica a 13 plataformas em 2023, quase dobrando esse número em 2024, quando espera-se que a malha ótica alcance 24 plataformas. Quanto à conectividade de curto alcance, com tecnologia 4G e 5G, o plano é alimentar 11 plataformas até o fim do ano que vem, 24 em 2023 e 29 em 2024.
O objetivo da companhia, resumiu Simone, é ter “alta conectividade, baixa latência e segurança” a partir da combinação redundante entre malha de fibra ótica e tecnologias 4G e 5G. “Queremos chegar ao 5G, mas ter um ‘backup’ de malha ótica também”, afirmou. Essa “baixa latência” pode ser entendida como “pouco atraso” no tempo para um pacote de dados ir de um ponto a outro.
Todas essas tecnologias serão aplicadas em suporte remoto, além de robôs e drones submarinos. Uma dessas máquinas, o robô multivisão, faz imagens de instalações para reparo e manutenção de forma independente e deve ter o desempenho melhorado com o avanço do sinal de internet. Outro robô opera em ambiente offshore ou terrestre, munido de sensores, detectores e câmeras para inspeção visual, termográfica e de espectro sonoro para detecção de vazamento de gases.
No caso da Vale, o diretor global de tecnologia da empresa, Jânio Souza, afirmou que, em 2022, a companhia pode avançar no uso do 5G, mas que o “grande salto” da mineradora na aplicação dessa tecnologia acontecerá em 2023. Souza afirmou que, na concepção da Vale, o 4G atende a bom número de atividades automatizadas e que, como parte de suas poderão servir ao sinal 5G, o plano é continuar a investir no 4G ao longo de 2022.
“Vamos continuar investindo no 4G, aplicando para segurança, melhorando cobertura para autônomos. Há inclusão de novos setores, inclusive monitoramento de barragens e teremos mais exploração e aprendizado, com laboratórios e teste de novos dispositivos com 5G”, afirmou. Ele citou ainda novas frentes de uso da conectividade, como o trem autônomo, ainda em desenvolvimento.
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