Tributo a grandes mentes: a perda de Robert Solow e de outros gênios que moldaram a economia e as finanças

Ele insistia que o motor propulsor do desenvolvimento era a capacidade de adotar novas tecnologias

Meu coração e minha mente ainda estão mergulhados na tristeza pela notícia da partida de Robert Solow, que morreu aos 99 anos. Uma perda imensurável para a comunidade acadêmica e, especialmente, para aqueles como eu, professores de finanças, que encontraram nas palavras sábias de Solow a luz que guiou nossos estudos sobre crescimento econômico. Seus escritos, laureados com o Prêmio Nobel de Economia de 1987, são mais do que simples páginas acadêmicas; são a base do entendimento sobre o desenvolvimento econômico.

Robert Solow e a tecnologia

Lembro-me vividamente de como mergulhei nos estudos de Solow, absorvendo suas análises meticulosas sobre o crescimento das nações.

Então, ele insistia que o motor propulsor do desenvolvimento era a capacidade de adotar novas tecnologias. Nada mais vivo nos dias de hoje do que os ensinamentos de Solow, neste momento em que vivemos uma revolução tecnológica.

Portanto, passamos pela primeira revolução industrial que introduziu a mecanização, com a criação da máquina a vapor em Glasgow. Também passamos pela segunda revolução industrial que aumentou o potencial da primeira revolução pela utilização da eletricidade; deixamos para trás a terceira revolução industrial, caracterizada pela informatização, e estamos construindo a quarta revolução industrial com o uso intensivo de dados e inteligência artificial.

Logo, o que Solow descreveu como a capacidade de adotar novas tecnologias agora se manifesta de maneira extraordinária.

Nova era

Estamos vivenciando uma transformação radical em nosso modo de viver e produzir. Esta nova era não é apenas um avanço tecnológico, mas uma mudança fundamental na forma como percebemos e interagimos com o mundo ao nosso redor.

Assim, a quarta revolução industrial, que de industrial tem cada vez menos, está moldando o futuro de maneiras que Solow apenas começou a compreender.

Vem à minha mente o texto de Vinicius de Moraes destacando as perdas do ano de 1973 para o mundo das artes. Contudo, aquele ano foi marcado por eventos significativos em diversas áreas, incluindo as artes e a cultura, com a perda de importantes personalidades como Pablo Picasso, um dos pintores mais influentes do século XX; Pablo Neruda, o renomado poeta chileno e ganhador do Prêmio Nobel de Literatura; e Pablo Casals, um virtuoso violoncelista e maestro catalão. E de Vinicius ganhamos as linhas abaixo:

‘Que ano mais sem critério

esse de 73

Levou para o cemitério

três Pablos de uma só vez

(…)

Um trio de imensos Pablos

em gênio e demonstração

Feita de engenho, trabalho

Pincel, arco e escrita à mão.’

Explorar, aprender e inovar

Este ano de 2023, quando se cumprem os 50 anos do texto de Vinicius, trouxe perdas significativas que marcaram recentemente nossa comunidade acadêmica.

Além de Solow, perdemos Harry Markowitz, outro grande pensador em finanças, cujas contribuições para a teoria moderna do portfólio revolucionaram a gestão de ativos, e o grande Charlie Munger, sócio de Warren Buffett na Berkshire Hathaway.

Por fim, essas são baixas que reverberam através das salas de aula, dos corredores das universidades e das mesas de negociação, recordando-nos da importância de continuarmos a explorar, aprender e inovar.