Tudo o que você precisa saber sobre crédito

Saiba o que levar em consideração ao pedir dinheiro emprestado

Você está pensando em conseguir crédito para comprar um apartamento, trocar de carro ou quitar dívidas que estão saindo do controle? Além disso, quer saber quais são as alternativas disponíveis no mercado? E será que existe algum tipo de empréstimo para negativado?

Então, você está no caminho certo! Isso porque, com ajuda de especialistas feras no assunto, a Inteligência Financeira reuniu todas as respostas em um só lugar: aqui! Vamos a elas agora mesmo.

O que é crédito?           

É comum usarmos os termos crédito, empréstimo e crediário, entre outros, como sinônimos. Tecnicamente, porém, cada um tem seu próprio significado. 

“Crédito consiste no oferecimento de um montante de recursos financeiros por um banco, instituição financeira ou organização a uma pessoa ou empresa”, define Leandro dos Santos Maciel, professor doutor de Finanças da FEA-USP.

Quem fornece o crédito acredita (ou confia, né?) que quem recebe os recursos irá pagar sua dívida no futuro.

Um empréstimo, por outro lado, é um produto de crédito oferecido por bancos ou instituições financeiras para seus clientes, com valores, prazos e taxas variados.

Já o crediário é uma forma de crédito que tem finalidade específica de compra de um determinado bem. “Normalmente, ele é oferecido por redes do mercado de varejo”, explica o professor.

Por que as pessoas buscam crédito?

De acordo com Marlon Glaciano, especialista em finanças e planejador financeiro, existem basicamente dois momentos de vida em que as pessoas buscam crédito.

Um deles (aquele que a gente menos gosta) é para quitar as dívidas que estão atrasadas.

Mas faz sentido pegar crédito para quitar dívida? Faz sim – e pode ser uma boa estratégia – desde que você troque uma dívida cara por uma dívida mais barata. Se você estiver nessa situação, confira nosso passo a passo completo para organizar as dívidas e sair da inadimplência.

O outro momento é aquele que a gente gosta de imaginar: a hora de adquirir um bem, que pode ser um imóvel, um carro ou até uma geladeira.

Qual é a diferença entre empréstimo, financiamento e linhas de crédito?           

Quando pensamos em crédito, nem sempre nos damos conta de que existem produtos bastante diferentes entre si. Confira a seguir os principais e entenda para qual finalidade cada um é mais indicado.

Financiamento de bens

Vamos começar falando sobre financiamento, tipo de crédito em que o dinheiro não vai para você. Pelo menos não diretamente.

Quando você faz um financiamento para comprar um bem, a instituição financeira envia o dinheiro para o dono do bem.

Ou seja, o recurso geralmente nem passa pela sua conta – e vai direto para quem está vendendo, seja uma casa ou um veículo, por exemplo.

Outra característica fundamental do financiamento é que o próprio bem vale como garantia de pagamento.

O que isso quer dizer? Significa que se você tomar um crédito para comprar uma casa e parar de pagar as parcelas em determinado momento, o banco que forneceu o crédito pode retomar o bem financiado.

A mesma lógica vale para um carro financiado, entre outros bens de valor alto.

É exatamente por ter essa “garantia” que o financiamento costuma ter juros mais baixos do que os cobrados em empréstimos sem finalidade definida.

Portanto, quando a ideia é aquisição de bens, o financiamento é normalmente a melhor alternativa, especialmente quando se trata de imóveis ou carros, que costumam ter linhas de financiamento específicas, com condições também específicas.

“Como o crédito obtido deve ser utilizado exclusivamente para a aquisição desses bens, que são utilizados como garantias das operações, os custos associados são menores”, diz Leandro.

É aquela lei: menor o risco da instituição fornecedora do crédito, melhores são as condições oferecidas.

Empréstimo pessoal

Empréstimo pessoal é aquele em que um valor é disponibilizado na sua conta sem que você tenha de explicar como irá usar o dinheiro.

“Em geral, quanto mais sua liberação é automática, mais altos são os juros”, alerta Denis Medina economista e professor da FAC-SP Faculdade do Comércio da Associação Comercial de São Paulo. A dica? “Converse com quem cuida da sua conta”, recomenda Denis. “É possível que dessa forma você consiga taxas melhores”, diz ele.

Em geral, o empréstimo para negativado do tipo pessoal também é o tipo de crédito mais recomendado para quitar dívidas.

Por exemplo, se você tem uma dívida de cartão de crédito que saiu do controle, pode considerar a ideia de fazer um empréstimo para negativado do tipo pessoal (com taxas de juros mais baixas) para pagar a conta.

Empréstimo com garantia

Quando você precisa conseguir crédito e tem um bem (carro ou imóvel, por exemplo) para oferecer como garantia, pode conseguir um empréstimo com taxas mais baixas.

Não é à toa, ok? Neste caso, você oferece o seu bem como garantia de pagamento. Como se fizesse mesmo um novo financiamento.

Isso significa que, se você não puder pagar as parcelas que deve, a instituição financeira pode tomar o bem que você deu como garantia.

Em geral, os juros deste tipo de crédito ficam em torno de 1% a 1,5% ao mês, na média.

Cartão de crédito e limite da conta (antigo cheque especial)

Práticos e populares, tanto o cartão de crédito quanto o limite da conta fazem parte da categoria limite de crédito.

“Em geral, esse tipo de crédito está disponível automaticamente para o cliente”, explica Denis.

Essa praticidade, contudo, tem seu preço. Afinal, por terem liberação automática e não exigirem garantias, eles geralmente cobram os juros mais caros do mercado.

Quando é melhor usar o cartão de crédito?

Cartão de crédito só deve ser utilizado se você tiver certeza de que poderá pagar o total da fatura na data do vencimento. Não brinque com isso: os juros são bem altos.

E para fazer uma viagem mais cara? O cartão também pode ser boa opção para parcelamentos, tanto da passagem aérea (se for o caso) quanto da hospedagem.

“Normalmente, é possível parcelar as contas em até 10 vezes, sem acréscimo de juros ou com juros relativamente baixos”, diz Denis.

Mas não custa lembrar: só vale parcelar se tiver certeza de que poderá pagar a fatura inteira na data certa.

E quando usar o limite da conta?

O limite da conta só deve ser utilizado para alguma eventualidade que você possa cobrir em poucos dias. “Se não tiver recurso para cobrir rapidamente, o empréstimo pessoal é o mais indicado”, alerta o especialista.

Crediários e consórcios também são opções

Para bens de valor mais baixo, existem os crediários. “Crediário é uma forma de crédito com finalidade específica de compra de um determinado bem, normalmente oferecido por redes do mercado de varejo”, define o professor Leandro.

Há ainda o mecanismo de autofinanciamento. Conhece? É o famoso consórcio.

“Se a pessoa quer comprar casa ou carro e não tem urgência do bem, pode usar o consórcio como forma de financiar esse bem sabendo que ele não estará disponível imediatamente”, explica Denis.

Essa é, aliás, a principal diferença deste tipo de crédito para os outros.

Funciona assim: você entra em um consórcio para comprar um carro, uma moto ou até um imóvel junto com outras pessoas que tenham o mesmo objetivo.

Todos os meses vocês pagam suas parcelas. E, em geral, a cada mês um dos participantes é sorteado para receber o bem.

Geralmente, os participantes também podem dar “lances”, que são antecipações de pagamento, para receber o bem mais rapidamente.

Outra diferença importante do consórcio para o financiamento, por exemplo, é que no primeiro praticamente não há juros.

“O que existe normalmente é uma taxa de administração”, comenta Denis.

E o que define se vale ou não a pena entrar em um consórcio? “O fator de escolha será a necessidade e o tempo de espera para a aquisição”, complementa Marlon.

Qual é a diferença entre empréstimo pessoal e o consignado?

Empréstimo pessoal é uma modalidade de crédito oferecida para pessoas físicas sem exigência de garantia.

E o que é empréstimo consignado, afinal? Como explica Leandro, o empréstimo consignado, por sua vez, é um caso particular de empréstimo.

Isto é, no consignado a instituição que fornece o crédito desconta o valor das parcelas da operação diretamente do benefício ou salário do solicitante do crédito.

Para o banco, esse desconto direto funciona como uma garantia de que o pagamento será feito. E é por isso que os juros do consignado são bem mais baixos do que os do empréstimo pessoal.

Em geral, eles ficam em 2% ao mês, em média.

Quem pode fazer empréstimo consignado?

“O crédito consignado é mais utilizado por aposentados, pensionistas do INSS e servidores públicos”, explica Leandro.

Porém, como acrescenta Marlon, o consignado também pode ser utilizado por pessoas que trabalhem em empresas que tenham vínculo com as instituições autorizadas a oferecer este tipo de crédito.

No caso de empréstimo para negativado, é possível fazer consignado?

Cada caso é um caso, claro. No geral, porém, é possível conseguir um crédito consignado como empréstimo para negativado, ou seja, para que têm dívidas atrasadas (inadimplentes).

“O consignado é um tipo de crédito mais fácil de uma pessoa negativada pegar”, diz Denis.

E por quê? Simples: como a parcela é descontada diretamente do pagamento da pessoa negativada (seja aposentadoria, pensão ou salário), a instituição financeira tem uma garantia a mais de que irá receber.

9 dicas para conseguir crédito mais adequado para sua necessidade

Como vimos, existem muitas opções de crédito no mercado, com condições e finalidades que variam bastante.

E como você pode escolher a melhor opção para o seu momento? Para responder da melhor forma, reunimos as principais dicas dos especialistas.   

1. Conseguir crédito resolve o seu problema?

Essa é primeira pergunta a fazer, principalmente se você estiver pegando um empréstimo para quitar dívidas.

“É preciso observar se esse crédito de fato resolverá o problema em questão ou se você pode entrar em uma bola de neve de dívidas”, alerta Marlon.

2. Conheça e entenda as modalidades de crédito

Falamos sobre as principais delas no início do texto. A ideia, então, é entender direitinho cada uma e perceber qual delas é mais adequada para sua necessidade.

3. Compare os juros

Compare as condições oferecidas pelas instituições. Faça simulações, busque atendimento. Para começar, confira as estatísticas de juros publicadas pelo Banco Central.

“Você não visita 3 ou 4 lojas para comprar um carro?”, questiona Denis. “Então, para tomar um crédito, a dica é fazer o mesmo.”

Compare as ofertas. “Afinal, você está ‘comprando’ um dinheiro e vai pagar com custo de juros”, diz ele. Pesquise os fornecedores.

O ideal, sempre, é priorizar as operações com menores taxas e prazos.

Isso porque, já sabemos, quanto maiores forem as taxas e os prazos, maiores serão os custos da operação de crédito.

4. Faça todos os cálculos

Nessa pesquisa, é importante fazer os cálculos para entender todos os custos e os valores das prestações.

Observe bem qual será o custo efetivo total (CET) da operação. Esse valor inclui não apenas os juros, mas tributos, tarifas, seguros e outras despesas que possam estar ali no contrato.

5. Você pode pagar as prestações em dia?

Esta é outra pergunta fundamental para fazer antes de contratar qualquer tipo de crédito (de qualquer tipo). Você pode pagar as prestações?

“O principal cuidado é conhecer o custo da operação e a sua capacidade de pagamento”, diz Leandro.

Se você não sabe exatamente como fazer isso, o professor explica.

Primeiramente, você deve somar todas as suas receitas, ou seja, tudo o que você ganha (1). Depois, precisa somar as despesas fixas e as variáveis (2).

Lembre-se de incluir tudo o que você costuma gastar (mesmo o que parece bobagem, como o estacionamento do shopping, ok?).

Agora você precisa subtrair as despesas (2) das receitas (1). O resultado mostra o valor máximo da parcela mensal que você pode assumir.

 “O ideal é que o valor da parcela não ultrapasse 30% da sua renda”, diz Marlon.

6. Considere os custos indiretos da aquisição de bens

Se estivermos falando de financiamento de bens, os custos indiretos também precisam ser considerados. E a conta total é que deve caber no seu bolso.

O que isso quer dizer? Significa que, quando você compra um carro, precisa calcular que terá despesas com manutenção, impostos, combustível, seguro, estacionamento e talvez até uma ou outra multa.

“O valor da parcela do financiamento é apenas uma parte dessa conta”, ressalta Denis.

Da mesma forma, quando você pensa em comprar um apartamento, precisa considerar custos de documentação, condomínio, IPTU, uma ou outra reforma ou manutenção etc.

“É preciso entender todos os custos envolvidos na compra do bem para que a aquisição não seja frustrada do ponto de vista financeiro”, alerta o especialista.

7. Saiba o que acontece se você atrasar o pagamento

Claro que ninguém quer que isso aconteça, mas a dica de Leandro é ir logo pesquisando as condições para o caso de você não conseguir realizar algum pagamento.

Esse ponto também é relevante quando for comparar as ofertas dos fornecedores, ok? Aliás, não apenas esse. É preciso checar todas as condições contratuais da operação – antes de decidir qual é melhor para você.

8. Considere a sua real necessidade

Outra dica importante é considerar a sua necessidade. Você realmente precisa fazer uma viagem parcelada agora? Precisa mesmo de um carro agora? E precisa ser um carro caro? Ou um mais popular resolve?

Casar suas necessidades com as suas condições financeiras é uma estratégia indispensável para assumir crédito com responsabilidade.  

Dependendo do caso, pode valer mais a pena poupar uma parte do dinheiro para dar uma entrada maior e conseguir melhores condições de financiamento, por exemplo.

A dica é não tomar crédito por impulso. Seja racional para fazer boas escolhas.

9. Faça a lição de casa

Por fim, Denis recomenda que você cumpra esses passos, fazendo a sua lição de casa, antes de tomar dinheiro emprestado em alguma instituição financeira.

“Se você chegar até ele com mais conhecimento e informação, com certeza terá mais argumentos para a negociação”, afirma.

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