De “eu mereço” em “eu mereço”, você consegue pagar a fatura no fim do mês?

Sabe as pequenas recompensas do dia a dia? Elas podem se tornar grandes ciladas
Pontos-chave:
  • Consumir é importante, mas é preciso ser feito com planejamento
  • A educação financeira é sustentada por quatro pilares: ganhar, gastar, poupar e investir.

O final de semana está chegando e, com ele, as pequenas recompensas. Depois de dias cansativos, é normal ter aquele impulso do “eu mereço” antes de fazer uma compra. Pode ser aquele belo hambúrguer com batata frita ou uma roupa nova que você estava namorando há tempos. Mas aí os boletos chegam e você vê seu dinheiro indo pelo ralo. O que sobra no fim do mês é uma fatura bem generosa. Foi justamente essa a discussão levantada pelo jornalista Bruno Grubertt no Twitter. 

O “eu mereço” muitas vezes pode sair do controle e se tornar uma bola de neve nas finanças. “As taxas de endividamento que vemos hoje em dia têm muito a ver com esse comportamento. Quando o salário chega, em vez de pensar nas contas “chatas”, fazer a compra de um sapato ou uma viagem é muito mais legal. É o famoso ‘eu mereço, embora eu não possa’. No fim do mês a fatura chega e a pessoa nem sabe como chegou naquilo’”, explica a educadora financeira Mônica Costa.

Os gatilhos do “eu mereço”

O consumo é comportamental. No caso do “eu mereço”, não é diferente. “Temos a tendência de consumir quando estamos felizes, tristes, eufóricos, ansiosos ou decepcionados. Nesse período pandêmico, as emoções foram ainda mais afloradas. Então muitas pessoas encontraram nas compras uma forma de compensar esses sentimentos”, ressalta Mônica.

Não há nada de errado no consumo e no merecimento em si. O problema é fazer isso sem consciência. “O consumo é importante e parte da nossa relação social. Mas, ele precisa ser feito com planejamento. Muitas pessoas acabam gastando mais do que ganham. Se você quer se dar uma viagem de presente, por exemplo, programe essa recompensa”, explica Mônica. 

Como não cair nas armadilhas

Para não ter surpresas desagradáveis no final do mês, Mônica destaca duas dicas: a primeira é ter clareza do que entra e sai do seu bolso. “Geralmente as pessoas não têm esse número nítido. É fundamental saber exatamente o salário líquido, com todos os impostos descontados, e as contas fixas que comprometem uma parte desse dinheiro”, explica a educadora. 

Com as contas organizadas, projete aquilo que quer consumir. “Isso vai garantir que você realize seus sonhos e se presenteie de forma consciente, dentro da sua realidade”, ressalta Mônica. Se o “eu mereço” envolve a ida a um restaurante bacana, por exemplo, tente economizar nas outras refeições da semana e estime o quanto pretende (e pode) gastar na saída. 

A educação financeira, segundo Mônica, é sustentada por quatro pilares: ganhar, gastar, poupar e investir. O importante é não se perder no pilar do gastar. “Tudo é uma questão de equilíbrio. Entendendo o quanto ganha, o quanto gasta e organizando essas recompensas, você pode continuar se presenteando de forma saudável”.