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O que a estrada ensina sobre a diversificação de investimentos
Vamos fazer uma viagem? Pegar a estrada para passar um fim de semana no interior ou na praia é revigorante! Mas, exige algum preparo mínimo. Você precisa definir seu destino, avaliar o trajeto, se planejar para adversidades e usar o máximo possível de seu conhecimento prévio para fazer uma boa viagem. A construção de um bom portfólio e a diversificação de investimentos também são assim.
Seus objetivos indicam a sua estratégia – a melhor rota no seu “aplicativo de navegação”.
Existem pontos, como uma rodovia principal e o trajeto nas imediações do seu destino, que não serão alterados (a menos que algo muito excepcional aconteça).
Mas você continuamente avaliará se tem algo que precisa ser ajustado em vista das condições da estrada. Uma chance de cortar caminho aqui ou alguns obstáculos que podem surgir acolá…
A viagem das alocações de investimentos
Essa combinação de visão de longo prazo com os ajustes ao longo do caminho é o que chamamos no mercado de Alocação Estratégica e Alocação Tática, que fazem parte da diversificação de investimentos.
Na primeira, precisamos entender se o portfólio está condizente com as suas perspectivas de retorno e de risco e, também, com as expectativas econômicas. Já na segunda, é onde são feitas as readequações necessárias ao longo do percurso.
Vou guiar você pela alocação de portfólio. Sente-se confortavelmente e aperte os cintos!
Em 1h42 você chegará ao seu destino
Saber o lugar em que você quer chegar é imprescindível, tanto na estrada quanto nos investimentos.
Se você pensa em uma aposentadoria daqui 30 anos, em quitar seu imóvel em 5 anos ou em uma bela viagem pela Europa daqui a 6 meses, faz muita diferença.
É com esse objetivo em mente que você vai definir se precisa ou não calibrar os pneus, dar uma conferida nos steps, programar quantas paradas vai fazer… ou até mesmo se vai ser um tiro curto, direto e sem paradas.
É na Alocação Estratégica que você vai definir o nível de risco que seu portfólio deve ter – conforme o seu perfil de pessoa investidora.
Se o prazo é longo e a rodovia é boa, tudo bem acelerar com investimentos de maior volatilidade. Se o prazo é muito curto, melhor pisar no freio e priorizar a preservação de capital.
É assim que você define quais classes de ativos vai ter; qual é alocação mínima e máxima que você deveria ter em cada classe de ativo; qual é o papel de cada uma delas em sua carteira.
Em alguns casos, pode ser ideal até mesmo evitar alguns tipos de investimento.
Se você é muito conservador, talvez a volatilidade das ações te incomode muito; se tem apetite para riscos, pode pensar em pulverizar sua alocação em investimentos alternativos, como criptomoedas, venture capital e outros investimentos especulativos. Mas lembre-se da diversificação de investimentos.
Responder a essas perguntas é como definir a bagagem da sua viagem. Para alguns casos, uma troca de roupa está ótimo; para outros, é melhor já preparar a mudança.
Acidente reportado à frente
Você já conhece uma parte do percurso, por experiência.
Já sabe de alguns pontos em que há mais congestionamento. Aqui, a última faixa flui melhor do que as outras. Já ali, tem um acesso que entope a via de carros. Ao dirigir, você já contempla esses pequenos ajustes em seu trajeto.
Quem tem experiência de mercado consegue fazer algumas predições como essas ao longo da estrada. Aqui, uma tendência de queda de juros que favorece os prefixados ou, ali, um ciclo de crescimento da economia norte-americana que vai reduzir o fluxo dos investidores estrangeiros e causar queda na Bolsa e alta no dólar. Sempre de olho na diversificação de investimentos.
Você também pode ver sinais de trânsito pelo seu aplicativo de navegação e deslocar uma ou duas ruas à esquerda e depois voltar para a rota principal.
É a Alocação Tática que ajusta pontualmente o seu portfólio, às vezes Overweighted (sobrealocado) em alguns ativos, às vezes underweighted (sub-alocado) em outros – ou, se a pista está tranquila, segue Neutro até o fim da vida.
Ou seja, você continua mantendo uma coerência com seu trajeto principal, mas reduz a velocidade e a alocação quando sabe que vai encontrar buracos à frente. E acelera quando vê aquela bela reta livre.
Mas, normalmente, não vai zerar suas posições e nem vai abandonar completamente a rota e sair do trajeto.
“Falei que não adiantava trocar de faixa”
Assim, ficar trocando de pista é similar à escolha de investimentos: aquele momento em que você vai selecionar quais títulos, operações, fundos ou quaisquer outras estruturas de investimentos serão usados na implementação da sua visão.
Normalmente, investidores perdem muito tempo aqui, assim como os motoristas.
Quando estamos no calor do momento, no trânsito, parece que tudo que existe é a pista que está andando mais. Acaba a visão de longo prazo e a diversificação de investimentos.
Sofremos pelo tempo do trajeto que aumenta e reduz mapa e ficamos deslizando nossos carros de um lado para o outro na estrada – e aplicando e resgatando dos investimentos ao sabor do resultado de um ou dois meses.
No fim da viagem, alguém vai verbalizar a grande verdade: ficar trocando de faixa não adiantou de nada.
O poder da estratégia
Por incrível que pareça, o picking de produtos responde pouquíssimo pelo resultado do seu portfólio. A Alocação Estratégica é a mais importante e a Tática a segunda mais relevante.
Para a maioria dos investidores, é ainda pior: todas essas saídas e entradas nos momentos errados é muito significativa, sim, mas para explicar o baixo desempenho. Você sai do que caiu e poderia valorizar e entra no que já subiu e não vai valorizar mais.
Na angústia de vermos a faixa do lado andando, migramos para ela quando está prestes a parar e, surpreendentemente, a nossa antiga pista avança.
É claro que há pessoas extremamente capazes de identificar tendências no trânsito e mudar de faixa na hora certa, assim como existem traders muito capacitados.
Talvez, aquelas pessoas que costuram no trânsito acima da velocidade possam ser uma analogia para os traders que operam alavancados: se por um lado você pode chegar muito mais rápido, por outro pode perder seu patrimônio numa curva mal executada.
Então, o segredo do picking de produtos é selecionar e manter bons ativos.
Entenda seus motivos
Se investir em uma estratégia passiva, priorize o baixo custo e a eficiência; se quiser o apoio de uma gestão, procure por desempenho consistente e uma estratégia condizente com o momento (Macro Trading, Macro Carregamento, Long Biased, Long & Short… a lista é extensa).
Mas, lembre-se que você os escolheu por um motivo e não os troque sem sinais claros de que as condições esperadas não estão mais ali.
Em qualquer viagem existe a possibilidade de pegar um clima ruim na estrada. A questão é entender as suas causas, as perspectivas daqui em diante e relembrar o que te motivou a seguir aquele trajeto.
Se seus fundamentos continuarem sólidos, não saia da rota por causa de um trecho em vermelho no mapa do aplicativo, pois o mais provável é que você perca o seu tempo e chegue atrasado ao seu destino, seja na estrada seja nos seus investimentos.
*Texto de Gabriel Padovesi, autor da coluna Sinapses, publicada no feed de notícias do íon. Para ler este e outros conteúdos, acesse ou baixe o app agora mesmo.
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