Fazer dívida, parcelar ou pagar à vista: qual o melhor jeito de comprar ingresso para o Lollapalooza?

E mais: o Lolla da Argentina e do Chile são mais baratos?

Empréstimo, parcelado ou à vista: qual a melhor opção na hora de comprar ingresso para o Lollapalooza? (Ilustração: Marcelo Andreguetti)
Empréstimo, parcelado ou à vista: qual a melhor opção na hora de comprar ingresso para o Lollapalooza? (Ilustração: Marcelo Andreguetti)

No mês de setembro, foram divulgados os valores dos ingressos para o próximo Lollapalooza, festival de música que será realizado nos dias 24, 25 e 26 de março do ano que vem.

Inclusive, muitas pessoas ficaram assustadas com os valores dos ingressos. Afinal de contas, os preços partiam de R$ 1.000 – e estamos falando da meia-entrada no primeiro lote.

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Diante disso, fica o questionamento: será que vale a pena pegar um empréstimo para ir ao festival?

E mais: não seria vantajoso o pagamento à vista ou parcelado?

Então, liga o som aí com alguma música da banda que você curte e quer muito que esteja no Lollapalooza e vem comigo que eu te conto tudo.

Como pagar o ingresso do Lollapalooza?

De início, já te digo o que, com certeza, você já deve ter em mente: pegar um empréstimo para comprar os ingressos do festival jamais será a melhor opção.

“Só vale a pena fazer um empréstimo se for para investir em algo que renda mais que os juros da dívida. Como o ingresso não vai te pagar nada (financeiramente), então, não compensa tomar essa atitude”, afirma Davi Ramos, CEO e sócio fundador da Vante Invest.

O melhor é parcelar?

Por outro lado, a opção de pagar parcelado pode, ou não, ser uma boa alternativa.

Isso porque, de acordo com Thiago Martello, educador financeiro e especialista em investimentos, parcelar o valor só fará sentido se for evitar que você pegue o empréstimo.

“O parcelamento já é um empréstimo, só que os juros já estão embutidos. E se você eventualmente atrasar o pagamento, aí paga os juros dobrados. Sem esquecer que a parcela pode pesar no orçamento mensal e bagunçar as finanças”, esclarece.

Já para Ramos, ao dividir a compra, você tem a escolha de deixar o valor do ingresso investido e ganhar juros no período.

Mas veja só, o ideal é que você tenha comprometimento e realmente aplique o montante referente às parcelas. Caso isso não ocorra, e você tenha o valor total do ingresso no bolso, aí, claro, pague à vista.

Então, o ideal é no cash?

Afinal de contas, o festival dá um desconto de 15% para clientes de algumas instituições financeiras.

E aí, meu amigo e minha amiga, é preciso fazer contas. Mas fique em paz, porque já fizemos por vocês.

Porém, antes de tudo, vamos levar em consideração o seguinte: a nossa taxa de juros básica, a Selic, está em 13,75%, com possibilidade de bater 14% até o fim do ano, de acordo com Martello.

“Então, você demoraria pelo menos um ano para conseguir, em um investimento conversador como tesouro Selic, os 14% de juros. Diante disso, se o ingresso tem desconto de 15%, é como se estivesse antecipando esse 1 ano de juros que iria ganhar”, analisa o educador financeiro.

E o pagamento à vista sem desconto?

Diante desse caso, os especialistas possuem opiniões diferentes. Para Martello, mesmo sem os 15% a menos no valor do ingresso, vale a pena pagar no cash.

“Afinal de contas, vamos supor que você dividiu a compra, mas surgiu um imprevisto. Você terá um dispêndio de caixa para ter que lidar com essa urgência. E aí, essa dívida feita 2 ou 3 meses atrás, poderá atrapalhar suas finanças”, argumenta.

Para Davi Ramos, sem o desconto no valor do ingresso a melhor escolha volta a ser o parcelamento. E a premissa é a mesma: “você pode investir o valor do ingresso no período”, afirma.

Mas, lembrando, é preciso responsabilidade antes de tomar qualquer uma das duas atitudes: à vista ou parcelado. Já que o empréstimo está fora de cogitação.

Festival dos vizinhos

Além da forma de pagamento dos ingressos do Lollapalooza, uma dúvida que sempre permeia muitas pessoas é a seguinte: será que compensa viajar para outro país para assistir ao festival?

Afinal de contas, o Lollapalooza também possui suas edições na Argentina e no Chile, por exemplo, que estão bem próximos de nós.

Segundo Davi Ramos, o primeiro passo para saber se vale a pena fazer uma viagem para participar do festival é identificar quais seriam os seus gastos aqui no Brasil.

“Contabilizamos R$ 500 de passagem aérea e R$ 1.500 de hospedagem para quem não mora em SP. Caso você não precise viajar, desconsidere esses gastos. Além disso, R$ 2.120 no ingresso (1° lote) e R$ 500 de alimentação. O que dá um total de R$ 4.620”, calcula o especialista.

Lollapalooza na Argentina e no Chile

Se entre os nossos dois vizinhos a sua escolha fosse Argentina, saiba que você precisaria desembolsar o dobro em relação aos valores por aqui. Isso porque, convertendo para o real, ficaria assim:

  • R$ 5.900 no ingresso;
  • R$ 1.900 de passagem aérea;
  • R$1.500 de hospedagem e alimentação.

O que totaliza um passeio de aproximadamente R$ 9.300.

“A surpresa é o Chile”, afirma Ramos. Afinal de contas, você iria gastar:

  • R$ 1.900 no ingresso;
  • R$1.900 de passagem;
  • R$1.700 de hospedagem e alimentação.

“Totalizando um passeio de aproximadamente R$ 5.500. Então, caso você esteja querendo ver o Lolla e nunca visitou o Chile, essa pode ser uma boa oportunidade (mesmo com o valor um pouco acima do praticado em terras brasileiras)”, afirma o CEO da Vante Invest.

Vale reforçar que os valores dos ingressos foram todos calculados a partir do primeiro lote.

Valor dos ingressos versus inflação

E para a gente fechar com chave de ouro esse verdadeiro raio-x dos ingressos do Lollapalooza, fizemos uma pesquisa para saber qual foi o percentual de encarecimento do voucher para acesso ao festival.

Confira a nossa tabela abaixo:

É importante saber que esses valores não contemplam a taxa de conveniência, que, no caso do festival, é o acréscimo de 20% ao valor do ingresso.

Mas vamos ao que interessa: será que a evolução dos preços do ingresso ao longo das edições do festival está próxima da nossa inflação?

Antes disso, Ramos conta que a inflação entre janeiro de 2012 até agosto deste ano foi de 87,70%. “Porém, se contabilizarmos as expectativas de inflação até março de 2023, falamos de uma taxa de 90,35%”, afirma.

Dessa forma, o preço do ingresso dividido pelo número de dias do festival em 2012 era de R$ 250 e em 2023 é de R$ 706,66.

“Isso é um aumento de 182,66% no período. Portanto, o preço do ingresso do Lollapalooza cresceu 2 vezes mais rápido que a inflação”, aponta Davi Ramos.

Levou um susto aí? Por aqui a gente também ficou assustado.

Diante disso, nós entramos em contato com a assessoria de imprensa do Lollapalooza para confirmar os preços dos ingressos e entender o motivo do valor ter aumentado duas vezes mais do que a inflação.

Até o fechamento dessa reportagem, não tivemos nenhum retorno.

Viu só como é importante analisar com cautela quais são as melhores alternativas antes de comprar o ingresso para o Lollapalooza?

E isso vale também para qualquer outro festival. Afinal, com cautela – e educação financeira – é possível se divertir e sem a necessidade de se endividar.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


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