Carro dos sonhos: como juntar dinheiro para comprar o seu?

Financiamento, consórcio ou investir para comprar à vista: todos os caminhos para você comprar seu automóvel

Que o brasileiro é fã de carros, isso não é novidade para ninguém. Mas a distância entre juntar dinheiro para o carro dos sonhos e o seu orçamento pode ser um obstáculo se não houver planejamento. Quanto dar de entrada? Pagar à vista ou financiar? Fazer consórcio?

Sem contar que cada adereço que você escolhe, cada tapetinho novo é um custo a mais… E para isso, reunimos dicas de planejadores financeiros para ajudar nessa missão.

Mas lembre-se do princípio básico das finanças pessoais: antes de entrar numa dívida grande, quite as dívidas que você já tem primeiro. Pagamento de juros podem desequilibrar suas contas mais para a frente.

O que você deve saber antes de comprar um carro?

É importante você ter ciência do que vem pela frente. Portanto, questione-se e, na medida do possível, tente encontrar as respostas para as seguintes perguntas:

  • Posso separar alguma quantia por mês para juntar e dar de entrada? De quanto? Por quanto tempo?
  • Qual valor de carro que posso pagar?
  • Quanto o preço do carro vai comprometer da minha renda líquida?
  • Se financiar, quanto pagarei de juros?
  • Quanto custa o seguro deste carro que estou escolhendo?
  • Há mercado para quando eu precisar/querer vendê-lo?
  • E a pergunta mais importante de todas: por que eu quero ou preciso de um carro?

Podem parecer perguntas óbvias, mas todo planejamento requer que você coloque o máximo de informações no papel para juntar dinheiro e realizar esse sonho.

Com isso, Wanessa Guimarães, sócia da HCI e Planejadora Financeira CFP© pela Planejar, explica que o perfil de cada pessoa e o prazo desejado para adquirir o veículo precisam ser avaliados na hora de começar a juntar dinheiro.

Se for para juntar de forma segura e rentável para dar uma entrada ou para pagar à vista, ela aconselha os investimentos mais simples do mercado.

“No médio prazo, para investidores mais conservadores, os ativos de renda fixa como CDB ou fundos de renda fixa, com rentabilidade acima da Selic (13,75%) ao ano, podem ser uma alternativa”, diz.

No entanto, se você tem um perfil mais agressivo, a opção para juntar dinheiro é a renda variável, como as ações. Mas lembre-se, são investimentos que podem ser mais lucrativos, mas também, mais arriscados.

Juntar dinheiro com renda fixa ou variável?

Vamos aproveitar para aprofundar uma questão importante que é: de onde virá o dinheiro.

No caso, estamos estabelecendo que toda a verba dependerá de você, que provavelmente não deve receber uma herança, tampouco pode ganhar com a loteria.

Mas não desanime! A solução é fazer o dinheiro trabalhar para você.

Antes de bater o martelo, vamos entender como funcionam duas classes de ativos: a renda fixa e a variável.

Renda fixa é um tipo de investimento que tem retorno estabelecido na hora em que você investe. É um jeito de você emprestar dinheiro para empresas, bancos ou até para o governo, sabendo na largada quando e depois de quanto tempo vai receber o investimento com juros.

E o Certificado de Depósito Interbancário (CDI) é um dos tipos de renda fixa. Assim como o Tesouro Selic, outra opção de renda fixa, eles têm rendido por volta de 13% ao ano, bem mais que a poupança no último ano, 7,90%.

Já a renda variável é um tipo de investimento que requer mais atenção na hora de se investir. Você precisa conhecer os tipos de ativos, como ações, e saber que, sim, você pode perder dinheiro ou parte dele. Não que a renda fixa seja garantida. Mas, como o retorno é acordado, no mínimo você consegue acompanhar o que está acontecendo com seu dinheiro.

A renda variável tem títulos que são recomendados para investidores com um pouco mais de experiência.

Mas diferente do que muitos pensam, também não se necessita de muito dinheiro. Nessa reportagem, te mostramos várias ações baratas.

Consórcio vale a pena?

Wanessa explica que uma alternativa atrativa quando comparada com o financiamento e para as pessoas que possuem dificuldade de guardar dinheiro é o consórcio de veículos. 

“O consórcio, possui taxa menor do que o financiamento, e caso o consorciado seja sorteado consegue realizar a compra do carro até antes da data planejada. Porém, para essa alternativa é necessário planejamento. A contratação do consórcio precisa ser feita com mais de um ano de antecedência da compra do carro. É possível acelerar a retirada da carta, com lances que é feito com recurso próprio do consorciado”, afirma.

E ela lembra que no consórcio, a taxa em média de juros é de 9% ao ano. “Considerando um contrato de 40 meses, teríamos um custo final aproximado de quase 30% no período”, diz.

Já o fundador da Mycon, Marcio Kogut, é taxativo: ele diz que quem pode esperar um pouco, o consórcio é a melhor solução.

“Os financiamentos estão cobrando cerca de 1,6% ao mês. Ao longo de quatro anos, isso dá por volta de 60%”.

E prossegue. “Através do consórcio você faz o planejamento, paga taxa de administração e faz uma estratégia de contemplação por lance. Então se você tem um carro seminovo, você pode dar ele como lance para comprar um carro novo através do consórcio”, afirma.

O único problema do consórcio é que você não sabe quando vai poder contar com o carro.

 Financiar ou pagar à vista?

Feitos os investimentos, é hora de dar mais um passo. Afinal de contas, pagar à vista é sempre a melhor alternativa?

“É sempre melhor à vista, pois a taxa de juros no financiamento de carros supera os rendimentos de um investimento de renda fixa mais conservador”- é o que explica Wanessa. Se você tiver paciência e disciplina para efetuar depósitos em uma aplicação, juntar dinheiro para quitar o veículo de uma só vez, é o melhor.

“Com recurso para compra à vista, é possível negociar um desconto com o vendedor”, lembra.

E outra coisa: se for ter que financiar, melhor dar uma entrada, pois diminui o valor das parcelas, reduzindo o custo total da operação.

Como juntar dinheiro para dar de entrada ou para pagar à vista?

Os dois modelos de carros mais vendidos no Brasil em 2022 saíram por cerca de R$ 100 mil e R$ 80 mil, ambos à vista. Sim, é muito dinheiro.

Fizemos algumas simulações para quem deseja adquirir a Fiat Strada ou o HB20, juntando o dinheiro para comprar o carro à vista.

Com isso, considerando um prazo de acumulação de 2 anos e uma taxa média de retorno nos investimentos de 1,1% ao mês, que hoje pagam a maioria dos títulos de renda fixa, será necessário acumular por mês R$ 3.663,58 para chegar aos R$ 100 mil e R$ 2.930,87 para acumular R$ 80 mil. 

E se pensarmos em prazos mais longos, como cinco anos de depósitos, o investidor precisaria aplicar todos os meses R$ 950 para atingir os R$ 80 mil.

Juros dos investimentos X juros do parcelamento

Agora veja: na loja, o carro zero valoriza todo ano. Então, é uma luta do dinheiro contra tempo. E é aí onde entra a importância dos juros para os seus investimentos – até porque você vai ter que brigar com os juros do parcelamento do carro.

Já para comprar o veículo de R$ 100 mil, também em cinco anos, seria preciso depositar cerca de R$ 1.200 por mês.

Mas se os planos dependem de menos recursos, e mais tempo, que tal planejar para daqui a 10 anos? Sim, é longuíssimo prazo. Mas enquanto isso, você consegue se firmar na carreira e organizar o bolso.

Nesse caso, você precisaria depositar R$ 320 por mês para chegar aos R$ 80 mil e cerca de R$ 400 para alcançar os R$ 100 mil. 

Lembrando que todas essas contas desconsideram a inflação, ou seja, você precisaria depositar um pouquinho a mais para que esses valores na data final já estejam corrigidos.

“E ao adquirir seu veículo, o ideal seria iniciar o planejamento para troca dele, realizando a aquisição de um consórcio ou acumulação de investimentos para a próxima troca”, afirma Wanessa.

Carro não é investimento

Comprar um carro não é investir, mas sim gastar.

É preciso que isso fique claro. Carros têm custos de impostos, taxas, seguros e manutenção. E, em geral, todo ano valem cada vez menos.

“Carro não é investimento, na verdade, é uma despesa. Pois a cada ano de vida, ocorre a desvalorização do preço do veículo. Além disso, precisamos considerar as despesas com IPVA, seguro e outros. Um carro perde em geral de 8% a 20% do seu valor ao ano, com raras exceções. Nos dois últimos anos, carros usados tiveram valorização devido à falta de veículos novos ou filas longas de espera para venda”, diz.