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Quais são as alternativas para fazer dívida com juros mais baixos?
Quem já passou pela situação de ter que parcelar a fatura do cartão de crédito, pagar o mínimo do boleto ou entrar no cheque especial sabe o problema que isto pode se tornar. Afinal de contas, as taxas cobradas, dependendo do caso, podem ser altas.
E o problema pode se agravar se a pessoa não conseguir pagar estas taxas, o que acontece com muitos consumidores. Só para você ter uma ideia, em abril deste ano, mais de 71 milhões de brasileiros estavam inadimplentes de acordo com um levantamento feito pela Serasa.
Segundo a instituição, houve um crescimento de 732 mil novas pessoas endividadas em relação a março. Além disso, quando dividido em faixas etárias, os inadimplentes encontram-se da seguinte forma:
- 12,4% dos endividados têm até 25 anos;
- 34,8% têm entre 26 e 40 anos;
- 34,8% possuem entre 41 e 60 anos;
- 18% dos inadimplentes estão acima dos 60 anos.
O que é a crise de crédito?
Dessa forma, fica visível que estamos passando por uma crise de crédito. Isso porque, atualmente no Brasil, a oferta de crédito está muito menor do que a demanda.
“E isto normalmente acontece quando nós temos um cenário de taxa de juros elevada, que é o que está acontecendo agora com a taxa Selic. Afinal de contas, a taxa básica de juros alta afeta a atividade econômica e desacelera a economia. E isto costuma atingir o mercado de crédito ao aumentar a inadimplência. Ou seja, os endividados tendem a não pagar as dívidas, e aí, claro, a taxa de inadimplência aumenta”, explica Pedro Raffy Vartanian, professor do mestrado em economia e mercados da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo.
Cartão de crédito e cheque especial não são boas opções
Então, diante da falta de empréstimo para negativado, muitas pessoas acabam optando pelo mais fácil: a parcela ou pagamento mínimo da fatura do cartão de crédito e o uso do cheque especial.
“Os juros cobrados nestas situações nunca serão a opção mais barata para a pessoa se financiar. Portanto, podem ser ótimas soluções para uma necessidade de curtíssimo prazo que o indivíduo não tem outra alternativa. Já em ocasiões diferentes, é um juro muito alto que rapidamente transforma um pequeno devedor em um gigante”, alerta Sandro Reis, cofundador da fintech de crédito Open Co.
Já no caso do cheque especial, o pensamento é o mesmo. É possível aproveitar a condição que alguns bancos oferecem de até 10 dias sem juros se o cliente ficar no vermelho. Mas, atenção: ao passar esse período, a cobrança de juros será por todos os dias em que o cheque especial foi utilizado. E, aí, meu querido leitor e minha querida leitora, as taxas cobradas são altíssimas.
Para entender melhor, de acordo com o Banco Central, em fevereiro deste ano, a taxa cobrada no cheque especial foi de 137% ao ano. Para o cartão de crédito rotativo (quando o cliente não paga o total da fatura), o juro cobrado ficou em 417% ao ano. E no caso do cartão de crédito parcelado, a taxa é bem menor, porém, ainda alta, de 189% ao ano.
Alternativas aos juros altos
Claro que a melhor escolha sempre será não buscar empréstimo para o pagamento de dívidas pequenas. Afinal de contas, pegar dinheiro emprestado no banco é indicado para grandes compras, como um imóvel ou um carro, que geralmente são financiados.
“A melhor forma de você lidar com os imprevistos é ter a sua própria reserva de emergência. Então, montar este colchão de segurança de três a seis vezes os gastos mensais vai evitar que você use como extensão do salário exatamente o cartão de crédito e o cheque especial”, aconselha Carlos Castro, planejador financeiro CFP e sócio fundador da SuperRico – Projetos de Vida.
Desse modo, quais são as alternativas de empréstimo mais em conta? Vem ver o que os especialistas indicam.
Crédito pessoal
É uma categoria em que o empréstimo fica disponível imediatamente após a contratação e as parcelas são debitadas diretamente na conta do cliente. “Tem como vantagem também a carência de até 90 dias e prazos de até 60 meses”, afirma Gustavo Andres, diretor de produtos de crédito do Itaú Unibanco.
A taxa cobrada nesta modalidade de crédito chegou a 86% ao ano em fevereiro de 2023, de acordo com informações do Banco Central.
Empréstimo com garantia (imóvel)
Ao oferecer o imóvel como garantia, o cliente dá maior seguridade para o banco. E, por isso, conta com taxas reduzidas e maior limite de parcelas (até 240 vezes). O depósito é feito após avaliação do bem e do perfil de crédito do cliente.
A taxa cobrada no empréstimo com imóvel de garantia fica em torno de 16% a 27% ao ano.
Empréstimo com garantia de investimento
Assim como os imóveis, esta categoria conta com taxas reduzidas – a partir de 7% ao ano – e prazos de até 72 meses. O diferencial é que a garantia usada para liberar o crédito são os investimentos do cliente. “O valor é calculado com base nas aplicações que serão usadas no contrato e não é necessário resgatar os investimentos. Ou seja, os valores continuam rendendo”, conta Andres.
Consignado
Neste tipo de produto, as parcelas são descontadas automaticamente, direto do holerite ou benefício previdenciário. “As taxas da modalidade são competitivas no mercado e os prazos são de até 96 meses”, diz Alexandre Borin, diretor de consignado do Itaú Unibanco.
De acordo com dados do Banco Central de fevereiro deste ano, a taxa de juros do empréstimo consignado atingiu o patamar de 26% ao ano.
Antecipação da restituição do Imposto de Renda e 13º salário
Nesta modalidade, o cliente pode antecipar o valor previsto na restituição do IR ou do 13º, em uma única parcela. “Para 2023, a contratação pode ser feita até outubro, com a primeira parcela na data do recebimento da restituição ou até 21 de dezembro”, explica Andres.
Então, ao pedir esta antecipação, a taxa de juros varia entre 21% a 33% ao ano.
Antecipação do Saque-Aniversário do FGTS
Este produto é oferecido aos trabalhadores que podem resgatar até 7 parcelas do Saque-Aniversário do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). A vantagem do produto é que o depósito é feito em até 24 horas. Além de não interferir na contratação de outros empréstimos, pois não compromete a renda.
Neste caso, a taxa de juros ao ano gira em torno de 21% a 27%.
Transferência de limites
A modalidade funciona da seguinte forma: após uma avaliação do perfil de crédito, o correntista pode reduzir o limite disponível de um determinado produto e aumentar no produto que é mais conveniente. A funcionalidade está disponível para limite da conta corrente, cartão de crédito e empréstimo pessoal.
“O cliente pode mover seus limites de cartão de crédito e da conta corrente para o empréstimo pessoal, por exemplo, que tem taxas mais atrativas”, aponta Andres.
É importante lembrar que os valores de juros são estimativas. Portanto, estes dados podem variar para mais ou para menos.
E o interessante disto tudo é tomar conhecimento de que, caso seja necessário pedir um empréstimo, existem outras formas com taxas melhores. Mas, mesmo assim, não se esqueça de fazer um bom planejamento financeiro a fim de evitar que o dinheiro emprestado se torne uma bola de neve.
Leve esta dica para sempre.
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