Champions League: a disputa entre Manchester City e Inter de Milão começa fora de campo

Em 2020/21, o Manchester City faturou € 645 milhões, enquanto a Inter de Milão atingiu € 331 milhões

Chegamos à final da Champions League. A competição de clubes mais rica do mundo coloca frente a frente duas equipes com semelhanças e diferenças interessantes. A disputa entre Manchester City e Inter de Milão começa fora de campo.

Financeiramente, são clubes que atuam em ligas com potencial financeiro muito distante. Enquanto na Premier League, onde atua o Manchester City, os clubes faturaram € 5,5 bi na temporada 2020/21, na Serie A, onde joga a Inter, o faturamento dos 20 clubes que disputam a competição foi de € 2,5 bi na mesma temporada.

Quando vamos para a comparação direta, em 2020/21, o Manchester City faturou € 645 milhões, enquanto a Inter de Milão atingiu € 331 milhões. Segundo relatório Deloitte Money League, o City foi o maior faturamento daquela temporada, a mais recente em termos de informações, e a Inter foi a 14ª equipe em termos de faturamento anual

Dentro de campo temos mais diferenças. A Inter foi 3 vezes campeã da Champions League, sendo as duas primeiras em 63/64 e 64/65, e a mais recente em 2009/10. Lá se vão 13 anos desde a última conquista, que tinha ocorrido depois de um longo hiato. Apesar de um time tradicional do futebol mundial, a equipe italiana tem presença menos relevante internacionalmente.

Já o Manchester City ganhou maior relevância esportiva após ser adquirido pelo CFG, grupo controlado pelo fundo de Abu-Dhabi, em 2009. Desde então se consolidou como forte competidor na Premier League, vencendo 5 das últimas 6 temporadas, e ainda não conseguiu conquistar um título continental. Corre atrás, portanto, da sua primeira Champions League. De qualquer forma, vem se apresentando cada vez mais próximo do objetivo nos últimos anos, chegando em semifinais e finais.

Esportivamente a Inter sofreu muito desde a última conquista de Champions League. Viu a Juventus vencer 9 títulos entre 2010/11 e 2019/20, frequentou a Champions League de maneira bissexta, e somente se recuperou a partir da temporada 2019/20, quando foi vice-campeã italiana, para se tornar campeã na temporada seguinte (2020/21).

O que mais os aproxima está nos seus organogramas. Ambos são controlados por grupos estrangeiros que tiveram ou tem estratégias nacionais de presença no esporte internacional.

A Inter de Milão é controlada pelo grupo chinês Suning, que chegou ao clube no momento de fortes investimentos de empresários chineses em aquisições na Europa – Granada, Southampton, Milan, Wolverhampton, entre outros.

Já o Manchester City é controlado por um fundo árabe, que entrou com força no futebol comprando clubes – PSG e Newcastle são outros exemplos – e agora investindo na contratação de atletas famosos para o futebol local, na Arábia Saudita. O mesmo que os chineses fizeram há alguns anos, e desfizeram na sequência.

Enquanto a Inter de Milão é um dos poucos que ainda fazem parte da investida chinesa, o Manchester City é ícone da invasão árabe. Quem vencerá a Champions League: a tradição ou a novidade? Chineses ou Árabes? Italianos ou Ingleses? Nada disso importa. Num ambiente global como é o futebol, esperamos apenas um grande jogo.