- Home
- Finanças
- Planejamento financeiro
- O Brasil pode enfrentar estagflação?
O Brasil pode enfrentar estagflação?
-
O termo estagflação vem assustando os investidores brasileiros
-
É preciso identificar de onde vêm as maiores pressões à sua carteira
Com a inflação subindo e o ritmo da economia desacelerando, o termo estagflação começou a ganhar espaço nas manchetes. Um cenário de preços altos enquanto a atividade econômica derrapa impacta todos os brasileiros. Diante disso, é preciso ficar atento. Você está preparado, caso a estagflação de fato se instale no Brasil?
O Brasil vai enfrentar estagflação?
Economistas ouvidos pela Inteligência Financeira acreditam que este é um cenário difícil de ser criado no Brasil. A inflação é a parte que mais preocupa na equação e só deve voltar ao centro da meta em 2023. Mas a estagflação se torna difícil quando os especialistas consideram o crescimento econômico, que deve acontecer em 2022, mesmo que pequeno.
“A expectativa é que com os altos índices de vacinação haja uma retomada da economia”, diz Claudia Yoshinaga, economista e professora da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Carlos Caixeta, economista e consultor empresarial, acredita que o crescimento da economia brasileira dará impulso à atividade em 2022, levando o crescimento a algo entre 0,5% e 1%. “Sairemos da inércia do terceiro trimestre com melhora dos níveis de consumo no varejo e setor de serviços”, prevê.
Portanto, a estagflação até aparece no radar, mas ainda não apresenta riscos reais de se concretizar. Isso não significa, porém, que o cenário é bom. O Brasil vive longe do melhor dos mundos, que tem inflação baixa e crescimento alto. Vemos um desemprego persistente, alta dos preços que deve permanecer no ano que vem e pouca confiança na responsabilidade fiscal do governo. Por isso, é hora do investidor pensar no que fazer durante a crise.
Fase 1: Reserva mais robusta
Diante do cenário desafiador, é comum que as pessoas deixem de consumir. Inclusive, a ação do Banco Central de aumentar a Selic para 7,75% ao ano desencoraja o consumo. Ou seja, além da reação natural de poupança, temos a autoridade monetária do país travando o consumo.
Para os especialistas, é hora de focar na reserva de emergência. “Nunca falamos tanto sobre a reserva de emergência. Ter um fôlego de caixa de alta liquidez para necessidades emergenciais é um primeiro passo (do planejamento na crise)”, explica Claudia Yoshinaga. A professora da FGV defende que é hora de pensar em esticar a reserva de emergência. A recomendação de ter em caixa de três a seis meses dos gastos fixos é trocada por seis a um ano em tempos de crise na opinião da economista.
Ao pensar em esticar a reserva, o investidor precisa ter em mente que está pagando um custo de oportunidade, porque há outros investimentos com menor liquidez, mas rentabilidade maior que os tradicionalmente usados para a reserva de emergência. Pensando nisso, o economista Carlos Caixeta recomenda que o investidor avalie aplicações com retorno no longo prazo, como cursos que podem mudar sua carreira profissional. É uma forma de se proteger da deterioração da renda.
Fase 2: proteção
Por falar em proteção, uma crise econômica exige que as pessoas pensem nos fatores que mais apresentam risco ao patrimônio. A partir daí vem a segunda fase da estratégia de defesa da carteira de investimentos.
Hoje, a inflação e o câmbio são dois fatores de enorme pressão na economia brasileira. Portanto, pode ser uma boa levar em conta investimentos que te protejam do avanço dos preços e do dólar.
Para isso, o investidor pode procurar títulos públicos e privados atrelados à inflação. Eles farão com que seu dinheiro não perca valor, como na poupança, e ainda vão remunerar acima do reajuste de preço no longo prazo. Nos títulos públicos estão os ativos do Tesouro IPCA. Na área privada, alguns CDBs estão pagando a inflação acumulada mais um prêmio.
Para o investidor mais experiente e arrojado que planeja uma viagem ao exterior ou até um intercâmbio, os fundos cambiais são uma opção de dolarizar os investimentos e não sofrer tanto com o valor alto do dólar, que deve continua acima dos R$ 5 pelo menos até as eleições presidenciais de 2022.
Mesmo quem não pretende sair do Brasil nos próximos meses pode pensar em investir em dólar, se o perfil de risco for compatível, claro. “Por mais que você não tenha o hábito de consumir algo importado, muitas coisas do seu cotidiano estão atreladas ao dólar, como o trigo, que é importado”, explica Claudia Yoshinaga, da FGV.
Leia a seguir