Golpista do Tinder: como se proteger de golpes em aplicativos de relacionamento

Documentário mostra crime de estelionato amoroso e vulnerabilidade de vítimas
Pontos-chave:
  • Em geral, o golpista começa pedindo para que a vítima pague uma conta
  • Eles fazem promessas, pressionando para tirar algum bem ou valor da pessoa

O documentário “O Golpista do Tinder”, da Netflix, conta a história real do israelense Shimon Hayut, que se apresentava no aplicativo de relacionamentos como o milionário russo Simon Leviev. Em seu perfil, eram frequentes fotos de viagens em jatinho particular, jantares caros e uma vida rodeada de luxo. O homem era, na verdade, um golpista. Estima-se que Hayut tenha roubado mais de US$ 10 milhões de suas vítimas.

O que é o estelionato amoroso

A prática criminosa é conhecida como estelionato amoroso e não necessariamente precisa acontecer em algum aplicativo de relacionamento. Existem casos de estelionatos em que o “casal” começa a se relacionar através de grupos de idiomas ou em outros ambientes, sejam on-line ou não. Aline Bak, especialista em comportamento na web e em marketing digital, conta que o uso de aplicativos de relacionamento, como o Tinder, aumentou significativamente durante a pandemia.

Procure informações sobre a pessoa

Bak adverte que, ao conhecer alguém virtualmente, é importante tentar checar se a pessoa, de fato, existe. Procurar informações com o nome e sobrenome do pretendente no Google é algo imprescindível a se fazer. Buscar outras mídias e outras redes sociais também são fatores importantes para definir a presença digital dessa pessoa, as conexões, os locais onde frequenta e até onde trabalha. “Não é recomendado marcar um encontro logo de cara. É melhor fazer chamadas de vídeo, buscar outras informações sobre a pessoa, manter um contato por um tempo e buscar construir um relacionamento”, recomenda a especialista. Segundo a delegada de Polícia, Fernanda Herbella, não há um perfil específico buscado por golpistas, mas geralmente são pessoas solitárias, com dificuldade de relacionamento, que sofrem de alguma carência afetiva e isso colabora para a aplicação do crime, mas não é uma regra.

Como eles pedem dinheiro

Herbella ressalta que é importante atentar-se a possíveis artimanhas que os golpistas usam ao pedir dinheiro, como pagamento de alguma conta, transferências para contas de terceiros e compra de algum bem. “Os golpistas acabam dando algum sinal, pois eles têm um objetivo econômico, que é o principal fator”.

O que você deve fazer

Segundo Herbella, o primeiro entrave a ser desfeito é a vítima deixar a vergonha de lado e buscar ajuda. A delegada ressalta que no Estado de São Paulo há uma grande facilidade, que é o boletim de ocorrência (B.O.) on-line, em que a vítima não precisa nem sair de casa para registrar o ocorrido e pode ser feito a qualquer momento do dia e de graça. Em casos em que a vítima sofreu o golpe, não há um valor mínimo estipulado que caracterize o crime. A delegada explica que entre um relacionamento verdadeiro, pode haver o pagamento de alguma coisa, mas a relação continua.

Como os golpistas agem

No caso de golpes, os criminosos têm uma única finalidade, que é tirar alguma vantagem da vítima. “Em muitos casos, o golpista usa histórias bastante convincentes e vai fazendo promessas para a vítima, sempre pressionando e tentando tirar algum bem ou valor da vítima, seja através de emissão da passagem aérea, pagamento de alguma conta, veículos ou imóveis”, destaca a delegada.

Quais provas juntar para facilitar a denúncia

Para facilitar a denúncia, ao fazer o B.O. as vítimas podem reunir o máximo de provas que conseguir, como comprovantes de transferências bancárias, conversas no WhatsApp ou em outros aplicativos, trocas de e-mail, pagamentos de contas em nome de terceiros e o que mais for possível juntar para aumentar as chances de punir o criminoso.

Apesar de rastrear esses criminosos ser uma tarefa árdua para a polícia, Herbella afirma que é importante fazer o B.O. e anexar todas as provas possíveis, pois grande parte dos criminosos cibernéticos deixa rastros e a investigação, ainda que demorada, pode ter impactos maiores, como prender o criminoso – ou o grupo -, evitando que outras pessoas também caiam nesse tipo de armadilha.