Crédito rotativo: saiba como funciona e por que você deve fugir dele
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou na quinta-feira (10) que o crédito rotativo no cartão deve ser extinto. Enquanto essa, digamos, “praga” das finanças pessoais não chega ao fim, entenda por que você deve se afastar dela como o diabo foge da cruz.
O que é o crédito rotativo?
O crédito rotativo é oferecido ao titular do cartão que não consegue pagar a totalidade da fatura até a data de vencimento. O valor que não foi quitado, então, passa para a fatura do mês seguinte. Sobre esse montante, portanto, são cobrados os juros rotativos.
O grande problema é que essas taxas são, normalmente, as mais altas do mercado. Atualmente, os juros do rotativo estão em 437% ao ano, enquanto o parcelado do cartão está em 196,1% ao ano. Há instituições, inclusive, que chegam a cobrar mais de 1.000%.
Para fins comparativos, a taxa Selic, considerada alta pelo governo e empresários, está em 13,25%.
Apesar das altas taxas, o uso do rotativo do cartão de crédito mais do que dobrou nos últimos três anos. Entre junho de 2020 e junho de 2023, a concessão cresceu 108%, alcançando R$ 30,2 bilhões, de acordo com o BC.
Rotativo menos abusivo
Existem algumas medidas para tornar o uso do crédito rotativo menos abusivo. Até o ano 2017, porém, os bancos tinham autorização para oferecer cartão de crédito rotativo de maneira ilimitada.
Logo, isso gerava um efeito bola de neve, ou seja, muitos clientes também não conseguiam pagar a fatura no mês seguinte. Isso porque os juros elevavam o valor total da dívida.
A partir da nova dinâmica aprovada pelo CMN, entretanto, o limite máximo para a utilização do rotativo passou a ser de 30 dias.
Não consegui pagar o total da fatura, e agora?
Caso o consumidor não consiga pagar o valor total da fatura com o crédito rotativo a tempo, a instituição financeira tem a obrigação transferir essa dívida para alguma opção mais barata ao cliente. Entre as opções estão o crédito parcelado e outras modalidades de empréstimo pessoal com juros menores.
Por que o governo quer acabar com o crédito rotativo?
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem cobrado a redução das taxas do crédito rotativo, por entender que elas prejudicam os mais pobres. Haddad disse, no último dia 2, que os juros do cartão de crédito rotativo vão cair. As taxas, entretanto devem permanecer altas até que o governo chegue a um consenso com os bancos e a um “sistema mais saudável”.
“O desenho [do crédito do cartão rotativo] está prejudicando muito a população de baixa renda. Uma boa parte do que pessoal que está no Serasa hoje é por conta do cartão de crédito. Não só, mas é também por cartão de crédito. E as pessoas não conseguem sair do rotativo. É preciso encontrar um caminho negociado como fizemos com a redução do consignado dos aposentados”, declarou o ministro no mês passado.
Na quinta-feira (10), o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campo Neto, disse que, em até 90 dias, o BC deve apresentar uma solução para o “grande problema” que é o cartão de crédito. E a solução que está se encaminhando é o fim do rotativo, com o crédito indo direto para o parcelamento, com uma taxa ao redor de 9% ao mês.
Como evitar o endividamento com o crédito rotativo?
Mesmo entendendo o risco de “deixar para o mês que vem”, às vezes, as contas não fecham e não há outro jeito: você vai cair no rotativo. É importante, entretanto, saber que existem outras opções e saídas para você. A seguir, confira dicas de como evitar o endividamento com o rotativo.
Tenha um plano de gastos
Sem planejamento, você dificilmente terá sucesso em qualquer área envolvendo finanças e investimentos. Faça um orçamento mensal e planeje seus gastos de acordo com sua capacidade financeira. Isso ajudará a evitar gastos excessivos no cartão de crédito.
A boa e velha planilha de gastos é uma mão na roda para manter o controle e evitar os exageros.
Acompanhe a fatura do cartão de crédito
Ao longo do mês, acompanhe como está a sua fatura e quanto disponível você ainda tem para não gastar além da conta. Crie uma rotina de olhar, no mínimo, uma vez por semana o aplicativo do seu cartão. Caso você faça todas as compras por meio do crédito, vale ficar de olho na fatura diariamente.
Evite saques em dinheiro
O saque com o cartão de crédito possui taxas altas de juros, além de não possuir um período de carência para isenção de juros.
Tenha uma reserva de emergência
Separe um valor todo o mês, mesmo que seja pouco, e deixe rendendo em um investimento de liquidez diária. Se a situação apertar, você poderá usar a reserva de emergência e assim evitar o uso do crédito rotativo.
Avalie outras opções de crédito
Estude quais opções você tem antes de se jogar no rotativo. Por isso, entre em contato com a instituição financeira responsável pelo seu cartão para entender quais outros tipos de empréstimos mais baratos eles têm para lhe oferecer.
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