Um aliado relevante na agenda ESG

Diversas frentes atuam em prol dos investidores e do meio ambiente

Quando começamos a investir nos deparamos com diversas estratégias, classes de ativos e estilos de gestão para expressar o nosso objetivo de investimento.

Nesse ecossistema podemos dizer que existem duas formas estabelecidas como porta de entrada para investirmos: o chamado investimento ativo, onde se espera que a estratégia supere de forma consistente o benchmark de referência produzindo o chamado alpha do mercado, e o investimento indexado, no qual se espera que a estratégia siga de forma fidedigna a performance do benchmark de referência, sendo classificado como o beta do mercado.

Qual é a estratégia do gestor?

Ao refletirmos sobre o investimento responsável, tendemos a alinhar essa temática apenas ao investimento ativo, justamente pela habilidade de comprar ou vender os ativos de forma discricionária, o que permite influenciar as empresas a se dedicarem as questões ESG.

Se um gestor ativo identifica determinada oportunidade de investimento combinada com a oportunidade de promover algum tema relacionado a agenda ESG ele adiciona o ativo a sua estratégia.

Por outro lado, se for identificado algum ponto que vai na contramão de boas práticas ESG aliado a um menor apetite pela tese de investimento defendida até então, o gestor pode considerar eliminar o ativo de seu portfólio.

Ao realizar essa venda, acontece o que chamamos de desinvestimento, fato que pode ocorrer no nível do ativo sendo possível sua expansão para determinado setor e/ou geografia.

Existe um debate importante sobre essa prática, aprofundando os impactos e ponderando as consequências desta estratégia o qual irei explorar em outra oportunidade.

EUA são protagonistas

O investimento indexado tem apresentado crescimento relevante nas mais diversas geografias, tendo o seu protagonismo sendo exercido no mercado americano, principalmente com o desenvolvimento da indústria de ETFs (fundos abertos com a cota negociada em bolsa).

São estratégias mandatadas para seguirem índices e tem como foco de sua performance a replicação exata do benchmark.

Fica claro dessa forma que o desinvestimento não é uma estratégia factível para esses gestores, uma vez que ao seguir essa linha se desviarão do seu dever fiduciário de replicar determinado índice.

Pois então, como essa indústria consegue ser uma alavanca relevante na agenda ESG?

O que é o Stewardship

Temos no chamado Stewardship, um pilar importante para promover questões relevantes quando pensamos em Investimento Responsável. Stewardship representa a excelência na gestão de recursos e diligência junto às empresas investidas, promovendo pautas relevantes por meio de voto em assembleias e engajamentos.

Segundo o PRI (Princípios para o Investimento Responsável), este conceito reflete o uso de influência por parte dos investidores para maximizar a geração de valor no longo prazo, incluindo o valor de ativos econômicos, sociais e ambientais, dos quais depende a sustentabilidade do lucro das empresas.

Nesse contexto, a primeira ferramenta que surge é o chamado engajamento, o qual pode ser individual ou coletivo. Os gestores das estratégias indexadas passam a ter um diálogo produtivo com as diversas empresas nas quais detém participação como forma de promoverem melhores práticas ESG.

Essa vertente tem sido impulsionada pois tanto investidores quanto empresas estão cada vez mais interessados na construção de uma pauta comum a fim de tornar os negócios perenes e sustentáveis no longo prazo.

Questionamento da sociedade

Além disso, a própria sociedade questiona de forma mais ampla o papel e assim o impacto das organizações em seu dia a dia, fomentando a necessidade de uma maior transparência e/ou eventuais rearranjos de rota sobre os processos produtivos e formas de atuação.

Outra forma extremamente relevante de atuação da indústria indexada na jornada ESG diz respeito ao exercício do direito de voto. Trata-se de indústria relevante em termos de ativos sob gestão, e assim ela tem participação significativa nas empresas investidas, conseguindo direcionar as pautas e indicações nas assembleias. Conseguem, por exemplo, influenciar positivamente por mais transparência em programas de remuneração, atuar na promoção da diversidade e aumento de membros independentes nos conselhos.

Estratégias ESG

Uma outra forma desta indústria alavancar o tema ESG diz respeito à promoção das estratégias com essa temática.

Através desta forma de aplicação, os investidores conseguem ter acesso a temas como Água, Hidrogênio e Economia Verde podendo alinhar seus investimentos a agendas especificas de forma objetiva, simples e transparente.

Além destas, as estratégias indexadas com foco em ESG conseguem ainda engajar com os provedores de índices para atuarem em eventos específicos e/ou refinarem os critérios utilizados para a construção dos índices.

Dessa forma conseguem ir refinando as respectivas metodologias de forma a considerarem as empresas que melhor se alinhem ao propósito da estratégia, gerando o incentivo de que as próprias empresas sigam aprimorando suas estratégias de atuação.

Percebemos assim a força e amplitude que os investimentos indexados têm quando pensamos em Investimento Responsável. São várias as frentes em que esses agentes podem atuar, contribuindo de forma positiva para alavancar a temática ESG e possibilitando que os investidores alinhem seus propósitos pessoais aos seus investimentos.

Todo esse dinamismo vai contra a percepção de serem simplesmente investimentos passivos pois como vimos, existem diversas frentes e formas de atuarem em prol dos investidores, de suas investidas e assim da sociedade e do meio ambiente de forma mais ampla.

Elemento importante nesse contexto refere-se à transparência e prestação de contas destes fundos para seus investidores como forma de impulsionarem suas práticas ESG criando um círculo virtuoso.

E você, já cobrou o seu gestor?