Ações da Oi (OIBR3; OIBR4) em forte oscilação: é hora de comprar?

Antes de tomar sua decisão, saiba o que está em jogo e veja a recomendação dos analistas

Se em janeiro de 2023 o mercado foi abalado pelo rombo na Americanas (AMER3), fevereiro começou com uma má notícia com a Oi (OIBR3; OIBR4) no centro. A empresa entrou com pedido de tutela de urgência cautelar na Justiça do Rio de Janeiro, no contexto das discussões e tratativas com credores da empresa, envolvendo uma potencial renegociação de certas dívidas.

Por consequência, o valor das ações da empresa despencou, abalando a bolsa de valores brasileira. Porém, houve uma recuperação da empresa na bolsa e um acúmulo de altas seguidas, com valorizações diárias que chegaram perto de 30%.

Diante dessa forte oscilação, vale a pena comprar ou manter as ações na carteira? Antes de chegar à resposta, é preciso entenda a crise pela qual a companhia passa – e que parece estar bem longe do fim.

O que é a Oi? 

Fundada oficialmente em 2002, a história da Oi remete ao ano de 1998, com a privatização da Telebrás. Em 2008, a empresa lançou o serviço de telefonia móvel no estado de São Paulo. No ano seguinte, adquiriu a Brasil Telecom (BrT), assumindo o controle em 2010 e passando a atuar em todo o território nacional.

A companhia de telecomunicações atua na prestação de serviços de banda larga, TV por assinatura e transmissão de voz local e de longa distância. Além de atendimento ao mercado varejo, a empresa também oferece soluções de TI, hospedadas em plataforma de computação em nuvem.

Aquisição de participação da Portugal Telecom

Em 2013, a Oi formalizou a aquisição de participação da Portugal Telecom. A operação foi conturbada, envolvendo rombos financeiros e calotes, resultando na venda dos ativos portugueses em 2015.

Naquele ano, a empresa teve um prejuízo que alcançou o patamar dos bilhões e, por conseguinte, entrou com um pedido de recuperação judicial em 2016. A aprovação ocorreu, de fato, somente em 2018, resultando na reestruturação da dívida da companhia. 

A partir de 2019, a empresa redirecionou o seu foco para os serviços de fibra óptica. Outra mudança foi a saída do mercado de telefonia móvel, com a conclusão das vendas de UPIs ativos móveis em 2022.

Em 15 de dezembro de 2022, a Oi anunciou o fim do seu processo de recuperação judicial, após seis anos de duração. Na ocasião, a companhia revelou que conseguiu pagar dívida de R$ 4,6 bilhões junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), entre outros passivos.

Em mais um capítulo da crise, no dia 1º de fevereiro de 2023, a Oi entrou na Justiça com pedido de proteção contra credores em caráter preparatório para uma segunda recuperação judicial.

Como estão as ações da Oi (OIBR3; OIBR4)?

As ações ordinárias da Oi (OIBR3) fecharam o pregão do dia 2 de fevereiro de 2023 com queda de 31,77%, cotadas a R$ 1,61. Já as preferenciais (OIBR4) desvalorizaram 27,55%, a R$ 3,68.

O movimento aconteceu após a empresa confirmar que entrou com pedido de tutela de urgência na Justiça do Rio de Janeiro, envolvendo uma potencial renegociação de certas dívidas.

Sendo assim, o resultado colocou as ações da Oi entre as piores do pregão da B3

Entenda o pedido de proteção contra credores da Oi (OIBR3; OIBR4)

A Oi (OIBR3; OIBR4) entrou no dia 1º de fevereiro de 2023 na Justiça com pedido de proteção contra credores em caráter preparatório para uma segunda recuperação judicial. O primeiro processo de recuperação durou quase seis anos e meio e foi encerrado em dezembro passado.

“Apesar do inquestionável sucesso da primeira recuperação judicial, que, por meio da mudança de seu plano estratégico de atuação, com novo foco de operações voltado a serviços de fibra ótica e incluindo a transferência para outros investidores de parte de seus negócios, permitiu a redução substancial de seu endividamento total, a estrutura de capital da companhia continua insustentável. São, aproximadamente, R$ 29 bilhões apenas em dívidas financeiras”, argumentam os advogados da operadora.

A Oi vinha negociando a reestruturação de sua dívida, mas não conseguiu chegar a um acordo final com seus principais credores financeiros. Conforme seu pedido à Justiça, a operadora tinha a obrigação de pagar, em curtíssimo espaço de tempo, centenas de milhões de reais relativos a obrigações financeiras.

“O não pagamento de mais de R$ 600 milhões que vencem em 5.2.2023, dentre os quais mais de US$ 82 milhões devidos a título de juros para os bondholders [detentores de bônus], acarretaria o vencimento antecipado da quase totalidade da dívida financeira acima apontada, por conta das cláusulas de vencimentos antecipado e cruzado previstas em seus contratos financeiros”, esclarecem os advogados da Oi no texto.

Dívida total da Oi (OIBR3; OIBR4) é de R$ 30 bilhões

A operadora Oi (OIBR3 e OIBR4) apresentou à 7ª Vara Empresarial do Rio sua lista de credores. De acordo com o documento, a empresa apresenta 14 credores e uma dívida total de R$ 29,751 bilhões. Os valores se referem à dívida consolidada da empresa em 31 de dezembro de 2022.

O maior credor da operadora na relação é o Bank of New York Mellon, que aparece como trustee, ou seja, que administra títulos de dívida da Oi adquiridos por uma série de investidores. Ao todo, a instituição aparece como credora de US$ 1,73 bilhão do banco, o equivalente a R$ 9 bilhões.

Entre os bancos nacionais, o que tem maior exposição é o Itaú BBA. A dívida da empresa com a instituição financeira é de R$ 2 bilhões.

Como comprar ações da Oi (OIBR3; OIBR4)?

As ações do Grupo Oi (OIBR3; OIBR4) podem ser negociadas pelo banco do qual se é correntista ou diretamente na bolsa de valores por intermédio de uma distribuidora de valores mobiliários ou por uma corretora oficial de valores.

Diferença das ações OIBR3; OIBR4

A principal diferença é que as ações OIBR3 são ações ordinárias e dão direito a voto nas assembleias da empresa. Ou seja, quem tem a maioria dessas ações tem o controle da companhia.

Já as ações OIBR4 são as preferenciais. Isso significa que elas possuem preferência na distribuição dos dividendos, apesar de as ações ordinárias também pagá-los.

Vale a pena investir em ações da Oi (OIBR3; OIBR4)?

Com o preço das ações da Oi (OIBR3 e OIBR4) lá em baixo, será que vale a pena investir nesses ativos? Em primeiro lugar, é importante ter em mente que grande parte das ações muito baratas são de companhias que passam por problemas administrativos ou estão em processo de falência. Ou seja, a priori, não estamos falando de ativos nos quais vale investir.

“Empresas em recuperação judicial , como a Saraiva, ou que saíram recentemente da recuperação judicial, casos da Triunfo e da Oi, chegaram a um ponto em que não conseguiam mais conciliar os gastos para manter suas operações com os pagamentos das suas obrigações (dívidas). Portanto, com os seus resultados impactados e sem uma perspectiva de recuperação, o mercado acabou ‘punindo’ essas ações”, afirmou Fabiano Vaz, sócio e analista de ações da Nord Research, à Inteligência Financeira.

Agências de classificação de riscos rebaixam ratings da OI (OIBR3;OIBR4) 

Além disso, duas das principais agências de classificação de riscos rebaixaram os ratings de crédito da Oi (OIBR3; OIBR4). A Fitch Ratings mudou os ratings de crédito da operadora de telefonia de “CC” para “C”, após a 7ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro conceder proteção contra os credores da companhia.

A Fitch considerou a liminar concedida pelo TJ-RJ que permite à Oi suspender a exigibilidade de suas obrigações por trinta dias como um standstill (suspensão temporária de pagamentos), uma vez que a capacidade de pagamento da Oi ficou irrevogavelmente prejudicada.

A agência destacou que a alavancagem financeira da Oi é insustentável, com liquidez fraca. Por fim, a Fitch comentou que ações de rating positivas são improváveis antes que uma possível reestruturação da dívida ocorra.

S&P Global Ratings

A proteção contra os credores da Oi também levou a agência de classificação de riscos S&P Global Ratings a rebaixar os ratings de crédito da empresa.

A nota passou de “CCC-” (de risco de não pagamento de suas dívidas) para “D”, dada a empresas em situação de default. Para a agência, a Oi vem apresentando métricas de crédito abaixo da média. Além disso, afirma que sua estrutura de capital é insustentável e aponta para outra reestruturação da dívida.

“O pedido de tutela cautelar da Oi sugere que as negociações demoraram mais do que o esperado, levando a empresa a agir para proteger sua posição de caixa e suas operações”, diz a S&P Global Ratings.