Investimentos: Os sonhos trazidos à realidade – uma reflexão sobre ‘The Sandman’

A série disponível na Netflix é uma fábula moderna que usa o terror e o deslumbramento para provocar reflexões essenciais (até sobre as suas aplicações)

The Sandman apresenta um protagonista inusitado: o próprio Senhor dos Sonhos, responsável pelo domínio de tudo o que está ligado ao mundo onírico: os sonhos, os pesadelos, os devaneios, as inspirações, as ideias…

Morpheus, nome que o personagem carrega desde a Grécia Antiga, não é um Deus. É mais que isso. Ele não representa um aspecto cultural de uma população humana, mas, sim, uma propriedade universal que perpassa todas as criaturas da Terra e, por que não, do Universo. E, sendo ele o próprio Sonho, até mesmo daquelas que só existem na imaginação.

E por que não acreditar que o ato de investir também está ligado ao sonhar? Quando investimos, damos peso físico aos nossos sonhos e podemos construir uma realidade mais bela para nós.
É a capacidade de sonhar com um futuro melhor, com uma vida de prosperidade, com a felicidade de nossa família que faz o esforço valer a pena.

The Sandman, série que estreou recentemente na Netflix, é uma fantasia, mas o seu grande valor está em criar fábulas tão variadas quanto os próprios sonhos. Histórias às vezes singelas e humanas, às vezes assustadoras e sombrias, mas sempre com toque poético e uma reflexão profunda e impactante.
Uma dessas reflexões, em especial, diz muito sobre a maneira como nós lidamos com nossas vidas – claro – mas em específico, como nós lidamos com nossos investimentos.

Para abordá-la, terei que narrar um pequeno momento da série, um spoiler, mas garanto que é algo menor, que não prejudica a experiência de assistir a essa obra-prima:
Enfraquecido e precisando recuperar suas armas, Morpheus tem um duelo no próprio Inferno e se vê emboscado por todos os demônios. Nesse momento, Lúcifer, cheio de malícia, o provoca: “Que poder tem o Sonho no Inferno?”.

Eis que Morpheus responde: “Indaguem-se todos vocês, que poder teria o Inferno se aqueles confinados aqui não fossem capazes de sonhar com o Paraíso?”.

Que reflexão arrebatadora!

Se é essa capacidade de sonhar que dá peso aos momentos difíceis, que faz com que não fiquemos frios e indiferentes, também são esses momentos de perda que podem prejudicar o caminho para o nosso Paraíso pessoal.

Nos investimentos, isso acontece nos momentos em que as perdas momentâneas e imediatas nos induzem a trocar toda uma carteira, abalar uma estratégia sólida, por receio da tormenta. Ocorre quando o peso do Inferno se torna maior que a promessa do futuro abençoado.

Como disse Paulo Coelho, “a felicidade às vezes é uma benção, mas geralmente é uma conquista”.
Para atingir seus objetivos, é necessário construir uma visão de longo prazo e entender quais riscos você está disposto a correr.

É fundamental entender que tipo de investidor você é: mais conservador, prefere um caminho calmo e suave; ou mais agressivo, que prefere as trilhas tortuosas e uma paisagem mais árdua, mas que pode lhe levar mais rápido e mais longe…

Saber a que ponto se quer chegar também é essencial, pois ajudará a definir quais instrumentos te levarão até lá.

Uma viagem ao exterior, no fim do ano, pede investimentos pós-fixados e cambiais… Uma aposentadoria daqui a quatro décadas permite investir em indexados à inflação, em ações, em previdência… Um objetivo de renda mais imediata pode levar aos imobiliários…

E entender que todo caminho terá seus momentos de agrura fará você valorizar a diversificação da sua carteira.

Se você sabe o seu caminho (e seus objetivos e prazos) e conhece sua natureza (e seu perfil de investidor), não deixe que as oscilações naturais da vida e do mercado tirem sua visão do que realmente importa: os seus sonhos.

Por Gabriel Padovesi, CFP e colunista íon. Artigo originalmente publicado na coluna ‘Sinapses’, no Feed de Notícias do íon Itaú. Para ler este e outros conteúdos, acesse ou baixe o app agora mesmo.