COP26: O que você, investidor, tem a ver com isso?

A conferência de clima da ONU levanta tópicos importantes sobre sustentabilidade, governança e meio ambiente – temas que também se tornaram pauta quando o assunto é investimentos
Pontos-chave:
  • Representantes de quase 200 países estarão em Glasgow, na Escócia, para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26), que começa no domingo (31/10)
  • A conferência servirá como uma grande vitrine para os países que têm avançado no compromisso firmado no Acordo de Paris
  • Os eventos climáticos já estão impactando as empresas e a economia – afirma Renato Eid, superintendente de estratégia beta e integração ESG da Itaú Asset

Neste domingo (31) começa a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP26). O evento acontecerá em Glasgow, na Escócia, e reunirá governos de quase 200 países, autoridades, profissionais de ciência e ambientalistas para traçar estratégias de combate às mudanças climáticas no mundo. Serão 12 dias de debates e negociações sobre o futuro do planeta.

E o que você, investidor, tem a ver com isso? Segundo Daniele Silva, líder de Sustentabilidade da consultoria Grant Thornton Brasil, a conferência servirá como uma grande vitrine para os países que têm avançado no compromisso firmado no Acordo de Paris – tratado internacional criado na COP21 para frear o aquecimento global. 

“Para os investidores, é importante acompanhar a COP26 para entender quais são os países que estão realmente comprometidos com o acordo, suas práticas, e também os que estão engajados em fazer sua parte. O encontro pode trazer diretrizes importantes, especialmente sobre a matriz energética, e pode abrir oportunidades interessantes no mercado de créditos de carbono, que ainda tem pouca liquidez”, explica Daniele.

Além disso, segundo a especialista, as finanças são essenciais para evitar os piores efeitos das mudanças climáticas e para alcançar a ambição total do Acordo de Paris, tanto em termos de medidas políticas quanto de fundos necessários para que as promessas tenham chances de sucesso. “Para alcançar essas metas, toda firma financeira, todo banco, seguradora e investidor terá grande importância”, ressalta.

Sustentabilidade como pauta nos investimentos

A conferência da ONU levanta tópicos importantes sobre sustentabilidade, governança e meio ambiente – temas que também são pautas quando o assunto é investimentos. “Nos últimos anos vimos um aumento do interesse dos investidores sobre esse tema. É natural que as questões ambientais e sociais tenham importância, principalmente para aqueles que pensam a longo prazo. Os eventos climáticos já estão impactando as empresas e a economia”, ressalta Renato Eid, superintendente de estratégia beta e integração ESG da Itaú Asset. 

Segundo Eid, o investidor está criando consciência do poder que tem ao aliar os investimentos a seus propósitos. “Isso é uma coisa que já tínhamos como consumidores. Nós sabemos do poder de fomentar uma marca e promover um produto ligado a questões sustentáveis. Agora esse racional passou a permear o campo dos investimentos”.

De acordo com Daniele Silva, da Grant Thornton, o mesmo fenômeno pode ser observado em outros mercados financeiros, como o europeu, o canadense, o australiano, o japonês e o neozelandês. “Globalmente, os fundos que levam em consideração o ESG cresceram substancialmente em 2019 e 2020″, afirma Daniele. Projeções da Bloomberg indicam que os ativos ESG globais devem atrair mais de US$ 53 trilhões até 2025, representando mais de um terço dos US$ 140,5 trilhões em investimentos. 

Para Renato Eid, é possível aliar rentabilidade e sustentabilidade. “Vendo a notoriedade que esse tema ganhou e tendo essa consciência, lançamos em 2009 o nosso primeiro fundo de ações ESG. A partir disso, buscamos novas estratégias e opções para trazer aos investidores”, explica. Hoje o banco oferece diversos produtos para quem quer apostar no investimento sustentável, como os ETFs ISUS11 e YDRO11 e os fundos Itaú Index ESG Energia Limpa e Itaú Index ESG Água.

Apesar de estar nos holofotes, o tema anda em constante evolução. Na visão de Renato Eid, os investidores estão criando consciência e entendendo mais sobre o cenário, assim como gestores e instituições. “É uma construção. Uma das coisas que temos plena consciência é de não ter todas as respostas prontas. Estamos aprendendo todos os dias. Mas uma coisa é certa: é um movimento que não tem volta”.