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Como ganhar dinheiro com as contas a receber de uma empresa? Resposta: investindo em FIDC
Investimentos em Fundos de Direitos Creditórios (FIDC) passaram a ser uma nova opção para pessoas com aplicações pequenas ou moderadas, que desejam ampliar suas opções na renda fixa. Em dezembro, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) permitiu o acesso do pequeno e médio investidor aos Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs).
Anteriormente, a modalidade estava acessível apenas a grandes investidores, profissionais ou qualificados. Mas a Resolução 175 da CVM, publicada no último dia 23, ampliou o acesso a essa opção.
O que é o FIDC?
Dito isso, vale entender, primeiramente, o que é FIDC para, depois, compreender como investir nessa modalidade.
O FIDC é um investimento de renda fixa que inclui vários tipos de recebíveis das empresas, como cheques, notas promissórias, aluguéis e cartões de crédito.
Tudo isso pode ser transformado em títulos pelas empresas. E aí, então, os títulos são vendidos aos investidores como forma de a empresa antecipar o recebimento desses valores em troca de um pagamento de juros.
Com a mudança imposta pela CVM, o investidor comum também passou a ter acesso a esses créditos, transformados em títulos, da mesma forma que adquire outros investimentos em renda fixa.
No vídeo abaixo, o advogado José Roberto Meirelles, especialista em mercado de capitais e fundos de investimento e coordenador na área no escritório Silveiro Advogados, explica como funciona o FIDC:
Rentabilidade
Segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), os FIDCs apresentaram resultado acima da média no primeiro semestre de 2022.
Os fundos de renda fixa como um todo valorizaram 18% no período. Enquanto isso, os fundos multimercados se mantiveram estáveis. Já o patrimônio dos fundos de ações diminuiu 32% no primeiro semestre de 2022.
No mesmo período, o patrimônio líquido dos FIDCs cresceu em ritmo mais acelerado que o das demais classes, com avanço de 25%.
Benefícios das novas regras
O balanceamento de atividades de gestor, administrador e custodiante também deve trazer benefícios ao mercado de fundos de direito creditório, com uma “atribuição mais equânime” das responsabilidades das partes envolvidas na oferta desse produto. A opinião é de Cristiano Greve, gestor da Integral Investimentos.
“Adicionalmente, é possível definir prazos de resgate de quotas mais flexíveis, o que facilita a criação de fundos abertos com prazos de resgate compatíveis com investidores de varejo”, afirma Greve.
Além disso, os grandes investidores também se beneficiarão das novas regras, afirma o gestor. “O principal benefício para os grandes e institucionais é o provável crescimento da classe de ativo dos FIDCs, de forma que prospere o mercado secundário e melhore a precificação das transações”, avalia.
Como os FIDCs beneficiam empresas?
A venda antecipada de recebíveis serve, geralmente, para que empresas de diversos setores obtenham crédito e financiem as suas atividades. Como elas têm dívidas, os recebíveis são convertidos em títulos de valores futuros, que então são repassados a um fundo de investimento por meio de securitização.
Essa injeção de recurso financeiro imediato geralmente é acompanhada de juros elevados e beneficia empresas que encontram dificuldades em obter crédito por vias bancárias convencionais.
E os investidores, como ganham?
Se essa modalidade de financiamento pode custar mais caro às empresas do que um crédito tradicional, para o investidor, o potencial de ganho é maior, com a opção de obter rentabilidades atrativas em uma categoria vinculada ao crédito privado.
Os FIDCs ainda são pouco conhecidos do público em geral por terem ficado restritos, desde a sua criação, em 2001, aos investidores qualificados ou profissionais, ou seja, a quem tem ao menos R$ 1 milhão investido (R$ 10 milhões, no caso dos profissionais). Com a mudança na lei, também os pequenos e médios podem se beneficiar dessa opção.
“Os FIDCs ganham ainda mais atratividade em tempos de juros altos e alta incerteza nos mercados, como um componente agregador de rentabilidade às carteiras de renda fixa, sem perder o benefício de proteção ao patrimônio, devido à sua baixa volatilidade”, explica Ricardo Binelli, sócio-diretor da Solis Investimentos, gestora de recursos especializada em FIDCs.
Como investir em FIDC?
A aplicação em FIDCs pode ser feita de três formas.
A primeira delas é via fundos dedicados exclusivamente a esse tipo de ativo.
Outra maneira é participar de fundos que têm os FIDCs como componentes de políticas de investimento mais abrangentes.
Por fim, os investidores podem acessar os FIDCs por meio da alocação direta.
O valor mínimo para investir em FIDC é definido por cada instituição, então vale a pena conferir as alternativas disponíveis nas plataformas de investimento.
Além disso, cada FIDC tem características, riscos e mecanismos de proteção distintos. Também, uma parcela importante é de fundos fechados, e não permite resgate antecipado.
Para aqueles que quiserem começar a investir nesse instrumento, o movimento mais seguro é através de um fundo com foco em FIDCs, o que atenua os riscos relacionados a falta de conhecimento sobre o produto.
“O investidor estará exposto a uma carteira diversificada, que ajuda, sobretudo, a minimizar riscos. E contará, ainda, com condições de resgate muito mais usuais a outras classes de fundos de investimento, de 60 dias, por exemplo”, afirma.
Por outro lado, para o investidor ainda inexperiente, alocar diretamente em um FIDC pode elevar os riscos, diz Binelli.
“Anteriormente, os FIDCs eram ofertados apenas a investidores qualificados. Com isso, conteúdos de orientação ou relatórios de análise sobre essa classe de fundos não eram muito comuns. Hoje, o público menos especializado pode ter dificuldade de opinar com precisão sobre a qualidade de um desses fundos”, alerta.
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