Uma das principais discussões da COP26 é o mercado de crédito de carbono. A alternativa surge para incentivar setores da economia a diminuírem a emissão de gases de efeito estufa. Além disso, vai de encontro com a meta estabelecida pelo Acordo de Paris, que tem como objetivo reduzir a emissão de dióxido de carbono na atmosfera. De acordo com um relatório divulgado pela consultoria financeira Refinitiv, o mercado de crédito de carbono aumentou 20% em 2020, movimentando US$ 227 bilhões.
“O mercado de carbono é uma área em ascensão no Brasil, já que muitas empresas estão preocupadas em neutralizar suas emissões. Aquelas que têm como propósito e cultura a redução da poluição podem emitir seus créditos por meio de selos e credenciais”, explica Bruno Vieira Lourenço, consultor de sustentabilidade da Grant Thornton. Segundo um estudo feito pela consultoria WayCarbon, o Brasil poderia oferecer cerca de 1 bilhão de toneladas de carbono nesse mercado até o fim da década, o que movimentaria cerca de R$ 100 bilhões.
Mas afinal, o que é um crédito de carbono?
Um crédito de carbono corresponde a uma tonelada de dióxido de carbono (CO2). Governos de vários países determinam metas de emissão de CO2 para setores específicos e suas empresas. Enquanto algumas conseguem atingi-las e até mesmo superar os números, outras não vão diminuir a poluição como o esperado. Dessa forma, empresas que poluem menos podem gerar créditos dessa “sobra” e vender para aquelas tem um nível de emissão alto e desejam compensá-lo. Esse é o mercado de crédito de carbono regulado. Existe também o voluntário, no qual empresas e pessoas compram créditos de projetos florestais e neutralizam suas emissões espontaneamente. No Brasil só há mercado de carbono voluntário.
Com metas cada vez mais agressivas quando o assunto é meio ambiente, a tendência é que o crédito de carbono fique cada vez mais caro. Em maio de 2018, um crédito custava cerca de € 16. Em abril de 2021, ultrapassou os € 46 euros – ou seja, teve uma valorização de mais de 187%. E é aí que o mercado financeiro se beneficia.
Como investir?
Você pode acessar fundos que investem em ativos de crédito de carbono do mercado futuro. Hoje existem contratos para o mercado americano e europeu. Neste ano, o Brasil ganhou o primeiro fundo desse tipo, o Vitreo Carbono. Nesse caso, o investidor tem exposição a contratos futuros do carbono europeu. É possível investir a partir de R$ 100. Se você tem interesse em entrar no mercado, precisa lembrar que o investimento está exposto à moeda daquele país, ou seja, o retorno do fundo pode ser afetado de acordo com as flutuações do câmbio.
Outra forma de investir é por meio de plataformas que vendem crédito de carbono tokenizado, como é o caso da fintech Moss. Investidores compram créditos de carbono de projetos ambientais certificados e armazenam os ativos em uma carteira digital. Quando decidem vender, a negociação é feita em uma exchange em um processo semelhante ao de criptomoedas, via blockchain.
Bruno Lourenço, da Grant Thornton, acredita que o carbono não é o ativo do futuro, mas do presente. “Esse mercado está muito ligado à transformação cultural das empresas. São atitudes reconhecidas pelo mundo todo. Hoje o investidor quer mais do que um produto, quer ver o impacto que ele causa na sociedade como um todo. Empresas que não fizerem esse caminho vão ficar para trás.”