Poupança ou CDB: qual dos dois rende mais com a nova queda da Selic?

A redução da taxa básica de juros mexe com os investimentos de um modo geral; veja os cálculos

Onde os brasileiros investem? - Foto: Unsplash
Onde os brasileiros investem? - Foto: Unsplash

A poupança é o produto de investimento que de longe lidera o ranking do Raio-X do Investidor, da Anbima, como o mais conhecido dos brasileiros. No entanto, no mundo dos investimentos de renda fixa há outras alternativas que combinam rentabilidade, segurança e previsibilidade, como os CDBs. Mas qual dos dois rende mais? CDB ou poupança?

Algo muda com a queda da taxa Selic, agora fixada pelo Banco Central em 12,75% ao ano? Para responder a essas perguntas, a Inteligência Financeira ouviu David Martins, consultor de investimentos; e Felipe Spritzer, fundador e CEO da Portfel, empresa de consultoria de investimentos do grupo Primo.

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Antes de mais nada, é importante que o investidor entenda as semelhanças e as diferenças entre os produtos para fazer a escolha que melhor se adeque aos seus objetivos.

Primeiro as semelhanças. Tanto CDBs quanto a poupança são produtos de renda fixa, ou seja, são investimentos em que já há uma rentabilidade acordada no momento da aplicação. Seja por ter uma taxa pré-fixada ou por ter a rentabilidade que acompanha algum índice de mercado.

Outra semelhança é que ambos são protegidos pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC) até o limite de R$ 250 mil por instituição financeira por CPF.

Vamos às diferenças.

O que é a poupança?

A poupança é uma conta criada especialmente para permitir que se guarde dinheiro de forma simples e acessível. O rendimento é creditado a cada mês que o valor é mantido em conta.

“Os bancos utilizam esse recurso para aplicar no crédito imobiliário. Quando eu aplico o dinheiro na poupança, eu estou emprestando dinheiro para o banco, que vai emprestá-lo para quem está fazendo financiamento habitacional”, explica David Martins.

Pelas regras atuais, a poupança tem um rendimento que depende do patamar da taxa básica de juros definida pelo Banco Central. Se a Selic for de até 8,50% ao ano, o rendimento será equivalente a 70% da taxa básica.

Por outro lado, se a Selic estiver acima desse patamar, o dinheiro investido tem um rendimento fixo de 0,50% ao mês mais a taxa referencial (TR). Por exemplo, no mês de agosto a poupança teve um rendimento de 0,72%, o equivalente ao percentual fixo mais TR de 0,22%.

Os investimentos na poupança são isentos de imposto de renda. O patamar atual de rentabilidade, menor do que já foi passado, foi definido por uma lei instituída em 2012. “O governo federal mudou a regra de remuneração do produto visando estimular investimentos em outros ativos”, explica Felipe Spritzer.

O que é um CDB?

CDB é sigla para certificado de depósito bancário, que é uma forma de captação de recursos por parte dos bancos. Na prática, trata-se de um empréstimo para o banco, que usa o dinheiro para financiar as suas atividades e devolve esse valor ao investidor com um rendimento e um prazo acordados no momento da aplicação.

Essa rentabilidade pode ser:

  • Uma taxa pré-fixada
  • Um percentual do CDI, que acompanha a Taxa Selic
  • Um prêmio sobre a inflação (IPCA + uma taxa adicional)

Uma diferença importante para a poupança é que o CDB pode ter diferentes prazos de vencimento e condições de resgate. A modalidade que melhor se assemelha à poupança é o chamado CDB de liquidez diária, em que há plena disponibilidade sobre os recursos.

O investimento em um CDB é tributado em uma tabela regressiva, que parte de 22,5% para investimentos de até 180 dias e chega em 15,0% para aplicações de mais de 720 dias.

O que rende mais CDB ou poupança?

Resposta direta e reta: o CDB rende mais que a poupança.

Para a comparação de qual o melhor rendimento entre o CDB ou poupança utilizamos o rendimento da caderneta definido em lei versus a rentabilidade de um CDB de liquidez diária.

A poupança tem garantia de um rendimento de 0,50% ao mês, o que representa 6,16% ao ano. Com a TR, explica David Martins, o rendimento da poupança chega até o patamar de 8,50% ao ano. Nos últimos 12 meses, a correção pela TR está em 1,90%, segundo a Calculadora do Cidadão do Banco Central. Portanto, com a poupança tendo rendido cerca de 8% em 12 meses.

Já o CDB de liquidez diária rende em torno de 100% do CDI. Com a Selic em 12,75%, o CDI fica na casa de 12,65%, que seria a rentabilidade bruta do CDB. Mesmo com o desconto do imposto de renda, o rendimento atual do CDB fica entre 9,80% e 10,75% ao ano, a depender do prazo da aplicação, de acordo com os cálculos de David Martins.

CDB ou poupança: qual a melhor opção?

Para os especialistas ouvidos pela Inteligência Financeira, na escolha entre os dois produtos o melhor é optar pelo CDB.

“Como o CDI rende quase a mesma coisa que a Selic, o CDB de liquidez diária é uma opção bem mais interessante”, afirma Felipe Spritzer.

“Se eu faço uma aplicação na poupança ou num CDB do banco A, eu estou correndo o mesmo risco, mas o CDB tem historicamente uma rentabilidade maior”, diz David Martins.

O que considerar antes de investir?

O CDB é uma alternativa semelhante a poupança, como dissemos, para as opções de CDBs que oferecem liquidez diária. No entanto, há uma série de produtos oferecidos no mercado que pagam taxas mais elevadas mas tem prazos maiores, que não permitem o resgate imediato.

Para Felipe Spritzer, esse é um ponto de atenção, especialmente se a intenção for trocar a poupança pelo CDB mantendo a mesma liquidez. “Títulos com vencimento mais longo tendem a pagar juros mais altos, só que você poderá ter problemas caso precise resgatar o dinheiro antecipadamente”, explica.

David Martins afirma que a principal cautela deve ser em relação à instituição financeira em que se está aplicando.

“São ativos que tem a cobertura do FGC, mas o processo para reaver esse recurso é chato e burocrático, então recomendo investir em instituições que tenham saúde financeira, consolidadas no mercado, para que não seja necessário acionar o FGC”, afirma.

O consultor de investimentos explica que é preciso tomar especial cuidado com as ofertas que tenham condições muito mais vantajosas que as demais. “Instituições que estão passando por um momento difícil precisam ofertar uma taxa maior para conseguirem captar recurso dos investidores, então é sempre bom ficar esperto com as taxas muito acima da média do mercado”.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


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