Festas juninas: antes doces, agora elas têm o preço salgado

Custo dos produtos subiu mais do que a inflação; entenda os motivos
Pontos-chave:
  • Pressão inflacionária no setor de alimentos deve permanecer alta até o fim do inverno
  • Pesquisar preços e recorrer ao atacado são boas estratégias

Junho é o mês que tem como marca uma festa típica brasileira: a festa junina. Mas ultimamente, o mês não está aquecendo muito o coração dos brasileiros. O culpado? O aumento dos preços dos produtos juninos. O preço médio dos ingredientes que fazem parte do preparo de pratos típicos da festa aumentou 13% nos últimos 12 meses, contra a inflação oficial do País, o IPCA, que foi de 11,73%. Alimentos como açúcar cristal, maçã, milho de pipoca, fubá de milho puxaram esse aumento.

Por que os produtos juninos aumentaram de preço?

Por um motivo simples: o clima. O economista da Fundação Getulio Vargas (FGV/IBRE), Matheus Peçanha explica que o principal fator foi a pressão nos custos. “As fortes chuvas do último verão impactaram sobretudo o setor de hortifrutis, além de que a lavoura em geral está acumulando problemas climáticos em série, como a seca oriunda do La Niña em 2020 e 21, geadas no inverno, e agora monções de verão”, afirma Matheus. Outro fator que impacta sobretudo nas proteínas é o setor externo: com uma escalada no câmbio no último ano, tornou-se mais vantajoso exportar carne e leite e isso contribui pra pressionar o preço interno.

Cenário internacional não causou inflação

Matheus afirma ainda que no caso da maioria dos itens de hortifruti, a inflação está diretamente ligada às condições domésticas de oferta. “Então, o clima acaba sendo sempre o principal fator que respinga muito rápido no preço da gôndola, ou o encarecimento da logística via diesel por exemplo (que estaria aí sim impactado pelo preço da commodity); a dinâmica internacional se faz mais presente em produtos que precisamos de importação pro abastecimento, como o trigo; ou que seja impactado via exportação, como expliquei no caso das proteínas, em especial a carne”.

Lembrando que a a Rússia e a Ucrânia são dois dos maiores exportadores de trigo do mundo e a guerra impactou o mercado global, inclusive o Brasil.

Preços vão continuar em alta

Prepare-se. A pressão inflacionária no setor de alimentos in natura deve permanecer alta pelo menos até o fim do inverno, avisa o economista. “Há ainda as geadas previstas que devem impactar a produção de hortifrutis bem como das lavouras de milho e cana-de-açúcar.”

Existe algum jeito de driblar esse aumento?

Matheus explica que é muito difícil pro consumidor se virar nesse cenário, mas que sempre existe uma alternativa. “O que sempre continua valendo é o “jogo de cintura”: pesquisar muito e tentar descontos no atacado é sempre uma boa opção”.

Colaborou Anne Dias