Gerdau (GGBR4) planeja abrir fábrica no México com vantagem do near shoring

Nova fábrica da Gerdau (GGBR4) no México deve tirar vantagem do near shoring e produzir aço especial para veículos

A Gerdau (GGBR4) anunciou nesta sexta-feira (3) que iniciou estudos de viabilidade para implantar uma nova fábrica de aços especiais no México.

A siderúrgica espera tirar vantagem do modelo de investimento de near shoring para aproveitar o crescimento do mercado de automóveis no México. A Gerdau vai produzir aço para automóveis pesados como caminhões na nova fábrica, informou o CEO da Gerdau, Gustavo Werneck.

O novo projeto deve representar 100% do capital investido da Gerdau em sua divisão de aços especiais em 2024.

A companhia já conta com fábricas do produto tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. Ao comentar sobre o ciclo do aço, Werneck destacou que as tarifas adotadas recentemente pelo MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio) devem melhorar vendas na operação doméstica, “mas não são suficientes”.

Gerdau (GGBR4): O que se sabe sobre a nova fábrica do México

A nova planta da Gerdau no México deve tirar vantagem do fenômeno de near shoring, estratégia de abertura de fábricas por gigantes da economia americana no país vizinho para, assim, obter benefícios com custos menores de produção.

A nova fábrica é uma “unidade especial de greenfield” na produção de aço especial pela Gerdau. O prazo para início de obras, segundo o CEO da siderúrgica, é 2025.

“Em relação ao valor, com outros projetos de outras empresas, o mercado estima um custo de US$ 500 milhões a US$ 600 milhões para a abertura da fábrica”, comentou Gustavo Werneck. Hoje, diz o executivo, a Gerdau já atende o México via exportações de aço especial. Mas o executivo não cravou o montante a ser desembolsado para a nova operação.

“Vemos que esse mercado (automotivo) deve crescer muito”, completou.

A Gerdau (GGBR4) teve como um dos principais destaques do resultado do primeiro trimestre a divisão de aço especial.

A empresa reportou lucro líquido ajustado de R$ 1,24 bilhão entre janeiro e março, com ganho de margem operacional (Ebitda) de 3,6 pontos percentuais na venda de aços especiais. A margem Ebitda da divisão saltou de 13,2% para 16,8% entre o quatro e o primeiro trimestres.

Novas tarifas ajudam, mas não são suficientes, diz CEO

Ao comentar sobre as novas tarifas do MDIC sobre aço importado, o CEO da Gerdau (GGBR4) disse que as medidas do governo federal “foram um avanço significativo”.

A nova medida tarifária estabelecida na última semana pelo governo atende ao setor como uma tentativa de diminuir a vantagem de preço de 11 produtos de aço. A proposta atende a uma demanda do setor siderúrgico para inibir vantagens de preço do produto vindo da China.

“Com a redução de penetração do aço importado, o fechamento de capacidade de produção deve ser revertido”, disse Gustavo Werneck.

O executivo ainda afirmou que o ministério deve avaliar o desempenho de importação do aço. Novas medidas “não estão descartadas”, afirma Werneck.

Contudo, o CEO da Gerdau (GGBR4) ponderou que as tarifas são uma solução “parcial” para a concorrência com importados.

“A questão das importações não resolve totalmente. Porque gostaríamos que, além da defesa comercial de curto prazo, fosse debatido um plano de recuperação de indústria no médio a longo prazo”, comentou.

Entretanto, a partir das medidas tomadas pelo governo, a Gerdau (GGBR4) deve melhorar as margens de vendas na operação brasileira. A perspectiva para o setor de construção civil no ano é positiva, elencou o CFO da Gerdau, Rafael Japur.

“Com as novas medidas, esperamos que haja uma retomada de números de vendas do minério doméstico, com uma melhora no mercado de construção, imaginamos que teremos perspectiva de melhora no ciclo do aço”, disse ao comentar a perspectiva para a commodity em 2024.