Golpistas estão cada vez mais tecnológicos: como você pode se proteger de crimes financeiros?

Especialista em segurança do Itaú Unibanco fala sobre os motivos que levam uma pessoa a cair em golpe - e por que outras são blindadas a crimes

Você certamente conhece alguém que caiu em algum golpe financeiro. Ou talvez até você mesmo já foi uma vítima. E, não obstante, é provável que todas as vezes que você ouça falar de um novo crime, você se surpreenda. Como alguém pode cair em golpes que pedem senhas e empréstimos? Pois é, mas as pessoas caem.

Nesta entrevista, contudo, com o superintendente de Segurança Corporativa do Itaú Unibanco, Richard Bento, você vai entender que os golpistas estão cada vez mais usando a mesma coisa. A tecnologia. E ela atinge um ponto em comum a todos nós: a emoção. Seja por ganância, medo, amor ou desespero.

Mas, afinal, como combater os criminosos? Além de leis rígidas e estratégias eficazes do sistema financeiro, você também pode quebrar a ação do golplista. Como? É o que você vai ver logo abaixo.

Por que as pessoas ainda caem em golpes financeiros?

    Os golpistas, portanto, utilizam técnicas de engenharia social e manipulação psicológica para obter informações privadas das vítimas. Normalmente, os criminosos pesquisam dados sobre a pessoa e se passam por funcionários de empresas renomadas para ganhar a confiança das vítimas, o que consequentemente aumenta as chances de a pessoa cair em um golpe. A tecnologia também está nos golpes, com o uso de artefatos que simulam o atendimento da empresa, que mostram a ligação recebida de um número conhecido. Além disso, os golpistas criam um ambiente de pressão e urgência em cima da vítima, com o objetivo de acelerar a tomada de decisão, para que a pessoa não consiga processar o pedido com calma ou checar se a situação colocada é real.

    Como detectar um novo golpe financeiro, já que os criminosos estão cada vez mais tecnológicos?

      É fundamental que a pessoa desconfie sempre que alguém entrar em contato e fizer um pedido incomum, como compartilhar senha ou número do cartão de crédito com CVV, pagamento de taxas que a pessoa não tinha conhecimento, além de mensagens de supostos parentes dizendo que trocaram o número de telefone e pedindo dinheiro emprestado, promoções ou investimentos muito vantajosos, entre outras situações atípicas. No caso dos bancos, é muito importante que as pessoas estejam atentas a qualquer movimentação suspeita envolvendo transações bancárias. Caso este identifique algo fora do padrão, o primeiro passo é revisar o extrato bancário para garantir que todas as transações sejam reconhecidas e autorizadas. Os clientes devem estar atentos aos detalhes de cada transação em seus extratos, desde o nome do estabelecimento até a data, o valor e o método de pagamento. 

      Como o sistema bancário vem atuando para diminuir a atuação dos golpes financeiros?

        No Itaú Unibanco, segurança é prioridade. Por esta razão, atuamos de forma preventiva, e em diversas frentes, para proteger nossos clientes contra tentativas de golpes e fraudes. Além de realizar campanhas e ações permanentes de comunicação e conscientização, também investimos constantemente em tecnologia e uso de dados para a criação de novas ferramentas de segurança. Abaixo, seguem algumas das principais medidas de segurança adotadas pelo banco:

        • Monitoramento de transações para detectar atividades suspeitas, como transferências de grandes quantias para contas desconhecidas ou compras fora do padrão de comportamento do cliente;
        • Alertas no momento de concluir Pix no app: os clientes são alertados antes de concluir uma transação do Pix no App Itaú. Em casos de suspeitas, principalmente em relação aos valores e destinatários da transação, fazendo assim com cliente reflita preventivamente se, de fato, quer concluir esse Pix com os riscos alertados.
        • Autenticação multifatorial, exigindo múltiplos fatores de autenticação, como senha, token dinâmico ou reconhecimento biométrico. Isso reduz significativamente o risco de acesso não autorizado às contas bancárias online;
        • Colaboração com autoridades e parceiros para compartilhar informações e melhores práticas de segurança, além de colaborar em investigações de possíveis fraudes;
        • Educação do cliente: Promovemos campanhas de conscientização e educação para os clientes, fornecendo orientações sobre como reconhecer e evitar golpes;
        • Aviso SMS: Enviamos notificações de compra por SMS, permitindo que os clientes acompanhem as transações em tempo real diretamente na tela de seus celulares;
        • Aviso de compra futura: Introduzimos um recurso de programação que alerta os clientes sobre compras futuras, ajudando a evitar que transações pareçam suspeitas;
        • Confirmação de compras, que previne transações suspeitas através do bloqueio automático do cartão. Isso garante que apenas transações autorizadas sejam concluídas, protegendo assim as contas de nossos clientes;
        • Alertas sobre transações financeiras suspeitas por meio do WhatsApp: com essa nova funcionalidade, os clientes podem verificar a natureza das transações diretamente pelo app de mensagens e, em caso de suspeita de fraude, têm a opção de bloquear os cartões associados à conta.

          Os golpes mais aplicados são os mais sofisticados ou os mais simples?

          Geralmente são os mais simples, como o golpe do WhatsApp, do falso funcionário/central e da falsa venda, pois estes demandam pouco investimento tecnológico e menor esforço na construção do argumento. Nesses golpes, por exemplo, o criminoso muitas vezes sequer sabe de qual banco a pessoa é cliente, e consegue essa informação na conversa com a vítima.

          Existe um perfil mais susceptível a golpes?

            Existem modalidades de golpes que têm uma recorrência maior de um determinado perfil do que de outro, mas não há um perfil mais visado de forma geral. Todas as pessoas estão expostas a golpes, e por isso devem igualmente se prevenir.

            E o oposto: quem está blindado a golpes?

              As pessoas mais bem informadas sobre os tipos de golpes que existem são as mais protegidas. A informação é a principal aliada no combate aos golpes. Por isso, os clientes devem sempre se informar por meio de canais oficiais sobre os novos golpes que estão sendo aplicados. Por meio deste link, os clientes têm acesso a diversas informações e dicas sobre como se proteger, além dos canais de denúncias.

              Uma vez vítima de golpe, como recuperar o dinheiro? Há um passo a passo?

                O mais importante é que o cliente avise o banco assim que perceber a aplicação do golpe. O quanto antes a instituição bancária conseguir atuar, maior a chance de recuperação dos valores financeiros. Ao entrar em contato com o banco, o cliente deve fornecer detalhes sobre a transação suspeita, como data, valor, o nome do estabelecimento. Além disso, ele deve registrar BO para notificar as autoridades policiais que farão as devidas investigações criminais.

                É impossível reaver o dinheiro de Pix? O mesmo vale para as maquininhas falsas e outros golpes financeiros?

                O Banco Central criou o MED (Mecanismo Especial de Devolução), uma plataforma que interliga todos os atores do sistema financeiro brasileiro para atuação em casos de golpes e fraudes. Ao entrar em contato com o seu banco, abre-se uma contestação e uma requisição via MED – com ele, o banco de destino do dinheiro tenta o bloqueio do valor correspondente na conta, se ele ainda estiver disponível, e devolve para o banco de origem da vítima.