Ciro Gomes anuncia apoio a Lula, mas não cita ex-presidente nenhuma vez em discurso

Candidato à presidência pelo PDT, Ciro Gomes diz não querer cargos no próximo governo

O candidato do PDT à presidência derrotado no primeiro turno, Ciro Gomes, gravou um vídeo em que anunciou que acompanha a decisão da sigla de apoiar Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa de segundo turno contra Jair Bolsonaro (PL).

“Gravo este vídeo para acompanhar a decisão do meu partido, o PDT”, disse o ex-ministro na gravação. Ele explica que o consenso para apoiar Lula partiu de uma “reunião da executiva nacional” do partido. Mais cedo, Carlos Lupi, presidente da sigla, disse que havia um apoio unânime para apoiar o ex-presidente e candidato do PT no segundo turno.

“Última saída”, diz Ciro ao apoiar Lula

Ciro prossegue no vídeo afirmando que “frente as circunstâncias”, acompanhar a decisão do partido “é a última saída”. “Lamento que a trilha democrática tenha se afunilado a tal ponto que reste aos brasileiros duas opções, ao me ver, insatisfatórias”, declarou o pedetista.

Ciro também afirma não crer que a democracia corra riscos no segundo turno, mesmo com alegações de fraude nas urnas e ataques ao sistema eleitoral perpetuados por Bolsonaro ao longo do mandato. O pedetista cita que houve um “absoluto fracasso da nossa democracia em construir um ambiente de oportunidades” para enfrentar “a mais grave crise social e econômica que afeta a esmagadora maioria” dos brasileiros.

O pedetista trouxe a tona a alegação, novamente, de que foi vítima de uma campanha contra sua candidatura. “Ao contrário da campanha violenta da qual foi vítima, nunca me ausentei ou me ausentarei da luta pelo Brasil. Sempre me posicionei e me posicionarei contra projetos de poder que levaram nosso povo a esta situação grave e ameaçadora”, afirma Ciro Gomes.

O apoio ao PT no segundo turno é uma decisão que, espera Ciro, ajude a “oxigenar, temporariamente, a nossa democracia”. O ex-ministro cita a procura de um “novo instrumento” para renovar o debate político no Brasil. Ciro e Tebet eram candidatos que fugiam da polarização entre Lula e Bolsonaro, mas que encolheram nos votos totais em comparação com pesquisas de intenção de voto. As estratégias das campanhas de ambos tentavam combater o fenômeno do “voto útil” e a perda de eleitores para os candidatos de PT e PL

Ciro diz não querer ministérios ou cargos no governo

“Pelo Brasil, minha luta e a [luta] do PDT seguirão sempre firmes”, diz Ciro no vídeo. “Não aceitaremos imposições e cabrexos de quem quer que seja”, continuou. O ex-ministro disse que não pleiteia cargos em um eventual novo governo, sem citar de quem, e que não deve aceitar ofertas, caso elas sejam feitas. “Quero estar livre, ao lado da sociedade, em especial da juventude, lutando por transformações profundas, como as que propusemos durante nossa campanha.”

Por fim, Ciro Gomes afirma que vai “fiscalizar, acompanhar e denunciar qualquer desvio do governo que assumirá em janeiro”, além de “seguir estudando e apresentando ideias para recuperar o nosso país”.

“Um grande, forte e agradecido abraço a todos e todas, e que Deus ilumine a nação brasileira”, concluiu Ciro em seu discurso. O pedetista não citou nenhuma vez Lula, a quem o PDT deu apoio.

Confira o pronunciamento na íntegra: