Valor da causa no pedido de recuperação judicial da Americanas é de R$ 43 bilhões

A empresa acusou bancos de resgates ilegais e disse que tem apenas R$ 250 milhões para pagamento de obrigações

A Americanas acaba de pedir recuperação judicial. O valor da causa na ação é de R$ 43 bilhões. Entre os principais pedidos na ação apresentada pela Americanas (AMER3) está a confirmação da tutela antecipada cautelar anterior. Essa tutela suspendeu por 30 dias as cobranças por credores, o que inclui bancos.

Pede ainda a imediata suspensão de todas as ações e execuções existentes, como o requerimento de bloqueio de R$ 1,2 bilhão concedido ao BTG, pelo período total de 180 dias.

Requer ainda a intimação do Ministério Público e comunicação do deferimento do pedido às Fazendas Públicas. Pede também que o juízo determine a dispensa de apresentação de certidões negativas de débitos para que continue a exercer suas atividades.

A Americanas ainda reitera o pedido de tratamento confidencial em relação aos bens pessoais de seus administradores e controladores, bem como aos dados de seus funcionários.

Por meio do pedido de recuperação judicial, o Grupo Americanas também protesta, desde logo, pela apresentação dos documentos necessários, no prazo mínimo de 30 dias, em complementação aos já apresentados. Declara-se, também, ciente da necessidade de apresentação de contas mensais.

Americanas acusa bancos de resgates ilegais

Em petição endereçada à 4ª Vara Empresarial da Justiça do Rio de Janeiro, o Grupo Americanas informou que, após resgates efetuados por bancos em seu caixa, a empresa tem, para pagamento de obrigações, somente R$ 250 milhões.

No pedido, a companhia solicita que o Judiciário determine que de forma urgente, em até seis horas, as instituições financeiras restituam os valores aos cofres da empresa.

De acordo com a Americanas, Safra, Bradesco e Itaú também promoveram “resgates e bloqueios indevidos no caixa do Grupo Americanas”. A empresa acabou de pedir recuperação judicial na Justiça carioca.

A empresa narra que, em um momento inicial, “a compensação indevida e arbitrária promovida pelo BTG Pactual e Banco Votorantim – somente dois credores – bloquearam o acesso da companhia a R$ 1,4 bilhão”, quando o caixa anteriormente passou a contar com somente R$ 800 milhões. “A situação, que já era gravíssima, piorou”, narram os advogados na peça.

Dos R$ 800 milhões que ainda restavam no caixa do Grupo Americanas, a petição informa que o Banco Safra bloqueou quase R$ 100 milhões, o Bradesco cerca de R$ 474 milhões e o Banco Itaú quase R$ 50 milhões. “Restam, hoje, no caixa, livre para pagamento de obrigações, apenas R$ 250 milhões, aproximadamente”, assinalou a companhia.

Ontem, os bancos foram ao Judiciário acusar a empresa de liberar valores em caixa “sem que se saiba o seu destino e a quem foi realizado o pagamento, diante do curso de cautelar preparatória de recuperação judicial, [o que] pode violar o sistema de pagamento isonômico entre credores de mesma classe”.

O Grupo Americanas responde e solicita que deve ser permitida a “livre disposição e movimentação destes recursos, inclusive com transferências para outras instituições financeiras, para a continuidade de sua operação regular”.

Americanas pede48 horas para apresentar credores

A Americanas pediu à Justiça prazo de 48 horas para apresentar a lista completa de seu 16.300 credores, de acordo com as informações do pedido de recuperação judicial protocolado nesta quinta-feira.

O documento afirma que a Americanas pode se recuperar uma vez que possui ativos de “elevado valor e de uma posição de caixa positiva, desde que não sejam autorizadas as ilegais compensações e restituídos os valores apropriados indevidamente”.

Também cita e expertise e competência das empresas do grupo e bons indicadores do mercado em que opera. O documento diz que a Americanas gera mais de 100 mil empregos diretos e indiretos e paga cerca de R$ 2 bilhões de impostos ao ano, além de quase 150 mil acionistas.

Um desses ativos citados no documento é a fintech AME, que tem autorização do Banco Central para operar como instituição de pagamento. A petição solicita que a AME possa siga o curso normal dos negócios e possa ser capitalizada de tempos em tempos, conforme as necessidades de caixa. A fintech é peça fundamental para a companhia, por operacionalizar parte substancial dos pagamentos dos clientes, afirma.