Risco Brasil atinge maior patamar desde maio de 2020

Piora fiscal está entre as principais preocupações dos investidores

Em um ambiente que mescla a piora na percepção de risco fiscal nos mercados domésticos e o processo de aperto das condições monetárias e financeiras nas economias desenvolvidas, o risco Brasil, medido pelos contratos de cinco anos de CDS, deu prosseguimento à escalada recente. De acordo com a IHS Markit, na tarde desta quarta-feira, o risco Brasil subia para 302 pontos, renovando máximas desde maio de 2020.

A piora no risco país é observada ao mesmo tempo em que outros ativos domésticos também operam pressionados. Os juros de longo prazo enfrentam um novo dia de aumento de prêmio de risco, enquanto o dólar exibe alta de 10% no mês e o Ibovespa gira em torno dos 100 mil pontos. No exterior, o dólar exibe alta firme, na medida em que declarações do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, têm sido observadas de perto pelos agentes.

“A evolução do quadro global nas últimas semanas, marcada por um aumento da aversão a risco e correção nos preços de commodities, tem renovado pressões sobre as moedas emergentes, incluindo o real brasileiro — que também vem sendo pressionado pelo aumento da percepção de risco fiscal no ambiente doméstico”, apontam os economistas da LCA Consultores.

Eles notam, ainda, que a piora das expectativas fiscais tem pressionado os juros de longo prazo diante das diversas medidas de estímulo que têm sido adotadas pelo governo às vésperas das eleições. “Embora aumentem os riscos fiscais para 2023 em diante, essas medidas têm contribuído para dar fôlego à atividade econômica, que continua a apresentar desempenho surpreendente — com sinais de resiliência da confiança privada e do mercado de trabalho”, ressaltam os profissionais da LCA.