É hora de investir na Bolsa? Veja o que dizem os especialistas do Itaú

Nicholas McCarthy e Victor Natal debateram os cenários da renda variável para 2023 em evento do banco

Juros altos, preocupação com a transição no governo federal, inflação e guerra na Ucrânia vêm assustando os investidores e fazendo as bolsas mundo afora emagrecerem. Porém, este é um bom momento para investir na B3, a bolsa brasileira, segundo o Itaú Unibanco.

É o que disse Victor Natal, estrategista para pessoa física do Itaú BBA, em evento nesta terça-feira (22). O otimismo, porém, é seletivo: “comprar ações agora é interessante, talvez não comprar o índice (Ibovespa), mas ativos que compõem a bolsa”.

“Nunca vi o Brasil tão barato.”

Nicholas McCarthy, CIO (Chief Investiment Officer) do Itaú Unibanco

Portanto, na casa, o consenso é de que os ativos brasileiros estão muito descontados, ou seja: estão baratos. “Nunca vi o Brasil tão barato”, disse Nicholas McCarthy, CIO (Chief Investiment Officer) do Itaú Unibanco. 

Na discussão entre “está barato por um motivo” e “não deveria estar tão barato”, o Itaú enxerga desconto exagerado nas ações brasileiras. McCarthy observou que “temos (no Brasil) o hábito de exagerar o pessimismo e o otimismo. Portanto, o movimento de desvalorização da bolsa brasileira seria exagerado, abrindo oportunidade de compra agora. 

Os motivos para o desconto já são amplamente conhecidos por quem investe nas empresas daqui: inflação e aumento das taxas de juros nos Estados Unidos, guerra e inflação persistente na Europa, desaceleração do crescimento da economia da China e política “covid zero” do país, além das questão domésticas, como risco fiscal e juros altos. 

Porém, a preocupação com esses fatores motivou um desconto muito forte nas empresas brasileiras e há grande oportunidade de lucrar operando no país, segundo os especialistas do Itaú. Um dos argumentos usados é a diferença de preço/lucro das bolsas dos principais países emergentes. A média do indicador entre 11 emergentes é de 11,2 vezes, enquanto o P/L da Bolsa brasileira está em 6,9x.

“Hoje temos mais segurança com Brasil do que com os Estados Unidos, por saber onde estarão os juros no curto prazo.”

Victor Natal, estrategista para pessoa física do Itaú BBA

Outro ponto considerado pelo Itaú é a comparação do juro básico brasileiro com o dos Estados Unidos. Enquanto o Banco Central já sinaliza manutenção da Selic – ainda que por tempo indeterminado -, o Federal Reserve (Fed, o BC norte-americano) ainda não deu indicações concretas sobre quando vai parar de aumentar os juros para combater a inflação. 

“Hoje temos mais segurança com Brasil do que com os Estados Unidos, por saber onde estarão os juros no curto prazo”, justifica Natal. 

Quais ações comprar agora?

Por mais que haja otimismo com o Brasil, ainda é preciso selecionar bem os ativos e, para isto, há uma recomendação dos especialistas. “Empresas mais sensíveis a juros nos parecem muito baratas hoje e gritam oportunidade”, segundo Victor Natal. 

O especialista acredita que haverá uma saída de investidores das empresas de valor para as ações de crescimento. Isto porque 2022 demandou cautela dos investidores, que apostaram mais em teses de investimento valor para se proteger de tempos turbulentos com aumento de juros e eleições, o que fez o mercado deixar as ações de crescimento de lado. Com juros estáveis e investidores buscando oportunidades para voltar à bolsa, empresas que foram muito descontadas por causa da alta dos juros podem “voltar à moda”. 

Seguindo a linha de pensamento de que empresas de crescimento devem ter melhor desempenho daqui para frente, Natal fez uma lista de recomendações que incluem:

  • Raia Drogasil (RADL3),
  • Grupo Mateus (GMAT3),
  • CPFL (CPFE3),
  • Sabesp (SBSP3),
  • Cyrela (CYRE3),
  • Locaweb (LWSA3),
  • Cury (CURY3),
  • Totvs (TOTS3),
  • Lojas Quero-Quero (LJQQ3). 

De olho nas menores empresas

Para o especialista, é importante ficar de olho nas small caps, que devem trazer grandes oportunidades de valorização mesmo no curto prazo. Entre os setores, estão:

  • construção civil,
  • varejo,
  • consumo,
  • bancos,
  • petróleo. 

Assista ao evento logo abaixo: