Payroll abaixo do esperado não evitará alta de 0,75 ponto no juro dos EUA, diz economista

O presidente do Fed, Jerome Powell, já deixou claro que o aperto monetário deve seguir até a inflação estar controlada

O Federal Reserve deve manter sua alta de 0,75 ponto percentual na taxa básica de juros americana na reunião de setembro apesar do crescimento do mercado de trabalho em agosto ter ficado mais moderado depois da explosão registrada em julho, afirma a economista-chefe para os EUA da Oxford Economics, Nancy Vanden Houten. Segundo ela, há muito a apreciar no payroll de agosto: o crescimento do emprego ficou moderado, embora permaneça forte, o crescimento anual dos salários se manteve estável e a taxa de participação da força de trabalho se recuperou de forma significativa.

“Embora as autoridades do Fed devam ter gostado do ritmo mais lento das contratações e do aumento da oferta de mão de obra, e considera-los como pequenos passos em direção a um mercado de trabalho mais frouxo, o mercado ainda segue apertado e com altas salariais robustas que devem levar o Fed para a decisão de subir o juro em 0,75 ponto em setembro”, disse ela.

Segundo ela, a criação de 315 mil novas vagas em agosto representa uma desaceleração em relação à média de 402 mil vagas dos últimos três meses. “Ainda assim, o avanço de agosto representa um ritmo saudável de crescimento do emprego pelos padrões históricos. Os ganhos nos empregos foram bastante amplos, liderados pelo aumento dos serviços profissionais e empresariais, saúde e comércio varejista, e também houve aumento do emprego na construção e na manufatura”, disse ela.

A economista diz que espera “uma moderação acentuada no crescimento do emprego nos próximos meses, pressionado pelos juros mais altos e pelo enfraquecimento das economias estrangeiras”. No entanto, segundo ela, a escassez de mão de obra permanece aguda e equilibrar oferta e demanda por trabalhadores será um processo gradual.

Para Houten, a desaceleração do crescimento do emprego não impedirá novos aumentos nos juros nos próximos meses. “O presidente do Fed, Jerome Powell, deixou claro na semana passada que o banco pretende levar as taxas para um território bem restritivo para reduzir a inflação e evitar um desancoramento das expectativas inflacionárias. “Esperamos aumento de mais 1,50 ponto percentual até o fim do ano, liderado por alta de 0,75 ponto em setembro”, disse.