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Quais são os efeitos da alta do petróleo para Petrobras e PetroRio?
A recente alta do petróleo com a guerra entre Ucrânia e Rússia deve ter mudanças significativas nas principais petrolíferas brasileiras. Porém, nem todas serão positivas, alertam os analistas.
Apesar do aumento de 18,7% no preço da gasolina, de 24,9% no preço do diesel e de 16% no gás liquefeito de petróleo (GLP) vendidos pela da Petrobras (PETR4) a partir desta sexta-feira (11), alguns analistas veem a empresa com desconfiança dada os indícios de interferência governamental em combate à inflação.
“Estamos em ano de eleições e Brasília está louca para abaixar o combustível. Quanto mais o petróleo subir, é pior para a Petrobras, que importa alguns petróleo de qualidade diferente para operar suas refinarias. Sem reajuste, ela pode ter prejuízos altíssimos, como teve em meados de 2013 e 2014, quando subsidiou os combustíveis”, afirma Bruce Barbosa, sócio da casa de análise de investimentos Nord Research.
No momento, o Congresso discute a alteração da política de preços da Petrobras —hoje, a companhia segue a oscilação dos valores internacionais do barril de petróleo— e da distribuição de dividendos da companhia, considerados excessivos por alguns parlamentares.
“Acreditamos que o ajuste destaca a sólida governança da empresa e a livre política de preços, apesar de todo o barulho dos últimos anos. Temos sustentado um visão positiva sobre a ação, vendo o risco fortemente enviesado para o lado positivo […] Reiteramos nosso rating de compra da Petrobras”, avaliam os analistas do UBS BB em relatório a clientes.
“A Petrobras está barata, mas há o risco dela subsidiar a gasolina e ter prejuízos. Para que ser sócio se o governo não quer que a empresa ganhe dinheiro? Não vale o risco, melhor investir no CDI“, diz Barbosa.
Enquanto o conflito na Europa perdurar e as sanções econômicas à Rússia continuarem, o preço internacional do petróleo tende a ficar elevado, o que pode exigir novos reajustes da Petrobras.
“Vamos conviver com preços altos por um bom tempo porque temos assimetria muito clara entre demanda e a oferta global e as empresas que trabalham com exploração de petróleo tende a se beneficiar”, afirma Ilan Arbetman, analista da corretora Ativa Investimentos.
“O petróleo continua volátil. O investidor deve comprar boas empresas para o longo prazo e não tentar adivinhar o que vai acontecer com o mercado no curto prazo”, diz Barbosa, da Nord.
“O grande risco no caso de Petrobras é a pressão política. Quanto mais alto o preço do petróleo, maior o risco de maior pressão e ruídos políticos, especialmente pela proximidade das eleições”, diz Rodrigo Crespi, analista da corretora Guide Investimentos. Ele recomenda a compra tanto de Petrobras quanto de PetroRio (PRIO3).
Caso os reajustes continuem a ser feitos pela Petrobras, o feito da alta do petróleo tende a ser muito benéfico pela companhia, que tem o menor custo de produção entre as petroleiras brasileiras.
“A Petrobras tem um custo de US$ 5 na extração. No Pré-sal este custo é ainda menor, de US$ 3”, afirma Arbetman.
Apesar da vantagem financeira na exportação da Petrobras, a Ativa se mantém neutra com relação ao papel.
“A relação risco retorno [da Petrobras] é menos assimétrica. Apesar dos bons balanços nos últimos anos, há desconto nos múltiplos pelo fato da União ser acionista majoritária e pela empresa estar um pouco atrás na agenda ESG”, afirma Arbetman.
A PetroRio, que apenas exporta o óleo cru, já se beneficia desta alta na commodity.
“No 4º trimestre de 2021, a PetroRio estava com um custo de exploração na casa de US$ 12 pelo barril, que estava cotado a US$ 80. Esse aumento de preço pode sim ser uma vantagem para a companhia”, diz Arbetman, que recomenda a compra do papel.
Barbosa também indica o investimento em PetroRio. “Ela vai ter uma melhora de resultados bastante significativa, pois é uma empresa que compra campos maduros e está finalizando a compra de dois campos da Petrobras e já comprou um da BP. Somando apenas isso, a companhia vai multiplicar sua produção por três ou quatro ao fim de 2024. Pela Petrobras depender mais de fatores externos, a PetroRio é um investimento muito melhor.”
Um ponto de atenção citado por ele é a possibilidade de o Estado taxar a exportação de petróleo, o que prejudicaria as companhias. A mudança foi discutida por congressistas, mas deixada de lado neste momento.
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