Petrobras (PETR3; PETR4): O que o investidor pode esperar da nova política de preços?

Analistas do Itaú BBA apontam, com base nas sinalizações da companhia, que as mudanças podem beneficiar Vibra, Ipiranga e Raízen

Uma nova política de preços de combustíveis baseada em estabilidade e não volatilidade, como prega Jean Paul Prates, diretor-presidente da Petrobras (PETR3; PETR4), pode beneficiar as grandes distribuidoras do Brasil, diz o Itaú BBA.

Os analistas Monique Greco, Bruna Amorim e Eric de Mello escrevem que a empresa ainda não deu detalhes de como será o novo procedimento, mas certamente será abaixo dos preços de importação, levando em conta a relação de cada cliente com a companhia.

“Isso pode favorecer as três maiores distribuidoras do país (Vibra, Ipiranga e Raízen) por conta das melhores condições associadas com sua relação de longo prazo com a Petrobras”, comentam.

O banco destaca também que caso a Petrobras se torne de fato a melhor opção para compra de combustível em termos de preços, a arbitragem sobre os preços de importação vai se fechar, reduzindo volumes trazidos por distribuidoras menores.

Outros comentários feitos por Prates na última semana, como manutenção de dividendos acima do mínimo necessário, inteligência nos investimentos e respeito aos contratos de vendas de ativos já assinados também são positivos para as ações da companhia.

O Itaú BBA tem recomendação neutra para Petrobras, com preço-alvo de R$ 27 para as ações preferenciais (PETR4). Nesta segunda-feira (15), por volta das 14h25, os papéis recuavam 2,97%, negociados a R$ 25,47.

‘Clareza para os próximos meses’

O anúncio de uma nova política de preços pela Petrobras, além do plano estratégico revisado e uma nova política de dividendos, pode adicionar clareza aos próximos meses, de acordo com o Goldman Sachs, em relatório.

Os analistas Bruno Amorim, João Frizo e Guilherme Martins escrevem que o anúncio da Petrobras de que está discutindo mudanças em suas políticas de preços de diesel e gasolina não deve ser uma surpresa para os investidores, uma vez que o governo e a nova administração têm falado sobre a possibilidade de mudar a atual política de preços.

Segundo os analistas, as mudanças serão analisadas pela diretoria da Petrobras no início desta semana e podem resultar em uma nova estratégia comercial para fixar os preços de ambos os combustíveis.

A Petrobras também destacou que quaisquer mudanças serão baseadas em estudos técnicos em conformidade com as práticas de governança e procedimentos internos, sem adicionar mais detalhes, ressaltam os analistas.

O Goldman Sachs tem recomendação neutra para Petrobras, com preço-alvo de R$ 28,10 para as ações preferenciais; preço-alvo de R$ 30,90 para as ações ordinárias; e preço-alvo de US$ 12,50 para os recibos de ações (ADRs).

‘Riscos elevados’

O BTG Pactual elevou o preço-alvo dos recibos de ação (ADRs) de Petrobras negociados na Bolsa de Nova York (Nyse) de US$ 13,50 para US$ 14, potencial de alta de 18% sobre o fechamento da última sexta-feira, reiterando recomendação neutra.

Os analistas Pedro Soares e Thiago Duarte escrevem que os comentários feitos pela nova diretoria da Petrobras na última semana afastaram a possibilidade do pior cenário possível em termos de mudanças nas políticas da companhia, dando indicações que não deve realizar alterações significativas em sua estratégia.

Mesmo com conversas envolvendo possíveis aquisições e mudanças na política de preços de combustíveis, o banco afirma que o principal gatilho continuam sendo sobre como serão os dividendos daqui para frente, seu valor e periodicidade, levando em conta a forte geração de caixa da Petrobras e sua importância para a União.

O banco atualizou estimativas para Petrobras, incorporando resultados recentes e nova curva de preços do petróleo, elevando projeção de Ebitda em 2023 e 2024 por conta de maior participação do pré-sal e menor custo de extração.

Eles veem que os riscos em torno das ações da Petrobras vão permanecer altos até que a empresa confirme seu novo direcionamento e mesmo com os papéis a múltiplos atrativos não deve ainda voltar a atrair atenção dos investidores. O desconto atual elevado pode sustentar os preços no curto prazo por ser uma opção de trading.