Petrobras (PETR3; PETR4): nova regra de dividendos alivia investidores e ações sobem mais de 4%

Analistas no geral avaliaram que nova política não muda significativamente suas projeções para as ações da estatal

As ações da Petrobras (PETR3; PETR4) fecharam em alta firme nesta segunda-feira (31) após a companhia ter finalmente anunciado sua nova política de remuneração aos acionistas. A empresa já vinha antecipando as mudanças.

Na média, analistas consideraram que os detalhes não alteram significativamente suas avaliações para os papéis da companhia.

A ação preferencial da petroleira de controle estatal (PETR4) avançou 5,26%, cotada a R$ 34,81. Enquanto o papel ON (PETR3) teve ganho de 4,54%, a R$ 31,11.

A companhia avisou na noite de sexta-feira (28) que a remuneração manterá como base o fluxo de caixa livre e trimestral, com o porcentual caindo de 60% para 45%.

O novo critério, porém, leva em conta os recursos disponíveis após o eventual dispêndio com a compra de outros negócios.

A Petrobras não citou nenhum ativo em especial, mas analistas citaram em relatórios a possibilidade de compra de uma fatia maior na Braskem (BRKM5) ou de voltar a ter participação na Vibra (VBBR3).

A empresa também mencionou que poderá, em casos excepcionais, distribuir remuneração extraordinária aos acionistas.

A Petrobras também avisou que usará programas de recompra de ações como parte da política de remuneração aos acionistas.

Goldman Sachs

O Goldman Sachs em relatório calculou que, com a mudança, o dividend yield da Petrobras ficará em torno de 10% em 2024, em linha com os níveis de rivais globais da companhia.

O dividend yield mede a rentabilidade dos dividendos de uma empresa em relação ao preço de suas ações.

Em termos números, isso significaria distribuir ao redor de R$12,7 bilhões neste ano e de R$ 8,5 bilhões em 2024, o que equivaleria a cerca de metade do lucro obtido pela empresa.

O Goldman manteve recomendação de compra para as ações da petroleira, com preço-alvo de R$ 46,10 para PETR3 e de R$ 41,90 para PETR4.

Itaú BBA

Também em relatório, o Itaú BBA considerou que a manutenção de pagamentos trimestrais e a ênfase aparentemente maior em dividendos em vez de recompras neste primeiro momento provavelmente serão bem-vindas pelos investidores.

Nas contas da analista Monique Greco, que assina o documento, no novo desenho a remuneração proposta pela Petrobras ainda é significativamente maior do que para os rivais Shell, Repsol e Total.

O BBA tem recomendação marketperform (em linha com o mercado) para as ações da estatal.

BTG Pactual

O BTG Pactual, que tem recomendação neutra para os papéis da Petrobras, citou “sentimentos mistos” da nova política de dividendos.

O relatório assinado por Pedro Soares e Thiago Duarte afirma que alguns pontos ainda não estão claros, como o horizonte de um novo programa de recompra.

Além disso, os analistas citam o possível pagamento extraordinário de dividendos, no começo de 2024, dado que as reservas de lucros estão se aproximando do máximo permitido por lei.

“Embora seja uma possibilidade real, acreditamos que a ação levará mais tempo para precificar neste cenário, principalmente porque o acionista controlador poderia evitar tal distribuição pontual criando
uma reserva estatutária”, afirma o relatório do BTG.

Santander

Já o Santander avaliou que a remuneração esperada com a nova política mantém a ação da Petrobras como atrativa nos preços atuais, uma vez que embute um desconto de cerca de 40% para as principais rivais.

Por isso, o Santander manteve classificação outperform (acima da média do mercado), com expectativa de alta de cerca de 37% para o ADR (recibo de ação) da companhia negociado em Nova York.