BTG Pactual (BPAC11) divulga balanço com expectativas mistas; mercado quer ver efeito Americanas

Analistas acreditam que excluindo provisão com um suposto calote da varejista, os resultados de segunda-feira (13) serão bons como foram no 3º trimestre

O BTG Pactual (BPAC11) entra na temporada de balanço em meio a muitas expectativas diante de sua posição em relação a Americanas. Em litígio e com a varejista, o mercado espera para ver o tamanho da provisão de perdas que será feita pelo banco no quarto trimestre.

O banco declarou ter R$ 3,5 bilhões em crédito com a varejista – equivalente a 8,3% de seu patrimônio líquido – enquanto disputa na Justiça a retenção de R$ 1,2 bilhão. Sendo assim, a exposição total do BTG pode variar entre R$ 1,9 bilhão e R$ 3,5 bilhões.

O Bradesco e o Itaú provisionaram 100% de suas eventuais perdas com o caso, sendo Bradesco bem mais afetado, mas com robustez o suficiente para sacodir a poeira e dar a volta por cima.

O banco de André Esteves irá divulgar seu balanço na segunda-feira (13), antes da bolsa abrir.

Excluindo o efeito Americanas, no entanto, a expectativa do mercado é positiva. O mercado espera, em média, EX-AMER3, um lucro líquido em linha com o do 3º trimestre, e 25% maior do que no 4º trimestre do ano anterior, por volta de R$ 2,2 bilhões.

O que dizem os analistas?

Os analistas são unânimes em dizer que o BTG será um dos mais afetados por um possível calote aplicado pela Americanas, em recuperação judicial.

A Genial Investimentos afirmou que, trabalhando com a hipótese de o BTG manter na Justiça a guarda dos R$ 1,2 bilhão, o montante devido pela Americanas passaria a R$ 1,9 bilhão.

“Com isso, fazendo uma provisão de 30%, o BTG teria uma queda de 4% no lucro líquido na comparação de 12 meses, já se o PDD for de 100%, haverá uma queda de 13,2%.

Excluindo o efeito Americanas, a equipe de análise do Santander é a mais otimista com os resultados do BTG, apostando em números fortes novamente, assim como no terceiro trimestre.

“Esperamos crescimento do lucro líquido recorrente de 25% ano a ano no 4º trimestre, gerando um ROE de 20,6%, apesar do desempenho mais fraco das receitas de investimento, vendas & negociação e gestão de ativos”, disse o relatório de Henrique Navarro, Arnon Shirazi e Anahy Rios.

Para eles, os empréstimos corporativos, remuneração de ações e patrimônio receitas de gestão (NII) devem ser os principais destaques.

Os analistas do Banco Safra apontam para um resultado “neutro” do BTG, na média do segmento bancário. “A receita deve permanecer estável, com leves pressões sobre despesas operacionais levando a um declínio sequencial no lucro líquido, embora já esperado”, explicam.

A XP Investimentos afirmou que o impacto das provisões da Americanas nos resultados do BTG deve ser entre 20% e 30% do lucro líquido.

“O maior provisionamento no curto prazo não deve apenas reduzir marginalmente seus índices de capital, mas também pressionar temporariamente seus lucros e rentabilidade”, disseram os analistas da XP Renan Manda e Matheus Guimarães.

Macro

O cenário macroeconômico de 2023 também carrega uma boa dose de cautela. De acordo com os analistas.

Até fevereiro havia um cenário mais consensual sobre uma queda de juros para meados deste ano, com uma inflação mais controlada. No entanto, os eventos recentes mostram uma condução da agenda econômica menos preocupada com esses elementos.

“Com a perspectiva de queda dos juros e inflação entrando em uma zona cinzenta, elevamos a nossa cautela para o setor bancário”, avaliou a Genial Investimentso.