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Volatilidade do Tesouro Direto pode ser boa oportunidade para o investidor
A volatilidade dos títulos do Tesouro Direto chamou a atenção dos investidores em outubro de 2021. O preço dos papéis sofriam forte queda, enquanto as taxas de remuneração disparavam. Os valores mudaram tanto e tão rapidamente que quase todos os dias as negociações eram suspensas. Mas por que isso está acontecendo e o que fazer com seu investimento no Tesouro?
Respondendo à primeira pergunta: o mercado financeiro como um todo tem estado muito volátil nas últimas semanas em função do risco fiscal envolvendo o Auxílio Brasil. Investidores temem o aumento de gastos sem responsabilidade fiscal do governo, o que eleva os juros futuros.
Juros futuros são contratos de DI com vencimento em datas futuras negociados no mercado financeiro. Seu preço varia conforme a expectativa para a taxa DI (que acompanha a Selic) na sua data de vencimento. Se a previsão de uma Selic maior aumenta, os juros futuros acompanham e também sobem.
Os títulos do Tesouro tendem a acompanhar este movimento diariamente. Se o juro traça um caminho de alta, a remuneração dos papéis do Tesouro Direto também sobe, e vice-versa. O problema é que o valor dos títulos também oscila conforme a oferta e a demanda do mercado e é inversamente proporcional à remuneração.
Tipo de título do Tesouro Direto: | Como funciona a rentabilidade? |
Tesouro prefixado | Juros conhecidos na hora da aplicação |
Tesouro Selic | Juros variam conforme a Selic |
Tesouro IPCA+ | Uma parte dos juros é conhecida na hora da aplicação e outra varia conforme o IPCA |
Calculando exemplos do Tesouro Direto
O Tesouro prefixado 2024, por exemplo, se desvalorizou 5,59% desde o dia 13 de outubro. No mesmo intervalo, a sua taxa foi de 9,95% ao ano para 12,54% ao ano.
Quem comprou este título no dia 13, terá uma rentabilidade de 9,95% ao ano se o carregar até o vencimento, em 2024. Caso realize o resgate hoje, irá perder 5,59% do valor investido. Isso acontece porque o preço de cada título oscila diariamente de acordo com a marcação a mercado e este, em específico, está em forte desvalorização.
O movimento é um reflexo da trajetória de alta da Selic e da inflação. Alguns economistas veem, inclusive, a possibilidade do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) superar os 10% este ano, o que deixa o título prefixado com rentabilidade de 9,95% pouco atrativo, ao passo que o título atrelado ao IPCA fica mais rentável. Para conseguir vender os títulos no mercado, o Tesouro aumenta a taxa de juros do prefixado (hoje a 12,54% ao ano) de acordo com o juro que o mercado precifica para 2024 por meio dos juros futuros.
Apesar de serem naturais, estas mudanças nas remunerações e preços dos títulos estão acontecendo mais rápido que o usual. Constantemente, a Secretaria do Tesouro Nacional tem suspendido as negociações durante o pregão para atualizar os preços e taxas dos títulos.
“Tem ocorrido um alargamento no spread [diferença de juros] entre a compra e a venda nos títulos, o que não é do interesse do Tesouro, que é uma plataforma, em sua maioria, para o pequeno investidor, com transações de pequeno porte”, diz Marcelo Milech, planejador financeiro CFP pela Planejar.
Segundo o especialista, o momento de juros mais altos é oportuno para novos investimentos no Tesouro.
“A curva de juros pode abrir mais, mas é um bom momento de entrada para quem pensa em carregar o título até o vencimento”, afirma Milech.
Para aproveitar juros mais altos a cada dia, uma estratégia é dividir os aportes e não fazê-los todo de uma vez, aumentando a rentabilidade média.
“O esperado dos títulos públicos é a estabilidade, mas estamos em um ambiente caótico às vésperas de eleições polarizadas. Esses títulos ainda vão oscilar mais”, diz Sandra Blanco, estrategista-chefe da Órama.
Ela vê atratividade nos títulos prefixados, que estão com uma rentabilidade anual acima de 12%. “Você compra um papel do Tesouro com rentabilidade acima de 1% ao mês. Vale a pena, pois ano que vem a inflação não vai ser tão alta”, afirma Sandra.
Segundo o boletim Focus do Banco Central, que reúne estimativas de economistas, o IPCA deve ser de 4,40% em 2022, de 3,27% em 2023 e de 3,02% em 2024.
O que fazer com seu título do Tesouro?
Muitos compraram títulos do Tesouro antes da inacreditável taxa de 12% ao ano e estão vendo o papel derreter na carteira. O que fazer nestes casos?
O investidor tem duas opções: realizar o prejuízo e utilizar o dinheiro resgatado em uma nova aplicação para reverter as perdas ou aguardar o vencimento do papel para obter a rentabilidade contratada no momento da aplicação.
“Quem comprou prefixado há uns cinco meses atrás pode compensar a saída antecipada investindo em um título mais longo, com taxa muito mais alta, e surfar a curva de juros”, diz Milech.
Ele adverte que tal movimento é arriscado, mas pode ser mais rentável dependendo do objetivo de resgate do investidor.
Sandra Blanco aconselha que, se o título está rendendo acima da inflação, vale carregá-lo até o vencimento. “Para quem está perdendo, não é hora de sair.”
Para conferir as taxas e os preços do título, basta acessar a página do Tesouro Direto:
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