Moeda comum entre Brasil e Argentina? Entenda a ideia de criar uma nova divisa para os países

Lula e Fernández escreveram artigo juntos reforçando a vontade de criar uma moeda conjunta; saiba o que as autoridades falam sobre a iniciativa

Os presidentes de Brasil e Argentina, Luiz Inácio Lula da Silva e Alberto Fernández, se reúnem nesta segunda-feira (23) para estreitar laços entre as duas maiores economias da América do Sul, que foram afrouxados ao longo dos últimos anos , por discordâncias entre o ex-presidente Jair Bolsonaro e o atual mandatário do país vizinho.

Entre os temas a serem abordados por Lula e Fernández está a possível criação de uma moeda comum para negociações entre Brasil e Argentina, que, segundo os presidentes, teria como principal funcionalidade “superar barreiras às nossas trocas, simplificar e modernizar regras e incentivar o uso de moedas locais”. O trecho é parte do artigo publicado no jornal Perfil, da Argentina, em nome dos dois mandatários.

A moeda comum entre os dois países vizinhos serviria como uma divisa que pudesse “ser utilizada tanto para fluxos financeiros quanto comerciais, reduzindo os custos de operação e diminuindo a vulnerabilidade externa” dos dois países, segundo o texto.  

Expansão para outros países?

Inicialmente, a negociação acontece entre Brasil e Argentina, mas, caso vingue entre os dois países, pode ser expandida para uma iniciativa regional, já que os líderes falam, no artigo, de “uma moeda comum sul-americana”.

Início das tratativas

Segundo o G1, a ideia da moeda comum foi levantada originalmente em artigo escrito no ano passado por Fernando Haddad e Gabriel Galípolo –hoje ministro da Fazenda e secretário-executivo do ministério, respectivamente– e chegou a ser citada por Lula durante a campanha.

Mitigação de “choques externos”

“O comércio entre Argentina e Brasil já tem alta participação de produtos industrializados em setores estratégicos. A integração entre nossas cadeias produtivas ajuda a mitigar choques externos, como os ocorridos durante a pandemia”, disseram os presidentes no artigo.

“Não podemos depender de fornecedores externos para podermos ter acesso a insumos e bens essenciais ao bem-estar das nossas populações”, completam.

Moeda única, como o euro?

Em entrevista a jornalistas, o embaixador da Argentina no Brasil, Daniel Scioli, disse que a moeda comum “não significa que cada país não tenha sua moeda, (mas) significa uma unidade de integração e aumento de intercâmbio comercial em todo este bloco regional”, o que difere do euro, por exemplo, que previu o abandono das moedas locais.

A ideia foi reforçada por Haddad, que ressaltou, em entrevista ao Financial Times, que a moeda não significaria o fim do real nem do peso argentino. A ideia, segundo Haddad, é “começar a estudar os parâmetros necessários para uma moeda comum, que inclui tudo, de questões fiscais ao tamanho da economia e o papel dos bancos centrais”, completou.

Para o ministro da Fazenda do Brasil, o movimento “pode criar eventualmente o segundo maior bloco monetário do mundo”, atrás da zona do euro.