Guerra da Rússia contra Ucrânia aprofunda dúvidas sobre confiança empresarial no país, diz FGV

Gargalos no fornecimento de insumos e a variante ômicron de covid-19 derrubaram pela segunda vez consecutiva o Índice de Confiança Empresarial (ICE), da Fundação Getulio Vargas (FGV), que em fevereiro recuou 0,5 ponto, para 91,1 pontos, menor nível desde abril de 2021
Pontos-chave:
  • Para Aloísio Campelo, superintendente de estatísticas do Ibre-FGV, levanta incertezas no mercado doméstico, com possibilidade de avanço inflacionário e novas dificuldades logísticas
  • O técnico ressalta que uma das dúvidas mais inquietantes em relação ao conflito na Ucrânia é sobre quanto tempo durará

Gargalos no fornecimento de insumos e a variante ômicron de covid-19 derrubaram pela segunda vez consecutiva o Índice de Confiança Empresarial (ICE), da Fundação Getulio Vargas (FGV), que em fevereiro recuou 0,5 ponto, para 91,1 pontos, menor nível desde abril de 2021 (89,6 pontos). Para o superintendente de estatísticas do Ibre-FGV, Aloísio Campelo, não há como fazer previsões precisas, no momento, sobre a trajetória do indicador. Ele observa que a invasão russa à Ucrânia levanta incertezas no mercado doméstico, com possibilidade de avanço inflacionário e novas dificuldades logísticas.

O especialista destacou que, na evolução dos dois subindicadores componentes do ICE, o Índice de Situação Atual (ISA) caiu 3,2 pontos em fevereiro ante janeiro, para 88,1 pontos. O Índice de Expectativas (IE), por sua vez, subiu 1,9 ponto, para 93,3 pontos. Embora o segundo sinalize maior otimismo empresarial quanto ao futuro, a coleta de informações para cálculo gerais ocorreu antes do agravamento da situação na Ucrânia, ponderou Campelo.

Para o especialista, o humor do empresariado em março dependerá de duas influências, uma positiva outra negativa. Se por um lado o empreendedor de serviços olha para o arrefecimento da variante ômicron e se torna mais otimista, principalmente quanto às atividades presenciais, o mesmo não pode ser dito sobre os industriais.

Campelo lembra que durante a pandemia o setor industrial teve que lidar com a desregularização da cadeia logística de fornecimento de insumos, em caráter global. Portanto, uma nova tensão internacional, com possibilidade de sanções comerciais entre países, pode tornar mais difícil ainda o acesso a insumos.

O técnico ressalta que uma das dúvidas mais inquietantes em relação ao conflito na Ucrânia é sobre quanto tempo durará. Ele alerta que, se durar muito tempo, a guerra deflagrada pela Rússia pode puxar para cima preços de commodities, com impacto na inflação brasileira. “Vamos ter que esperar para saber sobre a duração da guerra e sua intensidade”, diz Campelo.