Guedes defende liberar saque do FGTS para pagamento de dívidas

Em evento, ministro adiantou medidas que o governo deve anunciar para estimular a economia

O governo pode autorizar que pessoas utilizem seus saldos no FGTS para pagar dívidas, disse nesta terça-feira o ministro da Economia, Paulo Guedes, em evento do BTG Pactual. Ele comentou que o cidadão pode estar devendo no banco, ao mesmo tempo em que tem dinheiro parado no fundo e questionou por que não autorizar o saque.

A medida foi citada pelo ministro quando ele listou as iniciativas ainda a serem lançadas pelo governo. O Valor Econômico informou que o Planalto prepara uma semana de anúncios de medidas no campo econômico para depois do Carnaval.

“Vamos lançar programa de acesso a crédito sem grandes gastos fiscais”, disse Guedes. É um programa de R$ 100 bilhões para retomar as linhas da pandemia.

Abertura da economia

O governo poderá promover uma nova rodada de redução nos impostos de importação, também adiantou o ministro no evento. “Estamos começando a abrir a economia”, disse. “Baixamos a TEC e podemos baixar de novo antes do fim do governo.”

Ele destacou ainda o fato de o Brasil estar na lista de acesso à OCDE.

Ao falar sobre o ajuste fiscal, o ministro mencionou o fato de os bancos públicos terem devolvido R$ 260 bilhões aos cofres públicos, ao mesmo tempo em que houve democratização do crédito.

Citou também o fato de o governo haver controlado os gastos com Previdência e juros e haver promovido uma reforma administrativa “invisível”. Ficou faltando, disse, estabelecer regras para os novos servidores – referindo-se à reforma administrativa, não aprovada.

Ele negou ainda que a regra criada para pagamento de precatórios seja calote. “É o contrário do calote”, disse.

Explicou que os precatórios cujos pagamentos ficarem acima do teto de gastos entrarão numa fila, da qual será possível sair comprando ações de estatais, participando de conessões. “Vai lá e ajuda a transformar o Brasil”, disse.

Transferência de riqueza

Das receitas obtidas com privatizações, 20% a 30% serão destinadas a erradicar a pobreza, apontou Guedes. “A pandemia deixou duas lições: não há substituto para a boa política e podemos reduzir a pobreza relativamente rápido”, afirmou. Com o pagamento do auxílio emergencial, houve a “maior queda da miséria em 40 anos no Brasil.”

Ele repetiu a proposta de utilizar parte das receitas com privatizações para fortalecer o fundo de erradicação da pobreza. “Vamos botar incentivo para a classe política acelerar privatizações”, disse. “Quem sabe não vai ter apoio da população [às privatizações].”

Tensão entre Rússia e Ucrânia

Vamos assistir a um agravamento da situação internacional, observou o ministro. “A geopolítica está séria, mas estou falando de economia”, ressalvou. Ele afirmou que as economias centrais “dormiram ao volante” e não contiveram a tempo o processo inflacionário. “Vai ser desaceleração sincronizada com inflação”, afirmou.

O Brasil, ao contrário, vai crescer. O Banco Central “acordou primeiro” e combateu a alta de preços. Guedes previu que os analistas passarão o ano revendo as estimativas de crescimento da economia brasileira para cima.

Com Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor Econômico