FMI projeta ‘onda de recessão na Europa’ com corte total do gás russo

Economia da Itália poderia ser uma das mais afetadas

Uma interrupção total do fornecimento de gás por parte da Rússia poderia causar um efeito dominó de recessões na Europa Ocidental e Itália, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI).

O Fundo prevê que ações russas para suspender o fornecimento à Europa desencadeariam contrações econômicas de mais de 5% no próximo ano na República Tcheca, Hungria, Eslováquia e Itália a não ser que os países compartilhassem seu gás e os preços fossem mantidos baixos de maneira artificial.

O FMI ressalta que 42% das importações de gás da União Europeia (UE) vêm da Rússia e que oito países do bloco recebiam mais de 50% de suas importações de gás de Moscou antes da guerra de Vladimir Putin contra a Ucrânia.

A UE se prepara para um corte total do gás russo depois que o principal gasoduto entre o bloco e a Rússia, o Nord Stream 1, foi fechado para manutenção de rotina, porém membros do bloco acreditam que o fluxo não será retomado após quinta-feira, quando está marcado o fim dos consertos.

Diante da situação de insegurança em relação à Rússia, o consumo de gás europeu já caiu 9% este ano, derrubando em 0,2 ponto percentual o PIB da UE, de acordo com o FMI. As simulações do fundo alertaram que, sem novos cortes, o impacto do fim do fornecimento russo pode se tornar muito pior no inverno.

A Comissão Europeia deve dizer na próxima semana aos Estados-membros que cortem o consumo “imediatamente”.

A projeção do FMI sugere que a economia europeia pode lidar com uma redução de 70% da oferta de gás da Rússia, mas haveria escassez se houvesse um embargo total às exportações. Os países europeus mais afetados só teriam acesso de 15% a 40% do suprimento necessário para atravessar o inverno.

Os piores impactos surgiriam se o gás não fosse compartilhado entre os países europeus, tanto devido a gargalos físicos no fornecimento quanto pelo acúmulo desesperado de gás por países com medo de ficar sem combustível.

O Fundo sugere que, se os governos querem proteger as famílias vulneráveis do aumento dos custos de energia, devem oferecer subsídios ou fornecer algum método de aumento de renda. Segundo o FMI, isso manteria incentivos para que as pessoas limitassem o uso de gás.