Campos Neto projeta ‘dois ou três meses’ de deflação

Presidente do BC diz esperar que Brasil receba investimento estrangeiro com rearranjo das cadeias produtivas globais

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta terça-feira que a autoridade monetária projeta “dois ou três meses de deflação”.

“Quando olhamos o processo inflacionário, esperamos três meses de deflação. Tivemos deflação no mês passado e provavelmente vamos ter deflação neste mês. De novo, é muito impactado pelos preços de energia e medidas do governo”, ressaltou, durante o XVIII International Investment Seminar, promovido pelo Moneda Asset Management, em Santiago, no Chile.

Campos repetiu que olha de perto a inflação de serviços. “Quando olhamos componentes diferentes, o que mais preocupa são os preços de serviços”, afirmou. “Não são só preços, olhamos com muito cuidado o processo de salários em serviços. Uma das perguntas é quando vamos ter uma taxa de equilíbrio do mercado de trabalho. Não é uma variável fácil de se observar, é difícil de modelar. Vemos algum espaço”, destacou.

Economia global

Durante o evento, Campos afirmou ainda que grande questão agora é se a economia global vai passar por período de baixo crescimento econômico e inflação alta ao mesmo tempo.

“A grande questão é quando vamos ter uma janela com baixo crescimento e inflação alta e o que isso vai fazer com o preço dos ativos. Acho que os ativos são muito resilientes, pelo menos até agora, porque estão precificando que a inflação vai cair em breve”, pontuou.

Campos disse esperar que o Brasil receba investimento estrangeiro com rearranjo das cadeias produtivas após a guerra entre a Rússia e a Ucrânia. “Em relação ao novo formato geopolítico, achamos que o Brasil tem uma grande oportunidade, porque representa uma grande democracia”, disse. “Esperamos que tenha muito investimento [estrangeiro] no Brasil, já está acontecendo”, concluiu.