BNP Paribas: inflação deve fechar 2022 em 10%, com pressão maior de alimentos e combustível

Impacto dos preços também tende a ser mais duradouro, avalia o banco

O BNP Paribas revisou suas projeções para IPCA de 8,5% para 10% em 2022 e de 4,5% para 5% em 2023. “Esperamos pressão dos mesmos setores, mas com impacto mais forte e duradouro”, escrevem a economista para Brasil, Laiz Carvalho, e o chefe de pesquisa para América Latina, Gustavo Arruda, em relatório.

Eles listam quatro principais vetores. Alimentos terão a maior variação de preços em 2022, dizem, esperando um aumento de 17%, ante 13,8% da projeção anterior. Com custos mais altos e estoques globais pequenos, os preços dos alimentos devem voltar a atingir o pico, afetando cereais e proteínas.

“À medida que o conflito Ucrânia-Rússia continua, o mundo enfrentará uma menor produção global de trigo e altos preços de fertilizantes. Além disso, as condições climáticas nos EUA colocaram sua colheita de milho em risco, deixando todos os olhos no Brasil e na Argentina”, afirmam Carvalho e Arruda.

Em combustível, agora o BNP Paribas espera um aumento adicional de 15% nos próximos meses, conforme a diferença entre os preços internacionais e locais avança.

A equipe do banco também diz não esperar uma normalização completa das cadeias globais de suprimentos, especificamente do setor de semicondutores, antes do fim do ano. “O aumento global do preço do frete também ainda não foi totalmente incorporado aos preços ao consumidor”, afirmam.

Além disso, a economia do Brasil deve ter desempenho melhor do que o esperado no primeiro semestre de 2022, e com a liberação do FGTS, a antecipação do 13º e números ainda robustos do mercado de trabalho, dizem, “o serviço provavelmente repassará para os preços as expectativas de inflação não ancoradas”.

Carvalho e Arruda dizem que vão esperar a comunicação do Banco Central, cujo Comitê de Política Monetária (Copom) começa a se reunir hoje, para calibrar previsões de taxa de juros em 2022 e 2023. Por enquanto, elas foram mantidas em 14,25% e 10,5%, respectivamente.