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Taxa do Tesouro Prefixado encosta nos 12% ao ano: é hora de investir? E como fica a marcação a mercado?
Há um mês, o Tesouro Prefixado 2031 ofertava ao investidor uma rentabilidade de 11,47% ao ano. Na última quarta-feira (29), o mesmo título era pagava mais de 12% de rendimento ao ano. O que isso significa para o investidor? Vale a pena investir agora, considerando também a marcação a mercado?
Para especialistas ouvidos pela Inteligência Financeira, vale a pena investir, sim. Isso uma vez que a rentabilidade prefixada próxima a 12% ao ano é considerada alta no atual contexto brasileiro. Contudo, é sempre indispensável levar em conta seu perfil de investidor, objetivo de prazo e grau de tolerância a riscos.
O Tesouro Prefixado 2031 era negociado nesta sexta-feira (7) a uma taxa de rentabilidade de 11,88% ao ano. A taxa básica de juros, a Selic, foi reduzida para 10,50% ao ano na última reunião do Copom do Banco Central.
“12% é um ótimo patamar de taxa para se pegar, apesar de que ainda possam ter momentos que essas taxas possam ficar ainda mais altas. Então, 12% é um ótimo prêmio para uma carteira de longo prazo. Isso até até permite uma saída antecipada agiada quando as taxas voltarem a negociar abaixo disso”, afirma Vítor Oliveira, especialista de renda fixa da One Investimentos.
“Consideramos 12% um patamar atrativo. As nossas projeções de inflação indicam que o Banco Central não terá espaço para reduzir a Selic, contudo, também não acreditamos que será necessário subir os juros além do que temos hoje. Por isso, vemos uma assimetria para baixo e não para cima nos níveis atuais”, argumenta Laís Costa, analista da Empiricus Research.
Por que as taxas do Tesouro Prefixado subiram?
De acordo com os especialistas ouvidos pela reportagem, há algumas razões para a alta nas taxas do Tesouro Prefixado. A principal é a mudança nas expectativas do mercado para a inflação, que vem subindo nas últimas edições do boletim Focus. Com um olhar mais preocupado para a inflação, o prêmio risco exigido para o Tesouro captar recursos aumenta.
“Os juros estão subindo porque as expectativas de inflação futura estão se deteriorando, principalmente para 2025 que é o horizonte relevante do Banco Central”, afirma Laís Costa.
Outro fator listado, que é correlato ao da inflação, é o do cenário político. Vítor Oliveira cita preocupações com uma fala recente do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que considerou a meta de inflação de 3% ao ano “exigentíssima e inimaginável”. Ele também ressalta a divisão do Copom, que optou por um corte menor de juros pelo apertado placar de 5 a 4, o que acentua expectativas para o futuro das decisões do comitê.
A esses dois pontos, o planejador financeiro Marlon Glaciano soma as preocupações com risco fiscal no Brasil e os olhares para os movimentos de taxas de juros em outras economias ao redor do mundo.
Como funciona a marcação a mercado no Tesouro Direto?
Quando você investe em um título do Tesouro Direto, você recebe a promessa de pagamento desse valor corrigido a uma determinada condição ao final do prazo estipulado. Ou seja, no Tesouro Prefixado 2031, que você vai receber em 1º de janeiro de 2031 o seu investimento corrigido em 11,96% ao ano por todo o período.
No entanto, caso o investidor decida sair antes, ele estará sujeito à chamada “marcação a mercado“. Ou seja, ao valor que o título que ele possui terá no mercado no momento da saída. Se os títulos ofertados naquele momento forem mais vantajosos, o que o investidor tem na mão perde valor e ele pode sair até no prejuízo.
Contudo, se as taxas forem menores do que aquela que ele tem disponível, esse título pode disparar e render uma valorização acima da taxa contratada. É atraente, mas demanda muita atenção e conhecimento do mercado, afirmam os especialistas.
“É bom lembrar que vai existir uma volatidade alta sobre esse papel em caso de venda no secundário. Por isso, é sempre bom estar monitorando essas taxas e DIs futuros para aproveitar o momento correto de venda. Isso exige um acompanhamento mais de perto”, diz Vítor Oliveira, da One.
Vale a pena investir em Prefixados agora, pensando na marcação a mercado?
Pelo mecanismo da marcação a mercado, os títulos prefixados do Tesouro Direto se valorizam quando há expectativas de redução da inflação e novos cortes nas taxas de juros. Portanto, há algumas semanas, quando a ampla expectativa do mercado era de que a Selic cairia mais nas próximas reuniões, a resposta seria sim.
No entanto, a mudança de perspectivas de cenário divide os especialistas.
Laís Costa não vê mais espaço neste momento para novos cortes. A especialista também enxerga, apesar de não ser uma alta probabilidade, há um risco em caso de disparada da inflação e de problemas fiscais.
“Esse título se provará um investimento ruim principalmente se caminharmos para um cenário de aumento inflacionário e em casos extremos de dominância fiscal. Embora esses não sejam cenários de alta probabilidade, o principal cuidado que o investidor deve ter é com o tamanho da posição”, diz a especialista.
A analista da Empiricus defende como alternativa os títulos atrelados à inflação, que contam com a proteção em caso de uma possível disparada nos preços, além de uma parcela prefixada.
Vítor Oliveira, da One, por sua vez avalia que os Prefixados seguem uma alternativa interessada para a marcação a mercado, mesmo que a expectativa seja de redução no ritmo dos cortes. “Por mais que exista essa perspectiva de que Selic caia menos do antes previsto, ainda assim é um ótimo patamar de taxa para se aproveitar desse tipo de estratégia”, diz o especialista.
Evite se expor a riscos acentuados
O planejador financeiro Marlon Glaciano também vê os títulos prefixados como uma opção vantajosa nessa estratégia.
“Dado que há uma perspectiva de novas quedas na taxa Selic, mesmo que sejam menos acentuadas do que o previsto anteriormente, investir no Tesouro Prefixado 2031 pode ser vantajoso. À medida que a Selic cai, os títulos prefixados se valorizam, pois os investidores buscam garantir as taxas mais altas prefixadas anteriormente”, explica.
O especialista, no entanto, pondera que o investidor tome riscos comedidos e se previna em um conjunto de maneiras, incluindo diversificação da carteira e a garantia de reservas de liquidez em outras fontes. Além de considerar manter o investimento até o vencimento, o que o risco de perdas devido a flutuações.
“Diversificar a carteira reduz o risco total e protege contra perdas. Além disso, é importante considerar a necessidade de liquidez, pois vender antes do vencimento pode resultar em perdas se o mercado não estiver favorável. Ter uma reserva de emergência evita resgates antecipados”, explica.
Vale a pena investir no Tesouro Prefixado neste momento?
Os especialistas consideram o atual patamar das taxas do Tesouro Prefixado como atrativo aos investidores.
“O percentual de cerca de 12% ao ano pode ser considerado atrativo para muitos investidores, especialmente em um cenário de inflação controlada e expectativas de queda nas taxas de juros futuras. Este nível de rentabilidade oferece um retorno real significativo, acima da inflação, o que é muito positivo para quem busca proteger e aumentar o poder de compra do seu capital”, afirma Marlon Glaciano.
No entanto, justamente pelos efeitos da marcação a mercado, os especialistas recomendam que esse título seja inserido em carteiras com diversificação. E, mais uma vez, que o investidor considere seu perfil, objetivo de prazo e tolerância a riscos.
“Porque você está prefixando uma taxa X até o vencimento, ou seja, está totalmente exposto a movimentos de mercado (inflação e CDI). No geral, ativos prefixados devem fazer parte da carteira de todo investidor como um todo, tanto para saída antecipada ou levar até o vencimento, dado que uma carteira bem diversificada é muito vencedora no longo prazo”, completa Vítor Oliveira, da One.
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