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Existem ações que, de tão previsíveis, até parecem títulos de renda fixa?
Empresas citadas na reportagem:
Falar em ações que são renda fixa pode parecer esquisito. Até porque, sabemos que ações são renda variável por excelência. No entanto, será que algumas delas oferecem rendimentos recorrentes e – de certa forma – podem ser consideradas mais previsíveis?
Foi o que perguntamos a dois superespecialistas no assunto. Confira o que dizem Fernando Bresciani, analista de investimentos do AndBank, e Victor Bueno, sócio e analista de ações da Nord Research.
Existem ações “de renda fixa”?
A resposta é… sim! Pois é. Os dois especialistas confirmam que existem ações que são praticamente uma “renda fixa”. E qual é o segredo desses papéis? “Se elas parecem renda fixa, é muito por conta do pagamento de dividendos”, revela Bueno.
Significa, então, que quem investe nesses papéis recebe proventos todos os meses? Não é exatamente assim. “Os pagamentos não são mensais, mas são constantes ao longo do ano”, esclarece Bresciani.
E tem outra coisa. “Não é possível determinar o montante total dos proventos que as empresas vão pagar”, alerta Bueno. “Isso depende do resultado que elas terão, por isso precisamos ter cautela nesses investimentos”, afirma. Ou seja, não custa repetir, é parecido com renda fixa, mas não é exatamente renda fixa.
Ações estáveis como renda fixa rendem mais que a Selic?
Essa é outra pergunta importante. Como alerta Bueno, como hoje temos uma Selic alta (só para lembrar estamos falando de 11,25% ao ano), é difícil encontrar empresas que entreguem dividendos desse patamar de forma recorrente. “Ou seja, é difícil bater o CDI mesmo investindo em empresas que pagam dividendos”, diz ele. A questão é que, no longo prazo, as ações têm potencial de ganho de capital.
Quais são as ações que mais parecem renda fixa?
E onde estão essas ações que parecem renda fixa e entregam proventos de forma recorrente?
Bresciani e Bueno destacam empresas de seguro, energia e segmento bancário. “Eu acho que as elétricas e as seguradoras, principalmente, são muito boas para dividendos”, diz Bresciani.
Na lista, estão:
- Banco do Brasil (BBAS3)
- BB Seguridade (BBSE3)
- Bradesco (BBDC3, BBDC4)
- CPFL (CPFL3)
- ISA Energia (TRPL4)
- Itaú (ITUB3, ITUB4)
- Porto Seguro (PSSA3)
- Taesa (TAE11, TAEE4, TAEE3)
O especialista destaca a constância de pagamentos dessas empresas. “Por exemplo, o Banco do Brasil faz pagamentos trimestrais”, lembra. Itaú e Bradesco são mensais. “BB Seguridade, ISA, Taesa, Porto Seguro, empresas de energia elétrica, como a CPFL, pagam dividendos várias vezes ao longo do ano”, explica.
Abaixo, vamos ver as peculiariedades de algumas delas:
ISA Energia
Bueno chama a atenção para transmissoras. “Dentro de energia, gostamos muito delas porque atuam com contratos longos, de mais de 30 anos, corrigidos por índice de inflação, o que aumenta a previsibilidade”, destaca. Entre elas, o sócio e analista de ações da Nord Research também chama a atenção para a ISA Energia (ou ISA Cteep). “Ela tem rendimento próximo de 9%, o que fica abaixo do CDI, mas tem potencial de ganho de capital no longo prazo”, diz ele.
BB Seguridade
Outro destaque na sua lista é BB Seguridade. “É uma empresa que ganha dinheiro tanto em cenários ruins quanto bons porque capta recursos dos clientes para render em CDI”, explica. Proventos, aqui, também oferecem rentabilidade próxima de 8% a 9%, ele afirma.
Itaú
Bueno também ponta Itaú como um tipo de ação parecida com a renda fixa. “O lucro do banco vem crescendo de forma recorrente e entregou crescimento de 18% no seu último resultado”, diz ele. “Depois da pandemia, também vem pagando excelentes dividendos para os seus acionistas”, afirma. “Mais uma vez, o rendimento aqui tira em torno dos 9% ao ano, mas a tendência é de que seja ainda maior a partir do próximo ano se o lucro continuar subindo”, sinaliza.
Como calcular o rendimento da ação
Você deve conhecer o termo dividend yield, indicador que representa a relação entre os dividendos pagos por uma empresa por ação e o preço que o investidor pagou pelo papel no momento da compra.
“Para calcular, precisamos basicamente pegar os dividendos pagos nos últimos 12 meses, por ação, e dividir pelo preço da ação”, explica Bueno.
Ou seja, o rendimento (em proventos) de uma ação depende diretamente do preço que você pagou por ela. “Quem comprar ações que estão valorizadas vai ter rendimento menor do que aquele investidor que comprou antes de o preço subir”, alerta.
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