Investimento em dólar: saiba como receber 5% ao ano com o menor risco do mercado
Treasuries vivem rentabilidade histórica; veja as opções disponíveis e quanto você precisa ter para começar um investimento em dólar
Os EUA prolongaram as altas dos juros, que devem permanecer em patamares elevados por um tempo, e o mercado tem colocado os juros futuros nos patamares mais altos em mais de uma década. Com isso, o dólar tem voltado a ganhar força contra o real e outras moedas.
Para o investidor, o que mais interessa de tudo isso é que os títulos do Tesouro americano ganham atratividade, mesmo para o brasileiro, acostumado com alta rentabilidade na renda fixa local.
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O rendimento perto de 5% dos Treasuries americanos acrescenta rentabilidade ainda mais atrativa à segurança e liquidez que esses títulos sempre carregaram. O que os colocam como poderoso concorrente para o CDI brasileiro. Saiba quanto rende o CDI.
A Inteligência Financeira ouviu especialistas do mercado para entender se os Treasuries americanos são capazes de oferecer rendimento maior que o CDI e como acessar esses ativos para construir um investimento em dólar no mercado mais estável do mundo.
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Quanto rendem os títulos do Tesouro americano?
Para o investidor brasileiro, a conta de quanto ele receberá de rendimentos dos Treasuries sempre leva em conta a variação cambial. Isso porque o retorno é, basicamente, a taxa de juro mais a variação do dólar.
“No cenário atual, estamos falando de cerca de 5% de juros (para os Treasuries) mais o dólar. O histórico de performance do dólar contra o real é de valorização de cerca de 9% ao ano na última década. Assim, o investimento num título do tesouro americano ganha do CDI em real”, destaca José Maria Silva, coordenador de Alocação e Inteligência da Avenue.
Tesouro americano ou CDI?
Porém, o especialista da Avenue alerta que a performance do câmbio no passado não garante que o cenário se reproduzirá daqui em diante.
Portanto, não significa necessariamente que esses títulos americanos sejam sempre uma opção melhor ao CDI. Porém, a aplicação em ativos de baixíssimo risco, com boa rentabilidade e em dólar são uma maneira de se proteger da histórica volatilidade da economia brasileira.
Rendimento dos títulos do Tesouro americano
Segundo dados do Trading Economics, no final da manhã desta quinta-feira (5), os rendimentos dos títulos eram os seguintes:
- T-bills: de 3 meses: 5,51%
- T-bills: de 6 meses: 5,57%
- T-notes: de 2 anos: 5,03%
- T-notes: de 10 anos: 4,73%
- T-bonds: de 20 anos: 5,09%
- T-bonds: de 30 anos: 4,90%
Qual a melhor opção de Tesouro americano?
“Atualmente, o apelo maior está nos bills de curtíssima duração, de até 3 meses, uma vez que estão remunerando 5% para praticamente nenhum risco e alta liquidez”, diz Gabriela Joubert, estrategista-chefe do Banco Inter.
Para Avenue e XP, os bills também são as melhores opções para a maioria dos investidores por serem os ativos que oferecem menor volatilidade.
Porém, Silva, da Avenue, ressalta que os de prazos mais curtos vão dar mais trabalho para o investidor operar. “Para evitar a necessidade de constante realocação para títulos muito curtos, de 1 a 6 meses, os títulos de 12 meses são um excelente compromisso”, avalia.
Além disso, Silva diz que, para aproveitar a alta dos juros longos, é possível fazer opções por notes de médio prazo. “Assim, mesmo para quem é conservador, títulos de maior duração também fazem sentido, até os de 5 anos de duração”, complementa.
Como investir e quanto preciso ter para entrar?
A maneira para acessar os títulos é abrir conta numa corretora que opere nos EUA, não sendo possível a compra direta dos títulos. Hoje, há opções de corretoras no Brasil fazendo essas operações. Uma delas é a Avenue, que tem para títulos do Tesouro americano o limite mínimo de US$ 10 mil.
Com a XP Internacional, outra empresa que faz o serviço para investidores alocados no Brasil, o limite mínimo é de US$ 5 mil.
Para quem mora nos EUA, a aquisição geralmente é de US$ 1.000 se a compra for feita de forma direta, pelo canal do Tesouro ou por broker.
Quais os riscos?
Títulos do Tesouro americano têm um histórico de pagamento sem falhas e, por isso, o risco é muito baixo. Contudo, os especialistas apontam que a volatilidade é o principal ponto de atenção, apenas para quem não carrega os títulos até o vencimento.
“No mercado secundário, os ativos acabam oscilando de acordo com as expectativas de mudança dos juros. Carregando o título até o fim, o investidor receberá o principal e os juros que foram pagos ao longo da vida do ativo, independentemente das oscilações do período”, explica Gabriela, do Inter.
Paulo Gitz, estrategista-chefe global da XP, diz que “o principal risco é de o investidor vender antecipadamente em um momento de mercado pouco vantajoso”.
Além disso, ele alerta sobre riscos relacionados a novos aportes feitos com os rendimentos semestrais recebidos dos títulos de médio e longo prazo ou do vencimento de títulos curtos.
“Outro risco relevante é o de reinvestimento, tanto no caso dos juros pagos semestralmente quanto após o vencimento do título, que pode ocorrer em um momento de mercado pouco favorável para realizar investimentos”, acrescenta.
Tributação
Outro ponto que vale prestar atenção é quanto à tributação desses títulos, que pode variar dependendo da subclasse e, em alguns casos, limitar os ganhos previstos.
Além disso, há diferenças de tributação ao investir a partir do Brasil ou dos Estados Unidos. “Depende da faixa (de renda) do investidor, aqui e lá fora, além de outros fatores”, diz Gabriela.
Para quem mora no Brasil, sempre haverá tributação. Já para moradores locais, se o título está investido via uma conta normal de investimentos há tributação, enquanto as contas conhecidas como IRA, voltadas para aposentadoria, são isentas.