Como investir em títulos do Tesouro americano?

Procura pelo ativo 'mais seguro do mundo' fica mais intensa com o aumento dos juros no país
Pontos-chave:
  • Aplicação é uma forma de o investidor ter exposição a uma moeda forte
  • Ela é recomendada para equilibrar os níveis de risco da carteira

O Federal Reserve (banco central dos Estados Unidos) decidiu na quarta-feira (27) subir em 0,75 ponto percentual os juros básicos da economia, para o intervalo de 2,25% a 2,50% ao ano. A expectativa é que o aperto monetário continue, em razão da persistência da inflação no país, com a taxa podendo chegar ou até mesmo superar o patamar de 3,5% ao ano no final do ciclo.

Com o aumento dos juros nos EUA, os títulos do Tesouro americano (Treasuries) passam a pagar mais aos investidores, o que naturalmente intensifica a procura deles. Mas como ter na carteira o ativo que é considerado “um dos mais seguros do mundo”?

Antes de tudo, a pessoas investidora precisará ter um número de “social security”, o equivalente ao CPF brasileiro. O documento americano é restrito a quem possui o Green Card, quem tem visto de trabalho para os EUA e estudantes de intercâmbio que tenham sido autorizados a trabalhar no campus da instituição de ensino.

Para quem se encaixa nos requisitos, a dinâmica para fazer aplicações sem intermediários é praticamente a mesma do Tesouro Direto brasileiro: abrir uma conta diretamente em um banco ou corretora com atuação no mercado americano e acessar o site oficial do Tesouro deles, o “Treasury Direct”.

Qual caminho mais viável então para o investidor pessoa física no Brasil?

A alternativa no caso é fazer aportes em fundos brasileiros que têm os tais treasuries no portfólio. Há também ETFs disponíveis na B3 que espelham o desempenho de índices que acompanham os rendimentos dos títulos do Tesouro americano.

Quais são os tipos de treasuries?

Existem quatro: os que protegem contra a inflação (tips), os prefixados com prazo de resgate até 1 ano (bills), os com prazo de vencimento de 2 a 10 anos com pagamento de juros semestrais (notes) e os com prazo de 10 a 30 anos também com pagamentos semestrais (bonds). Assim como aqui, os ativos podem ser vendidos antes do vencimento, estando sujeitos à marcação à mercado.

Por que ter títulos do Tesouro americano na carteira?

Os treasuries são considerados um dos ativos mais seguros do mundo porque quem garante o pagamento deles é o governo da maior e mais estável economia do mundo. “Além de ter a segurança de receber o capital investido, o investidor terá exposição a uma moeda forte”, afirma Alex Hirai, gestor de fundos de Crédito da Rio Bravo. “É uma forma de diversificar e proteger a carteira da volatilidade do câmbio”, acrescenta Victor Zucchi, especialista em renda fixa da Valor Investimentos.

É um investimento para todo mundo?

Pensando em equilibrar os níveis de risco do portfólio, os especialistas apontam que o investidor deve considerar reservar parte de sua carteira para alocação em ativos ligados aos treasuries. “Por ser um título de zero risco, é indicado para todos os perfis, dos moderados aos agressivos”, destaca Zucchi, da Valor. “A nossa sugestão tem sido a de ter de 5% a 6% em renda fixa americana, o que incluir títulos do Tesouro”, comenta.

Existe um momento adequado para comprar o ativo?

Ter exposição aos treasuries faz parte da estratégia de quem pretende dolarizar a carteira. Hirai, da Rio Bravo, lembra que em títulos de renda fixa prefixado o ideal é investir quando os juros estiverem no pico, enquanto os títulos pós-fixados ficam mais favoráveis em um cenário de subida de juros. “Estamos vivendo em um momento em que a inflação nos EUA não será passageira, fazendo com que o Fed seja mais duro em sua política monetária, elevando os juros em um ritmo mais rápido para tentar manter a inflação dentro da meta”, completa.