Quanto mais renda com dividendos, melhor? Não é bem assim

Tudo mais constante, quanto maior o rendimento de dividendos, melhor, certo?
Segundo o experiente especialista da indústria norte-americana de ações, Ben Reynolds, não é bem assim.
“Tudo mais constante parece não dar certo na vida real”, afirmou ele em relatório.
Fundador da consultoria Sure Dividend, Reynolds se especializou em fazer estudos para investidores com foco em proventos.
A consultoria avalia uma base de cerca de 900 ações nas bolsas de Nova York e tem entre seus clientes um público de aposentados.
Para o mercado americano, a Sure Dividend considera que divivend yield na casa de 4% já é um número atraente.
No Brasil, que tem um mercado mais volátil e taxas de juros maiores, os investidores costumam também ‘cobrar’ índices maiores.
Segundo a consultoria Elos Ayta, nos últimos 12 meses até fevereiro, a média ponderada de dividend yield das empresas que fazem parte do Índice de Dividendos (IDIV) da B3 foi de 9,89%.
O dado traz em destaque algumas das ações mais famosas da bolsa brasileira, caso de Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3).
Cuidado com subidas repentinas
Porém, uma renda com dividendos e juros sobre o capital próprio muito alta pode ser um sinal de alerta, diz Reynolds.
Isso é especialmente importante nos casos de mudança abrupta no percentual de proventos em relação à média histórica, ensina o especialista.
Em geral, isso pode ser reflexo de três fatores: menos perspectivas crescimento da empresa em maturação, uma receita extraordinária, ou queda muito abrupta das ações.
Em todos os casos, o investidor deve procurar entender melhor as implicações disso para o futuro.
Por exemplo, uma companhia elevando o nível de dividendos pode estar entrando num período de amadurecimento.
Ou seja: não tem expectativas de muito crescimento. Possivelmente por estar num setor consolidado, com poucos concorrentes.
Esse é o caso das empresas de telecomunicações ou de energia elétrica. Se não tiverem planos de investimentos robustos, a tendência é que distribuam a maior parte do lucro.
Logo, a tendência é de que terão um dividend yield maior.
“Mas se uma ação de consumo, de alta qualidade com perspectivas de crescimento decentes, tiver um rendimento de 6%, isso seria motivo para uma investigação mais aprofundada”, afirma Reynolds.
Entretanto, mesmo uma empresa que paga proventos generosos, e tem índices muito acima da sua média histórica, é motivo para uma análise mais aprofundada.
Ação barata e com dividendos altos? Cuidado!
O executivo lembra que o mercado de ações é composto por muitos investidores inteligentes em busca de pechinchas e títulos com preços incorretos.
Então, se um rendimento de dividendos muito alto e seguro surgir, muitos correrão a comprar a ação, aumentando assim o preço do papel e empurrando o rendimento de dividendos para baixo.
“Assim, se algo é bom demais para ser verdade, geralmente é”, resume ele.
Então, dividendos muito altos normalmente não duram no tempo. Por isso, se pretende investir num papel com base em um dividend yield do passado, melhor tomar cuidado.
Dessa forma, é mais seguro buscar papéis que mantenham uma história consistente de pagamento de proventos.
“Negócios de qualidade tendem a ser capazes de crescer em diferentes cenários econômicos”, conclui Reynolds.
As ações com maiores dividend yield da B3
Empresa | Ticker | Setor | Dividend yield em 12 meses (%) |
Syn Prop Tech | SYNE3 | Imóveis | 77,7 |
Marfrig | MRFG3 | Carnes e derivados | 29,5 |
Petrobras | PETR4 | Petróleo e gás | 19,35 |
Petrobras | PETR3 | Petróleo e gás | 19 |
Copasa | CSMG3 | Saneamento | 16,1 |
Cemig | CMIG4 | Energia elétrica | 14,4 |
JBS | JBSS3 | Carnes e derivados | 14 |
Direcional | DIRR3 | Incorporação | 13,4 |
CSN MIneração | CMIN3 | Mineração | 13 |
Lavvi | LAVV3 | Incorporação | 12,9 |
BR Partners | BRBI11 | Bancos | 11,7 |
Cury | CURY3 | Incorporação | 11,7 |
BB Seguridade | BBSE3 | Seguros | 11,3 |
Bradespar | BRAP4 | Mineração | 11,1 |
Even | EVEN3 | Incorporação | 10,85 |
Tegma | TGMA3 | Transporte rodoviário | 9,9 |
Itaúsa | ITSA4 | Holding | 9,85 |
Valid | VLID3 | Serviços financeiros | 9,45 |
Caixa Seguridade | CXSE3 | Seguros | 9,1 |
JHSF | JHSF3 | Incorporação | 8,64 |
Kepler Weber | KEPL3 | Máquinas industriais | 8,46 |
Taesa | TAEE11 | Energia elétrica | 8,3 |
Bradesco | BBDC3 | Bancos | 8,3 |
Marcopolo | POMO4 | Material rodoviário | 8,1 |
Bradesco | BBDC4 | Bancos | 8,1 |
Vale | VALE3 | Mineração | 8 |
CPFL Energia | CPFE3 | Energia elétrica | 8 |
CSN | CSNA3 | Siderurgia | 7,6 |
Banco do Brasil | BBAS3 | Bancos | 7,4 |
Mitre Realty | MTRE3 | Incorporação | 7,2 |
Santos Brasil | STBP3 | Amarazenagem | 6,9 |
Unipar | UNIP6 | Indústria química | 6,8 |
Banco ABC Brasil | ABCB4 | Bancos | 6,77 |
TIM | TIMS3 | Telecomunicações | 6,75 |
Engie Brasil | EGIE3 | Energia elétrica | 6,67 |
Banrisul | BRSR6 | Bancos | 6,66 |
BrasilAgro | AGRO3 | Agronegócio | 6,5 |
Metal Leve | LEVE3 | Automóveis | 6,48 |
Grendene | GRND3 | Calçados | 6,36 |
Sanepar | SAPR11 | Saneamento | 6,1 |
Klabin | KLBN11 | Papel e celulose | 6 |
Irani | RANI3 | Embalagens | 5,9 |
Santander Brasil | SANB11 | Bancos | 5,7 |
Ferbasa | FESA4 | Siderurgia | 5,7 |
Wilson Sons | PORT3 | Armazenagem | 5,3 |
Gerdau Metalúrgica | GOAU4 | Siderurgia | 4,6 |
Gerdau | GGBR4 | Siderurgia | 4,5 |
Fleury | FLRY3 | Saúde | 4,45 |
Telefônica Brasil | VIVT3 | Telecomunicações | 3,86 |
JSL | JSLG3 | Transporte | 3,48 |
Taurus | TASA4 | Armas | 2,15 |