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Onde estão as oportunidades no mercado de crédito?
Empresas citadas na reportagem:
Após um ano do episódio Americanas, que abalou o mercado, gestores de crédito voltam a mostrar otimismo, mas também cautela. No Smart Summit, que acontece nesta semana, no Rio de Janeiro, especialistas da Arx e da BNP Paribas compartilharam sua perspectiva para o setor, e mostram como investir no mercado de crédito.
Bernardo Teixeira, responsável pela área de relações com investidores da Arx, afirma que “o mercado de crédito privado cresceu e se desenvolveu muito desde 2018”. A gestora lançou sua estratégia nesse segmento no mesmo ano.
Segundo a Arx, que tem R$ 16 bilhões em fundos de crédito privado, as oportunidades estão, principalmente, no segundo e terceiro layer de risco de crédito, entre as emissões e empresas com nota AA e AA.
Onde investir hoje
Então, Teixeira afirma que para investir no mercado de crédito é preciso focar em “ativos com excelente risco de crédito que estejam negociando taxas não condizentes com seu risco de crédito”.
“Além disso, ainda olhamos para as empresas AAA [as mais bem avaliadas] em setores que não são regulados. Gostamos por exemplo do setor de saúde”, emenda. Neste segmento, ele cita uma emissão feita pela Hapvida, a CDI + 5,8% ao ano. “Isso, para uma empresa AAA, era inimaginável em 2022”.
Ainda segundo o especialista, desde os eventos de crédito do início do ano passado, houve um crescimento expressivo do spread sobre o CDI. Spread é o prêmio de risco que as empresas oferecem a seus credores sobre a taxa básica de juros.
O que é a retomada do crédito
Assim, a recuperação do mercado acontece de forma escalonada.
Após o entrave do mercado e um período de poucas negociações, ativos isentos, como CRIs, CRAs e debêntures incentivadas voltaram a atrair investidores.
Em seguida, as empresas mais bem avaliadas (AAA) conseguiram diminuir os prêmios de risco e voltaram a captar em ritmo muito similar ao histórico desde 2020, afirma Teixeira.
“Mas houve um descompasso grande, em que as empresas com rating AA e A não conseguiram voltar aos níveis anteriores e continuaram com spreads elevados. É aí que vemos mais oportunidades”, diz.
Logo, os investimentos do mercado de crédito devem seguir a tendência de estabilidade, acrescenta Teixeira. “Estamos otimistas e acreditamos que o ciclo para o mercado de crédito é muito bom.”
“As empresas já reduziram seus custos, estão desalavancando os balanços e voltaram a querer distribuir dividendos, e isso passa pelo pagamento dos encargos financeiros”, completa.
O que analisar para investir no mercado de crédito
Para Luciano Santos, então, gerente comercial do BNP Paribas Asset Management, é importante observar de forma abrangente o desempenho de cada papel e da companhia.
“Analisamos os investimentos no mercado de crédito num processo de longo prazo, olhando para o setor, a macroeconomia, o posicionamento da empresa e sua capacidade de financiamento. Analisamos a empresa e os problemas que ela pode vir a enfrentar.”
A gestora, que tem uma carteira de crédito privado de R$ 22 bilhões, vem buscando analisar a rentabilidade no formato “CDI +”, olhando para o spread de crédito pago, e não para a porcentagem do CDI que aquele papel oferece.
“A gente fica mais confortável com uma taxa de CDI + 1,5%, seja o CDI 12% ou 9%”, explica Santos.
O que a Americanas causou
Na visão de Bernardo Teixeira, da Arx, os problemas enfrentados pela Americanas em 2023 mostraram que os investimentos no mercado de crédito dependem da governança nas empresas. “Não basta olhar o balanço, precisamos estar próximos da direção das companhias”, afirmou.
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