Vale a pena investir em criptomoedas depois de um ano tão turbulento?

Preços andando de lado podem até ser alívio depois de um inverno rigoroso

 O caso da FTX foi um dos gatilhos para a queda nos preços das criptomoedas em 2022. (Foto: REUTERS/Dado Ruvic/Illustration)
O caso da FTX foi um dos gatilhos para a queda nos preços das criptomoedas em 2022. (Foto: REUTERS/Dado Ruvic/Illustration)

Quem investiu R$ 1 mil em bitcoin no ano passado entrou em 2023 com R$ 346,29 de saldo na corretora. Alta de juros, inflação galopante, golpes e julgamentos estiveram – mais uma vez – na pauta da criptosfera no ano passado. Agora em compasso de espera, investidores mapeiam o que fará preço no mercado em 2023 antes de investir em criptomoedas. 

Após fortes quedas com o “inverno cripto” no ano passado, especialistas esperam que as moedas andem de lado até o fim do primeiro semestre para, só então, apresentar melhora significativa.

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O pior já passou? 

Depois de qualquer grande queda é natural a procura pelo melhor momento de compra. Afinal, a regra é “comprar na baixa e vender na alta’. Para especialistas, a pior parte da tempestade já passou, mas a bonança ainda não chegou. 

“O histórico joga a favor, mostrando bear market após fortes quedas. Quando percebemos isso, olhamos para o bitcoin com bons olhos para o segundo semestre”, afirma André Franco, head de Research do Mercado Bitcoin. 

Ao mesmo tempo, Franco lembra que é preciso ter cautela “porque o preço já está bastante depreciado”. 

Pedro de Luca, head de cripto da Levante Investimentos, concorda que o pior já passou e também mostra otimismo moderado: “vejo as cotações terminando o ano um pouco melhor do que começaram”. 

É difícil competir com 2022 no quesito problemas no mercado de criptomoedas

Pedro de Luca, head de cripto da Levante Investimentos

FTX ainda pode impactar? 

E por falar em problemas… O caso da FTX foi um dos gatilhos para a queda nos preços das criptomoedas em 2022. O mercado não gostou do fato de uma das maiores exchanges do planeta ter quebrado tão rapidamente. 

Em 2023, os investidores ficarão de olho nas consequências das oito acusações contra Sam Bankman-Fried, fundador da falida corretora. 

Para quem quer investir em criptomoedas e está preocupado com o impacto da FTX nos preços, Franco diz que o episódio “já fez preço e o pior cenário possível, de falência, já aconteceu”. Portanto, não há motivos para ficar assustado com esse episódio, segundo ele. 

E olho no ether

A rede do ethereum, segunda maior criptomoeda do mundo, passou por uma atualização importante no ano passado, a Merge. Em 2023, outras atualizações serão feitas para aumentar a capacidade da rede de suportar transações e armazenar dados. 

Investidores aguardam a liberação de unidades de ETH trancadas após a atualização de novembro. Para Franco, “isso deve chamar atenção para o Ether e há o receio de que o ativo se deprecie (por causa do aumento de oferta), mas o projeto toma cuidado para não trazer impacto negativo, limitando a quantidade liberada diariamente”. 

Apesar da preocupação com o curto prazo, a atualização é tida como positivo no longo prazo e é um dos fatores que fará preço na criptomoeda. 

Joio e trigo

Toda classe de ativos tem os recomendados por especialistas, lastreados por bons fundamentos, e os que devem ser evitados por não terem fundamentos bem construídos que justifiquem um investimento.

No mundo cripto essa diferença fica ainda mais clara e investidores vão se tornando mais seletivos à medida que o mercado amadurece. 

Memecoins e esquemas de pirâmide disfarçados de jogos já ganharam espaço no mercado e especialistas ainda recomendam cautela, mesmo enxergando uma comunidade mais madura.

“Estamos mais maduros do que em 2018, mas ainda há uma parte focada em gerar valor para o cliente final e inovar e outra parcela que ainda tem um discurso vago de descentralização”, avalia André Franco. 

Segundo Franco, há projetos “que não deveriam ter valor algum e ainda ocupam o top 10”. Um dos projetos criticados por ele é a cardano, que “faz promessas que nunca se cumprem”. 

Por isso, é importante que o investidor estude os fundamentos dos ativos antes de investir em criptomoedas.

Assim, é possível diminuir os riscos de um mercado que já carrega, por melhor que seja o projeto, muita volatilidade. “O investidor que souber separar o joio do trigo consegue encontrar projetos que trazem lucidez ao mercado e colher muito lucro”, diz o especialista do MB.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


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